Cresce nos bastidores este final de semana a tensão em torno da chapa proporcional a Câmara dos Deputados, encabeçada pelo PMDB, com PV, PT e PSD.
A pressão é grande para tentar forçar a saída de Dulce Miranda da disputa, sob a alegação de que ela atrapalha os demais concorrentes por ser esposa do candidato a governador Marcelo Miranda, o que a beneficiaria de forma desproporcional.
O porta-voz da insatisfação tem sido o deputado federal Osvaldo Reis(PMDB), que recolheu-se em sua fazenda no final de semana, após uma conversa com Carlos Gaguim, ex-governador e também candidato a federal.
Os dois são muito próximos. Gaguim apoiou Reis na disputa pela direção do PMDB contra o grupo de Miranda, quando era governador. O que corre nos bastidores é que o deputado pode anunciar desistência da disputa nos próximos dias e anunciar apoio a Gaguim, passando a coordenar sua campanha no Bico do Papagaio.
Após perder a esposa, o patrimônio do deputado ainda está em grande parte indisponível, devido ao inventário, o que dificultaria seu acesso a recursos próprios que possam lhe dar melhores condições na disputa.
Fazendo coro a Reis, embora mais discreta, a deputada Josi Nunes, uma das mais fortes candidatas a federal, também engrossa o discurso dos insatisfeitos. Nos bastidores, Josi também ameaça retirar candidatura, embora pessoas próximas à deputada não acreditem que isso ocorrerá.
Conta errada
Repetindo o cenário de 2010, com os grupos em papéis invertidos, a base governista caminha para eleger cinco deputados federais. Uma votação que historicamente está demonstrado, independe da majoritária. Na oposição, a proporção esperada é de três candidatos a federal eleitos.
Entram na disputa com vantagem por controlarem estruturas de gabinete, emendas e sustentação das bases os que já tem mandato: Osvaldo Reis e Irajá Abreu.
Na coligação, mas com posição política dúbia e bastante desgastado, está também o deputado federal Júnior Coimbra, que ninguém sabe até que ponto fará campanha para valer.
Dulce Miranda, por sua vez, lidera as intenções de voto no grupo por encarnar como ninguém o sentimento de gratidão e companheirismo daqueles que atendeu durante os seis anos e meio de mandato do marido.
Seus votos, conquistados como fruto de uma relação duradoura e emocional com o eleitor, não podem ser transferidos. É aí que está o erro de avaliação de seus companheiros de chapa.
Disputando, Dulce Miranda arrasta para chapa uma votação que nem de longe estará garantida com ela fora do processo. É aí que mora o perigo para a chapa de proporcionais da oposição.
A amigos, o deputado Irajá Abreu, tem confidenciado que nas consultas internas e na radiografia dos diretórios e apoios de prefeitos e vereadores, ninguém, além de Dulce, tem posição definida. “Está difícil para todo mundo”, tem afirmado o presidente do PSD, que já não sofre a mesma resistência.
Em conversas de bastidores o próprio Reis tem dito que não contesta a presença de Irajá na chapa – “ele tem mandato e tem um partido”- mas teme que a disputa fique desigual diante de Dulce.
Para fazer três deputados, a coligação precisa atingir a marca dos 300 mil votos para todos os seus candidatos. Para atingir esta meta sem a mulher de Marcelo Miranda, ficariam no páreo dos nomes mais conhecidos e de peso, o próprio Reis, Josi, Gaguim, Coimbra, Freitas do PT, Freire Jr. e Irajá.
Está evidente que é uma meta que beira o impraticável sem ela. É isto que os principais articuladores do grupo têm a missão de fazer a chapa compreender até terça-feira: com Dulce a probabilidade são três. Sem ela, os governistas fazem mais um. E no final, isso é bom para quem?
Comentários (0)