Nos bastidores do novo governo, os desafios da primeira semana

Convivendo com o desgaste do parcelamento dos salários atrasados de dezembro, o novo governo tenta decifrar o que o período de transição maquiou e chegar ao verdadeiro cenário financeiro do Estado

Secretariado busca respostas para o caos financeir
Descrição: Secretariado busca respostas para o caos financeir Crédito: Secom

Um leitor do portal, que nos acompanha na página do Facebook pediu que investiguemos os motivos que levaram o  funcionalismo a ficar sem receber o salario de dezembro, que normalmente é pago no final do exercício, dia 31.

 

Quando se trata de fim de governo então, a lei é clara: o gestor que está saindo deve deixar as despesas zeradas para que o seu sucessor assuma a partir do dia 1o receitas, despesas e responsabilidades.

 

Como se viu, não foi o que aconteceu neste final de dezembro no Tocantins. Como eu já dizia aqui em outra oportunidade: Gaguim fez melhor que Sandoval, Bem melhor. Embora tivesse os últimos pagamentos estornados a pedido do governador eleito de então.

 

A diferença básica: pagamento de servidores estava em dia, verbas constitucionais transferidas aos outros poderes e o governador escolhia entre companheiros que fornecedores ia pagar.

 

Um pouco de memória é bom na hora de comparar. Parece que a maior diferença é que Gaguim tornou-se governador na via indireta por seus próprios méritos, era o dono da sua caneta. O que não se pode dizer de Sandoval.

 

Perguntas ainda a procura de respostas

 

A equipe de Marcelo Miranda, que está nesta quarta-feira, no sexto dia de governo, terceiro dia útil da semana, parece buscar ainda as respostas que a população quer ver respondidas.

 

E a impressão que dá é que não houve transição de fato, mas “de verdadinha”, como diz meu filho de 3 anos e meio quando quer definir uma meia verdade, quase mentira.

 

A realidade maquiada vai se revelando aos poucos. Quantos servidores comissionados o Estado tem? Qual será a redução real quando entre exonerados e nomeados, o governo trocar quase todos?

 

São perguntas ainda sem resposta.

 

Quantas e quais empresas foram pagas em novembro ainda, para que chegássemos a dezembro sem o dinheiro dos demais poderes, e sem os recursos suficientes para a folha. Quanto receberam os fornecedores escolhidos pelo governo que deixou o Araguaia, ao longo dos últimos meses? Onde e quando começou o desequilíbrio nas contas?

 

O que se sabe nos bastidores é que em agosto o governo já começava a dar fundo neste fosso, utilizando os recursos poupados para o pagamento do 13o salário, para suprir outras contas. Assim como usou dinheiro do Igeprev para acudir o PlanSaúde. Estas e outras loucuras que fez amparado na maioria que obteve na Assembléia a custa de muitos expedientes. Alguns bem pouco republicanos.

 

Foram muitas impropriedades, já que as improbidades teremos que esperar sabe-se lá quantos anos para ver apuradas – haja visto que só agora o MPE consegue alcançar em suas ações, erros cometidos em governos anteriores prestes a prescrever.

 

Salários baixos espantam bons gestores

 

Além da dificuldade de chegar e juntar todos os dados, o governo Marcelo Miranda já começa a enfrentar dificuldades em encontrar gente qualificada, de confiança, disposta a ganhar o que se pretende pagar.

 

Os salários foram achatados a ponto de que vale mais a pena ser de diretor a secretario na prefeitura de Palmas, do que no governo do Estado. Pagando R$ 4 mil para gerente, R$ 9 mil para superintendente, R$ 13 mil e 500 para secretário, o governo aumenta dois riscos: o de ter gente pouco qualificada, ou o de escalar os “mais espertos”, que topam ganhar pouco de olho nas possibilidades que o cargo dá para “faturar por fora”. Uma pena. Áreas estratégicas necessitam de profissionais bem pagos.

 

Fazendo estes estudos de custos e impactos desde que ganhou as eleições, através de uma consultoria contratada em Goiânia, o governador terá que fazer ajustes na sua MP 01 para recompor estruturas que ficaram muito apequenadas. Assim como poderá determinar cortes em outras áreas.

 

Só na Comunicação, segundo fui informada ontem, eram 400 funcionários (Incluindo ATN, Secom e Redesat).

 

Outro cuidado que Miranda vai precisar ter é em não repetir erros do passado. Não escalar para postos chave, gente envolvida em denúncias de corrupção nos governos anteriores, inclusive no seu. E não escalar adversários para funções de confiança, porque esta é a maior injustiça que se comete contra companheiros.

 

O que se espera de fato, é que a máquina administrativa seja ajustada com a maior agilidade. Que o cenário real da situação administrativa e financeira do Estado seja exposto e passado a limpo. Para que se possa virar a página rapidamente dos malfeitos passados. E escrever uma nova história.

 

 

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