O espírito da coisa é: que venha 2018...

Candidato à reeleição, ou pré-candidato a governo? O que a aliança entre Amastha e Ataídes tem mais a dizer, além da composição de uma base e tempo de TV? No discurso do prefeito, alguns sinais

Prefeito de Palmas, Carlos Amastha
Descrição: Prefeito de Palmas, Carlos Amastha Crédito: Foto: T1 Notícias

O prefeito Carlos Amastha assumiu publicamente nesta terça-feira, 26, sua primeira aliança para 2016 e justamente com o PSDB do senador Ataídes Oliveira. 

 

 

Diferente da esperada aliança com o PSD do deputado federal Irajá Abreu e do grupo que acompanha a ministra Kátia Abreu, o que seria mais lógico depois que o grupo ocupou espaço na gestão do prefeito. Politicamente, o próprio Irajá deu sinal de que não há aliança sacramentada… e o “namoro” entre as duas forças políticas parece ter esfriado, subitamente.

 

 

O significado político da aliança de hoje, propalada por Ataídes com toda pompa, como “um marco na história do Tocantins”, por juntar dois empresários conhecidos, vai além da formação de uma base política que garanta tempo de TV ao projeto de reeleição do prefeito. Isso, considerando que até aqui, imaginamos que tenha o próprio Amastha na cabeça da chapa.

 

 

Alguns sinais no entanto podem indicar que não.

 

 

É o caso dos dois eventos que ele, como presidente do PSB promoveu no Sudeste neste final de semana. Um em Dianópolis, no lançamento do nome do Padre Gleibson como pré-candidato a prefeito, seguido de um encontro/palestra com empresários e outro em Silvanópolis.

 

 

Dos dois, o presidente do PSB Regional encheu a boca para falar no evento de mais cedo no Pousada dos Girassóis. “É muito claro perceber que é isto que as pessoas querem, este discurso”, disse Amastha.

 

 

Frasista de primeira, o próprio prefeito resumiu no final de seu discurso, o significado desta campanha: “Não estou preocupado com 2016, que venha 2018”.

 

Amastha já havia elogiado Ataídes e dito que tem certeza de que com ele o Tocantins não estaria vivendo os momentos difíceis que vive (relembrou que apoiou Sandoval e não apoiou Ataides). “Sei que o Ataídes estaria vivendo agora o inferno astral que eu vivi há seis meses quando tomei as medidas duras que precisava tomar para fechar o ano como precisava: 0,1% abaixo do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal”. O prefeito admitiu que sabia que queimaria 30 pontos percentuais de sua popularidade nas pesquisas feitas por Hector Franco, seu secretário. 

 

 

“Hoje posso conceder a data base, e já começar a pagar a partir deste mês” afirmou, contando que foi ovacionado mais cedo por servidores e sindicalistas, ao apresentar o projeto carreira justa, que vai corrigir distorções salariais.

 

 

De fato, o jargão “Palmas: Capital Humano”, remete à correção de rumos que o prefeito já faz num dos pontos frágeis que se notava em sua gestão: a relação com os servidores. Ainda que estes investimentos em pessoal possam comprometer, em ano eleitoral, outras ações e até obras…

 

 

Ao dizer que não se preocupa com 2016, o que Amastha parece estar dizendo é que tem segurança na sua reeleição. Mas de fato, o que Tiago Andrino deixou claro, e Ataídes reforçou, é que Carlos Amastha está em pré-campanha de fato para 2018. Uns dizem que a Senado, outros têm certeza de que a governo.

 

 

As perguntas que ficam no ar são: sendo assim, vai mesmo o prefeito à reeleição sabendo o eleitor que ele ficará pouco mais de um ano na prefeitura? Ou vai lançar um sucessor, renunciando ao direito de disputar a reeleição, já de olho em outro cenário.

 

 

O espírito da coisa, deixado bem às claras hoje, é que as eleições de 2018 passam pelas municipais. E passam com toda certeza pelo que Palmas vai nos dizer no próximo mês de outubro.

 

 

As alianças de agora, só serão feitas pelos que não têm os mesmos planos para 2018. Marcelo Miranda quer a reeleição, Irajá Abreu quer o Senado, mas pode ir a governo, já que a mãe já é Senadora e seria muito complicado tocar uma campanha defendendo dois senadores de uma só família, Amastha sempre sonhou com o Senado mas de fato está construindo nome para governo. E ainda temos Vicentinho (de quem se diz que anda distante de Raul e pode fechar com Amastha um acordo garantindo sua vice para o PR).

 

 

O que vimos hoje é de fato uma aliança que ainda não soma votos. Se pensarmos que o senador teve pouco mais de 24 mil votos na disputa pelo governo em 2014, os votos do PSDB ainda correm pelas mãos de outras lideranças.

 

 

Parênteses…

 

Fomos perguntar ao ex-governador Siqueira Campos (citado de forma respeitosa por Amastha e por Ataides) como ele via o evento de hoje e o seu partido, o PSDB, declarando apoio ao prefeito contra quem ele discursou em 2012. Siqueira foi monossilábico através de sua assessoria. “Evento, que evento?” E afirmando manter boas relações com todos não quis comentar. Primeiro eleitor da capital que fundou e histórico quadro do PSDB, Siqueira claramente não sabia o que estava acontecendo. Deve ficar fora do processo, mas tem sem dúvida seu capital político e sua importância histórica e simbólica.

 

 

Muita coisa vem por aí nesta pré-campanha esticada, que pelas novas normas que regem esta eleição, vai até o começo de agosto. Mas uma coisa é certa: 2016 é meio para um fim chamado 2018.

 

 

E assim vamos vivendo, de eleição em eleição.

 

Nota de rodapé: O senador Vicentinho Alves, em contato com a redação do T1 Notícias na noite de ontem, 26, reafirmou seu compromisso com a pré-candidatura do ex-prefeito Raul Filho à prefeitura de Palmas. O senador nega que esteja afastado do ex-prefeito e reitera seu empenho em viabilizar a candidatura de Raul.

 

(Atualizada às 10h35 de 27/01/2016)

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