Está no Youtube o registro da fala da Senadora Kátia Abreu(PSD), durante audiência pública que discutiu a implementação de critérios – que possam ir além simplesmente da eleição – para indicação de diretores de escolas em todo Brasil.
É de uma sinceridade estrondosa as declarações, das quais destaco alguns trechos para ao final comentar.
“Aqui está dizendo” – disse Kátia, apontando relatório do MEC – “que o Tocantins é seleção (o critério para ocupação de vagas de diretores de escola). Não é não. Lá é QI mesmo: Quem Indica. Inclusive tem indicações minhas”.
“O político é pressionado a indicar, por que se ele não indica é um sinal de desprestígio. Eu não quero fazer isto mais. Eu não vou fazer isto mais”, assumiu a senadora. E disse mais sobre a prática política no Estado (que é comum por todo o Brasil, e não só no interior): “o prefeito assume e acha que o diretor é do prefeito anterior”. E aí, concluiu o pensamento, o político ao qual o prefeito é ligado, é “pressionado” a fazer a indicação e a defesa da troca.
O que Kátia Abreu disse não é nenhuma novidade. Mas nunca foi escancarado desta forma.
A senadora seguiu defendendo a meritocracia - critérios que definam condições até para que o postulante ao cargo de diretor seja votado – inclusive algum preparo para fazer gestão.
“Mais de 40% na indicação, que só Deus sabe como foi feita, não dá. Vamos rezar para que ao menos sejam pessoas preparadas, mas nós Senadores temos a obrigação de garantir para a Nação que existam regras e que elas sejam cumpridas”, defendeu Kátia Abreu.
A audiência pública para debater o tema aconteceu nesta quarta-feira, 14, na Comissão de Educação e Cultura do Senado, provocada pela própria senadora tocantinense.
As defesas que Kátia fez foram claras: que as escolas públicas exibam placa na entrada informando aos pais qual classificação obteve nos índices de avaliação do MEC; e que seja normatizado em todo País o acesso ao cargo de diretor de escola pública.
A princípio, acredito que muitos concordem com ela. A discussão maior deve ser para chegar a um consenso sobre estes critérios de escolha.
Mas não é de se estranhar que haja resistência, política, mais do que popular para as duas medidas.
Por parte das escolas não tão bem avaliadas, a placa pode soar pejorativa, mas é uma informação importante para os pais de alunos na hora de fazer a escolha possível por uma escola.
Por parte dos políticos, acostumados a indicar tudo, inclusive diretores, pode-se também esperar resistência.
Vale a pergunta para os parlamentares tocantinenses: quem é a favor da implantação de regras para a escolha de diretores? Quem fez indicações? Quantas? Quais? Onde estão os diretores indicados por parlamentares?
Perguntas que não querem calar e que têm muito a ver com qualidade: de gestão e de ensino nas escolas.
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