As rodadas de conversas de bastidores seguem intensas nesta terça-feira, 17, em Palmas para que partidos e principais pré-candidatos definam qual rumo deverão tomar para as eleições do mês de outubro. E o prazo fica cada dia mais curto para arranjos necessários à sobrevivência de muitos.
No resumo da ópera dos últimos dias a cena vai ficando mais ou menos assim:
Vitorioso nas eleições suplementares, Mauro Carlesse tem nas ações que tramitam no TRE seu maior adversário. Por enquanto.
Para o governo, caminham num curso natural o PSDB de Ataídes Oliveira e Cinthia Ribeiro. Difícil para o senador encontrar outro caminho, quando dois deputados estaduais demonstram força junto às bases tucanas no Estado: a presidente da Assembléia Legislativa Luana Ribeiro, e o araguainense Olyntho Neto.
Parênteses.
A prefeita de Palmas tem em Carlos Amastha, seu sucessor, o caminho natural de apoio ao governo do Estado. Resta saber se seguirá apoiando esta candidatura e terá a compreensão do partido em nível nacional, ou se será, de alguma forma, pressionada a acompanhar o Palácio.
Fecha parêntese.
Para composição com Mauro Carlesse, caminha também Eduardo Gomes, do Solidariedade. Lá estão duas âncoras fortes: o deputado estadual Vilmar Oliveira e o prefeito Ronaldo Dimas, via seu filho Thiago Dimas, candidato a deputado federal, com o qual Gomes tem compromisso.
Sobre Eduardo Gomes, duas palavras merecem ser ditas: sabe fazer política como poucos. Valoriza a base - vereadores e líderes – e não está convencido a ser suplente de Siqueira Campos, como pretendem alguns para acomodá-lo no grupo.
Outra questão: em torno dele há o fantasma de 2014. Quase foi senador eleito, naquela chapa com Sandoval Cardoso. É de Palmas, onde foi vereador e presidente da Câmara. É um segundo voto fácil de se consolidar pela simpatia.
Se não encontrar espaço no grupo governista, Gomes ainda tem alternativa: migrar para junto de Marlon Reis, este outsider com boas chances de se consolidar como a grande novidade mesmo desta eleição.
Em torno de Amastha, a natural acomodação dos anti Carlesse
Da política tradicional, os que não estão com Carlesse, encontram caminho mais fácil dentro de uma estrutura que se espera, construa, Carlos Amastha.
Não é completamente esdrúxulo um apoio dos Miranda a Amastha, que várias vezes fez o caminho de recomposição enquanto Marcelo era governo.
MDB tem boa chapa de proporcionais, tem candidata a reeleição na figura de Dona Dulce. Engolir palavras. Trata-se disto de lado a lado para que a aliança dê certo. E lógico, explicar a lógica ao eleitor.
Num vídeo dia desses no Facebook, coube ao diplomático Tiago Andrino tentar desmistificar a questão. Ele explicava que o grupo não quer apenas uma “ candidatura conceito”, quer vencer as eleições.
Até aí tudo bem. Mas na fila do pão, na fila do banco, na loteria, o eleitor raiz de Amastha, aquele movido pelo discurso de que todos sãs “vagabundos” na política tradicional, simplesmente não aceita.
Este é o maior risco que Vicentinho Alves, com a campanha na rua, corre, em estar nesta chapa. Mas... mas... caminha de mãos dadas com o recente adversário.
Marlon e um amplo leque de possibilidades
Se política fosse feita por simpatias e o que resta de ideologia, os que pregam uma nova alternativa para o Tocantins estariam todos em torno de Márlon Reis.
É ele quem tem a chance de buscar os que não votaram nas Suplementares.
Isso por que agora vai para uma disputa melhor estruturada e deve ter duas coisas que não teve antes: fundo eleitoral a financiar suas andanças e tempo de TV.
O teto que Marlon obteve de votos válidos em Palmas, e nas principais cidades do Estado, apenas revelam o limite das redes sociais.
Com uma rede de políticos pedindo votos e tempo na TV para se expor, ele deverá obter melhores resultados.
O Tocantins é um Estado onde o eleitor demonstra um imenso cansaço da mesmice dos grupos até aqui.
Esta eleição pode bem marcar o ocaso dos dois maiores grupos tradicionais da nossa história: Siqueiristas e Marcelistas.
E a semente de novos tempos, novos rumos, outros líderes, está nascendo.
Precisaremos de mais duas eleições para que os novos se mostrem e ganhem as ruas, os corações e mentes do cidadão.
Caberia aos líderes tradicionais, que sofreram desgaste nesta e na penúltima eleição, a lucidez de um passo atrás. Para permitir sua própria reinvenção.
O momento é bem crítico. E sugere que alguma hora esse movimento do novo vai ter que começar.
Quem não compreender será, invariavelmente, tragado.
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