O escândalo da Petrobrás comandando a pauta

O que vai sobrar no fim da apuração do que declaram os delatores premiados? Espera-se pelo menos mudança no financiamento provado de campanhas. Está mais do que provado que ninguém dá nada de graça...

O assunto que comanda a pauta nacional, com toda força, chegando pela TV até quem tem pouca noção da política e seus meandros é o escoamento de dinheiro público, destinado a obras da estatal que orgulha a maior parte dos brasileiros, no que talvez venha a ser o maior esquema de corrupção já descoberto no País.

 

Executivos de alto escalão das empresas foram presos na semana que passou, num desdobramento da Operação Lavajato. O novelo que envolve membros da diretoria da Petrobrás, políticos, e empresários parece não ter fim.

 

As revelações partem basicamente do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás,  Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, ambos beneficiados pela delação premiada, com a finalidade de reduzir suas penas.

 

Da Galvão Engenharia ao PP

 

No UOL desta terça-feira, é possível ler trechos do depoimento do diretor da Galvão Engenharia, Erton Medeiros Fonseca, sobre a forma como foi extorquido pelo esquema da Petrobrás, em que ele afirma ter cedido, não para ter benefícios, mas para não ser prejudicado.

 

O destino do dinheiro, conforme o executivo, teria sido financiamento de campanha do PP.

 

Só na sede da Polícia Federal do Paraná,23 executivos estão presos, a maioria apenas detida para depoimentos, e com data de liberação nesta terça-feira, 18.

 

O fim de um modelo, mais que suspeito

 

Muitas revelações são aguardadas ainda nesta fase de depoimentos em que o esquema de corrupção abrigado numa das maiores estatais brasileiras é escancarado.

 

Quanto foi desviado e para quais beneficiários é ainda uma incógnita. De tudo que os delatores relatarem, resta saber o que será comprovado, e onde está o dinheiro que ainda pode ser recuperado.

 

E aqui vale um parêntese: oito, das 10 maiores construtoras do país estão de alguma forma citadas ou envolvidas no esquema da Petrobrás.

 

A prisão dos executivos para depoimentos, por outro lado, não garante confissões. E sem elas, as revelações obtidas com as delações premiadas ficam carecendo de provas.

Corre-se o risco de mandar para casa, no fim do processo, gente que se locupletou, enriqueceu indiretamente, mas foi “perdoada”, e voltou para o conforto de suas vidas erguidas com o dinheiro da corrupção.

 

Fecha parêntese.

 

As declarações da presidente Dilma de que este escândalo – investigado livremente sob os holofotes da imprensa – vai mudar a história do Brasil, é pertinente, mas acredito que será uma mudança a médio prazo.

 

Serão muitas as consequências, mas é de se esperar que a maior delas seja a falência deste modelo de financiamento privado de campanhas.

 

Afinal, quem pode um dia acreditar em são consciência que empresas doassem milhões sem esperar contrapartida?

 

O que estes depoimentos revelam, no entanto, é que o dinheiro foi coletado, recolhido, cobrado, antes de chegar às campanhas.

 

A quem o dinheiro desviado da Petrobrás serviu e quem enriqueceu com ele no caminho, são perguntas que terão suas respostas ao longo das investigações. Até lá, vamos acompanhar. Embora periférico no cenário político, com apenas 8 deputados federais em sua bancada, o Tocantins se insere neste contexto.

 

Vamos aguardar para saber até que ponto.

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