No vácuo, Marcelo Lélis também busca seu espaço...

Amigos, as eleições deste ano prometem ser atípicas quanto mais se observa de perto as dificuldades que nomes consolidados possam ter em estabelecer candidaturas. Ou em fazê-las prosperar.

Marcelo Lélis começa corrida para governador
Descrição: Marcelo Lélis começa corrida para governador Crédito: Arquivo T1 Notícias

Em pleno começo de fevereiro o que mais existem são possibilidades, já que há de fato, um vácuo a ser preenchido numa eleição em que tudo pode acontecer no Tocantins.

 

É neste cenário, que políticos jovens e nomes inexperientes na política estão articulando seus projetos e lançando seus nomes em busca de crescimento, e da tão sonhada consolidação que até agora só se viu nas famílias Siqueira e Miranda, quando se fala em Executivo Estadual. A exceção foi Moisés Avelino, na sucessão dos dois sobrenomes mais poderosos da política local.

 

Marcelo Lélis, do PV, colocou seu nome ontem, quinta-feira, em entrevista coletiva, para a disputa pelo governo do Estado.

 

Falei com ele por telefone após a coletiva: é séria sua postulação. Não se trata de um balão de ensaio, ou de uma estratégia de negociação futura de apoio para chapa proporcional, como alguns tentaram dar conotação nas redes sociais, a mando dos patrões.

 

Marcelo e Mário Lúcio

 

Escrevi aqui esta semana sobre a postulação de Mário Lúcio Avelar, o novo do novo. Em nível nacional, a Rede de Marina Silva anda muito próxima do PV de Fernando Gabeira.

 

Nos bastidores, Marcelo e Mário Lúcio já conversam. Uma dobradinha dos dois é uma possibilidade que assusta as correntes mais tradicionais, pelo potencial de votos que pode alcançar.

 

Marcelo conversa também com Ataides e o Prós. A questão é que por hora, todos são pré-candidatos ao mesmo cargo: governador.

 

O normal, no entanto é que esse quadro se afunile lá por maio e quem esteja em melhores condições se sobreponha.

 

Numa conversa de bastidores nesta sexta-feira ouvi que Ataídes Oliveira pode ser a pedra de sustentação para a terceira via. Não necessariamente como candidato, embora esteja articulando forte neste sentido, inclusive prometendo novidades para a próxima semana.

 

Marcelo Lélis, por sua vez, tem no PV uma militância arejada e esperançosa que abraçou sua pré-candidatura ao governo. Mais conhecido na capital que no interior, rodou o Estado em 2013 com o PV na Estrada, fortalecendo estas mesmas bases. Ganhou o reforço do experiente deputado Freire Jr., que já foi deputado federal e postulará de novo a vaga.

 

“Vou percorrer os 139 municípios novamente”, anunciou. E vai atrás justamente de preencher o vácuo que as diversas interrogações provocam, na incerteza de quem poderá postular as eleições este ano.

 

Entre os governistas, cresce a cada dia os rumores de que o candidato será mesmo o governador, à reeleição. Isso baseado nas pedras que há no meio do caminho da pretensão de Eduardo Siqueira Campos, jurídicas e político-administrativas.

 

Entre os oposicionistas há dúvidas de que o Tribunal de Justiça derrubará a rejeição de contas de Marcelo e Gaguim, por mais que sejam evidentes os erros ocorridos no trâmite e votação da matéria. Este é o impedimento que restaria para derrubar a inelegibilidade de Miranda.

 

Um processo à espera

 

 

Processos, aliás, são um capítulo a parte. Pouca gente duvida que se tornaram objeto de barganha, tamanhas as “coincidências” que se observa ao comparar resultados de demandas -  especialmente eleitorais -  com mudanças de posição de figuras expressivas da política tocantinense.

 

Ontem por exemplo, quinta-feira, depois de um dia de grandes articulações, o prefeito Carlos Amastha posou para uma foto ao lado do governador Siqueira Campos, minimizando suas diferenças em torno da MetroPalmas.

 

Isso depois de intenso tiroteio há uma semana, em que o prefeito ameaçou o governo com uma Adin e o governador devolveu classificando o prefeito como um poço de vaidade (“tem que parar de colocar o eu, eu, eu na frente de tudo).

 

A coincidência: no mesmo dia em que o TJ negou liminar às ações movidas pelo PSD e PV contra o aumento do IPTU.

Fecha parênteses...

 

Marcelo Lélis pode ser uma alternativa. Não sozinho, é evidente. Mas somado a outros com perfil parecido. Mas, no meio do caminho há uma ação com setença em primeira instância, de inelegibilidade. Que repousa em berço esplêndido nas mãos do Juiz João Olyntho, aguardando julgamento.

 

Uma coisa assim é daquele tipo que faz o candidato sangrar na praça todos os dias servindo de argumento para os adversários alegarem milhões de possibilidades.

 

Como se vê, este é o Tocantins que nós temos: complicadinho, ainda mais por sua teia de tramas e relações. Me lembra uma frase que ouvi de Fernando Rocha Lima uma vez. Eu era repórter do Jornal do Tocantins, nos idos dos anos 90 e ele diretor da empresa no Estado. “A gente tem que tomar cuidado com matérias de denúncias, por que as instituições no Tocantins ainda são muito frágeis”, ele dizia.

 

Quase vinte anos depois, pouca coisa mudou. E só o que muda isso, parafraseando Mário Lúcio Avelar, é a política. Feliz, ou infelizmente.

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