No Sudeste, o Tocantins continua com sede

Lançado por Siqueira Campos em 2012, o programa "Tocantins Sem Sede" não saiu do papel. O tocantinense do Sudeste continua sofrendo com a estiagem

Cisternas continuam nos depósitos
Descrição: Cisternas continuam nos depósitos Crédito: Márcio Vieira/ATN

Viajando pelo Sudeste do Tocantins semana passada, em direção a Aurora e o Azuis, me deparei com a realidade que virou pauta no Portal ontem, quarta-feira, 15, questionando a demora na instalação das cacimbas anunciadas por Siqueira em 2012, e que vi em Natividade, no mês de agosto do ano passado, em cima de um caminhão, partindo rumo às casas pobres e sem água das cidades mais distantes daquela região.

 

Naquele dia em Natividade ouvi muitos discursos bonitos. O governador de então, Siqueira Campos, lançava um programa emergencial para distribuição de mil tambores de água, que posteriormente seriam abastecidos durante todo o período de estiagem por caminhões pipa.

 

O sofrimento do Sudeste acompanho de perto desde que assessorei Anízio Pedreira, o homem das boas idéias na área de Recursos Hídricos, que foi secretario de Marcelo Miranda até 2009.

 

Na pasta dos Recursos Hídricos descobri o que é aquífero, montante, vazante e outros termos mais. Mas principalmente, descobri o drama do Sudeste a cada ano mais seco, no que aqui só podemos chamar de estiagem. É chuva demais num período do ano e secura absoluta no outro. O solo, não segura água. As barragens, são insuficientes.

 

Me animei em Natividade naquele agosto ao ouvir Siqueira, Galdino, Eduardo. Todos entusiasmados com o programa que viria: Tocantins Sem Sede.

 

Com fé ele ainda virá.

 

Mas o que vi na ida e na volta pelo Sudeste semana passada e nesta foram cacimbas vazias. Secas. A maioria das que estão entregues nos barracos de adobe ou não às margens das rodovias, estão por instalar. Poucas, bem poucas estão debaixo da cobertura que vai escoar a água da chuva para ser armazenada e utilizada no verão. Tórrido verão tocantinense.

 

E o tocantinense do Sudeste continua passando aperto com a falta de água, ou a pouca água. Condições precárias para gente e animais sobreviverem no auge do Outubro em que não chove ainda.

 

E onde estão as cisternas? Mais da metade, nos depósitos, por entregar. E onde está a água? Em algum lugar longe dali, nos rios que ainda correm.

 

O fato, meus amigos, é que o Tocantins não tem política eficaz de combate ao problema da estiagem no Sudeste. E o Tocantins Sem Sede está atrasado demais.

 

O fato é que seja por conta da burocracia, da falta de atitude, ou de dinheiro, o sofrimento das pessoas segue no Sudeste.

 

Pode ser que a ATS consiga prorrogar por mais um ano o programa federal que trouxe as cacimbas ao Tocantins. Pode ser que o próximo governo resolva esta parte do problema.

 

Por hora, o que estamos assistindo é uma lentidão de dar pena, no que deveria ser ágil por parte do governo.

 

O Sudeste segue com sede de solução para este problema. E o governo conta com recursos a menos para resolvê-los desde que extinguiu o Fundo Estadual de Recursos Hídricos, transferiu o dinheiro para a conta da fonte 00 e nunca mais soubemos onde ele foi parar.

 

Falta de água é uma questão de vida, de saúde. Deveria ser prioridade. Por hora, bem se vê que aqui, ainda não é.

 

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