O dia seguinte de uma eleição: tomara que o Tocantins tenha mais sorte desta vez

Amigos, terminou ontem, com vitória em primeiro turno para Marcelo Miranda(PMDB), a disputa pelo governo do Tocantins. Uma disputa apertada para o Senado e a renovação de 50% da Assembléia marcaram

Diaa seguinte: recolher o lixo e renovar esperança
Descrição: Diaa seguinte: recolher o lixo e renovar esperança Crédito: Bonifácio/T1Notícias

A vitória do ex-governador, sobre todas as dificuldades e imprevistos ocorridos em sua campanha, já era vislumbrada nas ruas conforme antecipamos ao assistir seu último comício em Taquaralto na quarta-feira passada.

 

Marcelo se transformou num ícone da resistência, numa vítima do poder de Siqueira sobre as instituições, num exilado do processo político por força de um Rced que o tirou do mandato no final de 2009. O povo quis resgatá-lo, e o resgatou. Passando por cima de qualquer argumento ou evidência contrária.

 

Sandoval Cardoso, por sua vez, cresceu no final. A reação da sua militância também foi identificada nas ruas. A esperança da virada que não aconteceu. Cardoso sucumbiu a tudo que representava, esta é a realidade. Seu grupo trabalha agora com outra expectativa: a de derrubar na justiça o resultado das urnas. Uma Aije foi protocolada para tentar cassar Marcelo Miranda e Cláudia Lélis, antes mesmo dos dois serem eleitos no domingo.

 

Cenas do próximo capítulo...

 

O dia seguinte a uma eleição que fecha uma campanha turbulenta, agressiva e de baixo nível, principalmente na reta final tem o gosto da ressaca moral para quem pregou a divisão entre o bem e o mal na política e perdeu. Na lógica destes, o povo não sabe votar, não soube escolher, errou.  Quem estaria mais errado neste julgamento?

 

A apertada disputa pelo Senado

 

A maior surpresa que este domingo trouxe, foi sem dúvida a disputa apertada entre Eduardo Gomes e Kátia Abreu, que não estava prevista em nenhum script.

 

Atacada nos últimos 15 dias como antecipamos que seria, pelos dois oponentes, a senadora não respondeu ao material que foi exibido sistematicamente em pequenas pílulas na programação de TV.

 

O número de indecisos e de pessoas que preferiam não manifestar o voto ao Senado já chamava a atenção na pesquisa que fizemos no final de agosto. Apurado o resultado, um surpreendente número de 19% do eleitorado absteve-se de votar. Dos que votaram, 9,93% anularam o voto e 5, 53% votaram em branco.

 

Nos bastidores na última semana já circulavam os rumores da operação reta final preparada por Gomes para apertar no resultado. Cerca de 800 vereadores em todo o Estado foram convidados a ingressar a rede de captação de votos de Gomes na reta final. Pode estar aí boa parte da explicação de por que, para o Senado, o resultado foi tão imprevisível.

 

Renovação na Assembléia privilegiou quem teve estrutura

 

O resultado da eleição para a Assembléia Legislativa do Estado privilegiou por outro lado, mesmo na eleição dos novos, os que tinham maior estrutura. Seja ela política (capilaridade na captação de apoios e votos) ou financeira.

 

Sem poder ser considerados completamente novos, suplentes como Ricardo Ayres , Jorge Frederico e Elenil da Penha, garantiram passaporte permanente para os próximos quatro anos.

 

Na leva dos novos, o governo atual elegeu Olyntho Neto, que foi secretário de Juventude, é militante do PSDB Nacional, e tinha as duas estruturas para buscar eleição (voto e dinheiro).

 

Elegeu Valderez Castelo Branco, que foi prefeita de Araguaína, Eduardo Siqueira Campos, que tem larga vida pública e mandatos, ex-prefeitos como Nilton Franco, Júnior Evangelista e Rocha Miranda.

 

A Assembléia Legislativa terá também a verve afiada de Paulo Mourão, com experiência longa na vida pública, vereadores como Valdemar Jr e Cleiton Cardoso, da capital.

 

Se despedem do mandato por perder as eleições políticos tradicionais como José Augusto Pugliese , Solange Duailibe, Stálin Bucar, Carlão da Saneatins.

 

Deixam a Assembléia também os que buscaram outros mandatos e não conseguiram, como Freire Jr. e Sargento Aragão, Marcelo Lélis que teve registro indeferido, e Josi Nunes que se elegeu federal.

 

O desafio de não se desconectar do povo

 

A nova legislatura na Assembléia, assim como a nova bancada federal, entre reeleitos e novos eleitos começará a exercer seus mandatos com um desafio grande: o de não se desconectar das ruas, das bases que os elegeram.

 

Para uns isso se resume a atender prefeitos, aprovar requerimentos, acompanhar execução de obras. Um “arroz com feijão”  insosso, e que se mostra cada vez mais insuficiente para saciar a fome que o eleitor e que o cidadão têm em serem reconhecidos, não só na hora do voto, mas principalmente depois.

 

Esta desconexão é que tem feito tanto mal à política e à imagem dos políticos. Muitos consideram que a troca de favores sustenta o mandato. Principalmente o que se oferece ao eleitor durante a campanha. É este espírito que corrói a boa política e alimenta práticas arcaicas e que nada têm a ver com representatividade.

 

Muitos estão começando agora, outros exercerão seus últimos mandatos. A roda da vida pública também gira, mas só manterá no poder os que se aperfeiçoarem não só em conquista-lo, mas em exercê-lo bem.

 

Tomara que o Tocantins tenha mais sorte com seus eleitos desta vez.

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