O deputado Sandoval Cardoso, eleito na oposição em 2010, pelo PMDB, é o sucessor de Siqueira Campos(PSDB) no governo, pouco mais de três anos depois de ter lançado seu nome à presidência da Casa contra o governo, apoiando em seguida a deputada Solange Duailibe num embate histórico.
O eleitor que entrasse numa máquina do tempo em janeiro de 2011, saído daquela eleição da Mesa Diretora em que Iderval Silva errou o voto e caísse de para-quedas na eleição indireta de ontem, domingo, 4 de maio de 2014, entenderia pouca coisa.
Veria a deputada Solange Duailibe, ex-primeira dama de Palmas, eleita pelo PT dizer: “meu voto é livre e democrático, voto Sandoval Cardoso”. Com a diferença que agora, ela e Sandoval são governo.
Ouviria o deputado Wanderley Barbosa, uma das vozes mais aguerridas do grupo do então prefeito Raul Filho(PT) dizer: “voto com Sandoval e contra uma oposição que faz protesto em interesse próprio”.
E escutaria Stálin Bucar, autor dos mais virulentos discursos de oposição que os anais da Assembléia Legislativa têm registro, declarar: “Senhor presidente, ouvidos todos os candidatos que aqui se pronunciaram, mais certeza eu tenho de que Sandoval Cardoso é o melhor para o Tocantins”.
Também estranharia o eleitor que tivesse um lapso de memória nestes três anos que se passaram, assistir os deputados Marcelo Lélis(PV) e Freire Jr.(PV) - este último que já foi líder da bancada do governo e secretario de Estado neste mandato – votando contra e pregando contra o grupo com o qual se elegeram em 2010.
Só os idiotas não mudam de opinião, diz o ditado popular. adaptando a frase de James Russel Lowel: "só os tolos e os mortos não mudam de opinião". Tudo bem. É compreensível.
O que o eleitor saído da máquina do tempo poderia se perguntar ontem, ao ver o palco das Indiretas armado, são os motivos.
O que levou cada um a mudar de posição? O que inverteu oposicionistas e governistas em três anos?
Esta é a resposta convincente que os deputados deverão levar às ruas, às casas, às rodas de eleitores daqui até 5 de outubro. Nesta data é que serão julgados pelas palavras e atitudes.
Um novo jeito de caminhar
Falando aos seus pares para pedir o voto já garantido lá atrás - desde que esta aliança foi firmada e sua eleição à presidência assegurada – Sandoval fez uma viagem pela sua própria história.
Desde o começo, vendo o pai plantar, até a eleição para o Sindicato Rural de Colinas, depois a eleição para deputado estadual e nas últimas eleições a maior votação para a Assembléia Legislativa.
Ao final seu recado: “na verdade não estou começando um novo caminho, apenas é novo meu jeito de caminhar”.
De fato. Sandoval herda o espólio de Siqueira, para o bem e para o mal. Algo desejado por correligionários antigos, que não tiveram esta chance e torceram o nariz nos últimos dias.
Nasce no cenário com 4,61% das intenções de voto ao governo e com fortes chances de ser candidato à reeleição. Terá a partir de hoje que fazer o enfrentamento das contas que não fecham. E sem reclamar do antecessor.
O que o futuro lhe reserva só o tempo dirá. De uma coisa no entanto não se pode duvidar: nasceu um novo líder, alçado ao posto de governador sem passar pelo crivo das urnas populares.
Incensado pelos colegas parlamentares, é o segundo governador/deputado que o Tocantins recebe pela via Indireta.
Vamos ver o que fará da herança.
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