O dilema de Marcelo Miranda: o divisor de águas no caminho das oposições

Líderes de oposição começam a discutir necessidade de que Marcelo Miranda defina sua postura nas próximas eleições a tempo de permitir uma grande aliança. Posse no Senado é considerada crucial...

Marcelo Miranda: peça chave no processo eleitoral
Descrição: Marcelo Miranda: peça chave no processo eleitoral Crédito: T1 Notícias

Cresce nos bastidores, entre os principais líderes da oposição, um sentimento de que sem tomar posse no Senado, a manutenção do nome de Marcelo Miranda como candidato ao governo pelo PMDB pode ser um fator de esfacelamento das oposições.

 

Como a maioria deles mantém com o ex-governador uma relação de amizade e até de companheirismo em alguns casos, há um certo melindre em falar do assunto com o próprio Marcelo. Mas nos círculos de discussão entre interlocutores dos principais partidos de oposição, a proximidade da data limite das convenções tem contribuído para a difusão deste pensamento.

 

O raciocínio é simples. Com a posse no Senado, a situação de elegibilidade de Marcelo Miranda fica clareada por um tribunal superior. Caso isso não ocorra, prevalecerá posicionamento do TRE, que tem elementos para considerá-lo inelegível ( está em vigor a decisão de cassação do seu mandato, que joga sua inelegibilidade até o final do mês de setembro).

 

Assim, Miranda estará elegível às vésperas do pleito, mas impedido na data de registro de candidatura, raciocinam até seus aliados. E verdade seja dita, uma candidatura com base em liminar, não inspira segurança em ninguém.

 

Uma decisão séria como a de candidatura a governo, defendem alguns, deve ser tomada com base em uma  pesquisa séria que aponte quem reune as melhores condiçòes. O tema requer uma “conversa de gente grande”.

 

É para esta conversa que Marcelo deve ser chamado nos próximos dias.

 

As alternativas a Miranda

 

Além dele, querem disputar o governo e trabalham para isto alguns nomes.

 

O deputado Marcelo Lélis, está bem avaliado não só na capital mas nas cidades de médio porte onde a internet chega e por onde ele andou com seu PV na estrada e com o Alternativa de Mudança. Lelis é hoje quem mais cresceu no sentido de representar um sentimento de mudança. Quem sabe pela sua história com a União do Tocantins e o recente rompimento, fora de ano eleitoral, logo após a disputa em Palmas.

 

Talvez por isso seja alvo fácil da tropa governista, que promete lhe criar problemas amanhã, no TRE, em votação de recurso de Lelis contra decisão de Faccione.

 

O PT por sua vez vem com o nome de Paulo Mourão. Político experiente, com capacidade administrativa já testada no executivo, em Porto Nacional, Mourão vinha sendo lembrado nos últimos dias como uma opção a vice de Miranda. Ou a Senado, caso Kátia Abreu se colocasse como candidata a governadora. A senadora descartou a hipótese.  A dúvida é se o perfil de Mourão, é o que melhor se encaixa no anseio pela mudança.

 

Na oposição também, embora novo no cenário e pouco conhecido, está o Senador Ataídes Oliveira. Com caixa próprio para fazer campanha, advindo dos recursos que consolidou em décadas de trabalho fora do serviço público ele também tem perfil de gestor de sucesso. Só que na iniciativa privada. Seus percentuais nas pesquisas de intenção de voto no entanto são baixos. Muita coisa teria que acontecer em pouco tempo para viabilizá-lo.

 

E ainda está no cenário Mário Lúcio Avelar. Um perfil muito à esquerda e que se mantém fora deste círculo de discussões.

 

Juntar num só palanque todas estas forças de oposição seria repetir o que constrói o governo, e condenar o processo eleitoral a um caráter plebiscitário. Coisa que qualquer qualitativa pode revelar como danoso.

 

A experiência de Palmas mostrou que muitos partidos juntos num só palanque provocam no eleitorado a sensação de “cartas marcadas”. E o troco vem.

 

A hora da verdade

 

O que ninguém nega é que a hora da verdade vai chegando para os diversos nomes e partidos de oposição ao grupo governista.

 

Quem se manterá até o fim? Quem conseguirá viabilizar aliança política forte o suficiente para enfrentar uma campanha majoritária? Quem reunirá em seu perfil a condição de conquistar a confiança da população e o apoio do empresariado? Sim, por que campanha contra a máquina pública não é brincadeira.

 

Por fim, resta saber que decisão tomará Marcelo Miranda. Substituir seu nome por alguém da sua família foi hipótese rechaçada por ele a bem pouco tempo, quando esta sugestão lhe foi apresentada na reta final das eleições de 2010, quando disputou o Senado.

 

Nas ruas, nas pesquisas, nas redes sociais é cada vez mais forte o clamor contra o que se convencionou chamar de familiocracia. Ah, se os políticos ouvisse isso! Poderiam poupar-se de muitos dissabores. Esta eleição mostrará.

 

O dilema de Marcelo agora é compreender seu papel e decidir-se sobre que caminho tomar. Pode consagrar-se como governador, se reunir as condições necessárias para isto. Mas se não, ainda pode ser o grande líder, condutor da oposição neste processo eleitoral. A oposição conhecida.

 

Já que a vanguarda quer e precisa vir aí. Nem que seja para plantar a semente de um novo ciclo na política do Tocantins.

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