Durante a audiência na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), que ouviu o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, a senadora defendeu que as escolas rurais sejam consideradas de ensino integral quando oferecerem seis horas diárias de aulas. Em geral, só são classificadas como integrais as escolas que oferecem atividades durante sete horas ou mais. “Se as crianças das áreas rurais tiverem que ficar sete, oito ou nove horas nas escolas, elas terão que se deslocar para suas casas no período da noite. Poderemos ter um efeito negativo se as crianças do interior forem submetidas a um horário extenso de aula e depois voltarem para suas casas à noite, com fome e comendo poeira nos ônibus”, afirmou a senadora Kátia Abreu.
A presidente da CNA defendeu, também, o aumento para R$ 1,60 do valor de repasse para a merenda escolar, contra os atuais R$ 0,90. Argumentou que tal medida garantiria a oferta de três refeições de qualidade aos alunos. A senadora Kátia Abreu sugeriu, ainda, a implantação de um programa de meritocracia que tenha como base a eficiência na gestão em diversas áreas. Contou que o governo do Tocantins está adotando um programa de meritocracia na extensão rural, modelo que já foi apresentado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). “Essa experiência precisa ser levada para outras áreas, como educação e saúde”, avaliou.
Outro tema abordado pela senadora Kátia Abreu na Comissão de Educação, Cultura e Esporte foi a Projeto Escola Viva, elaborado pela CNA e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). O projeto, desenvolvido atualmente na Escola Estadual Rural Brigadas Che Guevara, no município de Monte do Carmo, no Tocantins, permite que as famílias e a comunidade participem do dia-a-dia das unidades de ensino rurais. Cria a figura do professor de família e estabelece que as crianças fiquem uma semana na escola, em regime de internato, e uma semana em suas casas. Na semana em que o aluno fica em casa, o professor vai até as casas das crianças para levar e corrigir tarefas. “O município economiza com o transporte escolar, reduzindo os impactos nas contas das prefeituras. O Escola Viva valoriza, ainda, a convivência dos alunos com seus pais”, afirmou.
Para a presidente da CNA, a educação, no Brasil, precisa passar por uma “grande revolução” para que a maioria dos brasileiros possa usufruir das oportunidades que surgirão no futuro em função do crescimento do País. Mercadante, que foi ao Senado para expor os planos e diretrizes do ministério para os próximos anos, admitiu que há uma preocupação do Governo com a situação da educação no campo, onde, segundo ele, apenas 15% dos jovens estão no ensino médio. Alertou, ainda, que mais de 30 mil escolas no campo foram fechadas nos últimos anos. Para reverter essa situação, o governo vai estimular a construção de escolas rurais, que contarão com alojamentos para professores, estimular a formação especializada e apoiar o transporte, entre outras iniciativas. (Ascom)
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