O desmonte do secretariado e a teoria de Eduardo governador, via indireta

Idéia de pedir aos secretários que entregassem seus cargos passou imagem de esvaziamento do governo e deu gás às teorias da conspiração, incluindo Eduardo governador pela via indireta

Secretários deixam cargos à disposição
Descrição: Secretários deixam cargos à disposição Crédito: Lia Mara/Secom

O governo só pode estar de brincadeira com o movimento de pedir cartas aos secretários onde colocaram os cargos à disposição na última quarta-feira, 8.

 

Uma brincadeira de mau gosto, se analisado o resultado disso na cabeça do cidadão eleitor que pouco entende ou acompanha da política estadual, lá na ponta do processo eleitoral, nas cidades do interior tocantinense. E tenta entender o que sai na imprensa.

 

O que significaria 33 cargos à disposição, se na prática, sabe-se: o governo não tem 33 secretários candidatos. Nem a menor intenção de substituir todo o primeiro escalão.

 

A mini reforma que se prepara nos bastidores virá – de um lado - para resolver problemas de imagem do governo, em pleno ano eleitoral. De outro, como argumento para substituir gente ruim de serviço. E finalmente para abrir espaço para os novos aliados do projeto que visa eleger Eduardo Siqueira Campos.

 

Finalmente, não porque este seja o último dos motivos. Na verdade é o principal.

 

A saída do super-secretário não esvaziou seu poder, como alguns ingenuamente chegam a postar nas redes sociais. 

 

Deixando o governo, Eduardo sinalizou que outros o façam. E saiu do foco da justiça eleitoral, já que nos últimos meses vem despertando as atenções por ser a face exposta do governo em inaugurações e lançamentos de obras, embora declaradamente pré-candidato, há meses.

 

Convidados a entregar exoneração

 

No interior se diz “idéia de jirico” para uma coisa muito mal pensada. É o que se pode dizer dessa operação desmonte do secretariado do governo. Passa a impressão de esvaziamento. De fragilidade para o governador. Imagine: um secretario, por mais poderoso que seja sai e todos os outros colocam o cargo à disposição?

 

Não se sabe de quem foi a brilhante idéia, mas coube ao ex-secretário de Comunicação, Arrhenius Naves a sua execução. Ligou para um a um. Houve secretário que recebeu o telefonema pedindo a entrega do cargo, dentro do Palácio, na Casa Civil. Acompanhado da recomendação: “pode entregar o ofício para a Jaíza mesmo”. Esta, uma das primeiras, ao lado de Cristiano Machado e do próprio Arrhenius a colocar o cargo à disposição. Depois veio o teatro na sala do governador, reunião chamada às pressas no fim do dia para finalmente receber as cartas. Dada a dimensão que a coisa tomou.

 

Ouvi ontem no programa do Marcão, no rádio, uma frase que sintetiza a falta de propósito da palhaçada: “todos os cargos estão à disposição do governador. É ele quem nomeia e é ele quem demite”. Justo. O raciocínio expõe a “presepada” total.

 

Novos aliados e teoria da conspiração

 

Hoje, ou nas próximas horas, caberá ao governador dizer que não aceita as demissões. E que os candidatos devem se desincompatibilizar em março.

 

No geral, a maioria permanecerá nas suas cadeiras. Exceção para as pastas que precisam ser entregues a novos aliados, ou onde a pré-campanha começou fortemente.

 

O governo se elegeu com apertada margem de 7 mil votos contando com dois apoios fundamentais: o de João Ribeiro, falecido mês passado e o de Kátia Abreu, que abandonou o barco. Outros não estão mais no comboio Siqueirista, como o ex-governador Moisés Avelino, o senador Ataídes Oliveira, o advogado João Costa, ou o deputado Marcelo Lélis. Cada um deu sua cota de participação. Sem qualquer um deles, concorrendo na oposição, Siqueira possivelmente não teria sido governador pela quarta vez.

 

O esvaziamento com relação ao grupo de 2010, precisa ser reposto, no voto e nas referências. A saída tem sido captar prefeitos. E líderes. Este novo grupo vai precisar da sinalização de poder já, no quarto e último ano do mandato de Siqueira.

 

Enquanto o governo brinca de sai, não sai, na rua as teorias da conspiração prosperam.

 

A mais forte delas é que Siqueira esvazia o secretariado para que o próximo governador nomeie o seu staff. Ele seria Sandoval Cardoso, pelo tempo suficiente para chamar uma eleição indireta. Esta, por sua vez elegeria.... Eduardo Siqueira, para o mandato tampão do pai. E candidatíssimo à reeleição. Juridicamente um caminho arriscado.

 

A operação lembra o governo tampão de Carlos Gaguim, quando os deputados, donos dos votos, nomearam seus secretários.

 

Para uns soa golpe. Para outros uma arriscada tentativa de definir metade do jogo antes da hora.

 

Minha Opinião? Tudo é possível num momento em que o governo brinca de faz de conta. Se a história se repetirá no Tocantins num tão curto intervalo de tempo, os próximos acontecimentos dirão.

 

Por hora a manobra só esvazia lamentavelmente o que restou daquele Siqueira que fez, Siqueira que faz.

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