O maniqueísmo que não cabe mais na agenda política

Tanta gente perdendo o interesse em ler sobre política e ouvir o que os políticos dizem pode ter a ver com o discurso maniqueísta e a prática oportunista: até quando?

 

Caros amigos, muita coisa acontecendo nos bastidores da política tocantinense e coisa nenhuma sob o ponto de vista da novidade, da bomba, do inesperado que move as manchetes e as páginas de portais.

 

De novo, tem o que está aí nas chamadas da home: Lá em Dianópolis, Siqueira responde Gaguim sobre contratação do Exército para fazer estradas; Aqui na capital, os efeitos da ressaca pela qual passa a Câmara de Vereadores pode se fazer sentir ao longo da semana: acabou a lua de mel da base com o prefeito; No Rio, São Paulo e Brasília desembarcaram finalmente, Mais Médicos: sete cidades tocantinenses verão sua realidade mudar nos próximos dias...

 

A vida segue enquanto o leitor gradativamente se desinteressa em ler sempre mais sobre o mesmo. Um desafio que se coloca para jornalistas, editores, gente que vive de pensar a comunicação: a pauta estagnada.

 

Os indicadores de audiência mostram um leitor mais disposto a saber coisas do seu dia a dia do que interessado em brigar por partidos, pessoas, pseudo-líderes.

 

Analisando a política e os atos dos políticos há muito tempo -  mais tempo observando do que escrevendo sobre eles – nem arrisco prever quando é que esta onda vai mudar.

 

De fato mesmo, só a eleição - esta espécie de monstro que transforma as pessoas próximas em arqui- inimigas, e as mais distantes instantaneamente em companheiros leais – terá o dom de sacudir de novo os menos apáticos.

 

O problema do discurso movendo a prática

 

De fato os políticos em geral estão diante de um desafio: mudar o discurso, para quem sabe, mudar a prática. E mudando a prática, nas pequenas coisas, poderão, talvez, mudar o lugar comum que se tornou a vida pública de quem tem mandato.

 

Rasgando o verbo, o fato é que ninguém está – literalmente -  nem aí, para os discursos pegajosos tão comum a todos, ou quase todos os políticos com mandato (aqueles que falam sempre as mesmas coisas). Ninguém pára um meio minuto para ler o que fulano disse e o que sicrano falou.

 

As falas se repetem. Se é oposição, o discurso virulento é conhecido. Se é situação, o puxa saquismo chega a enjoar o estômago.

 

O maniqueísmo está presente como se fosse novidade, na pregação dos que se dizem “novos” na política, contra os chamados “velhos”. Quem ouve acha que o que acusa e aponta é um anjo de candura baixado dos céus.

 

Mas não existem anjos na política não é mesmo? Não na partidária. Ou melhor: não que eu conheça...rs.

 

E os demônios que andam por aí, estão ao gosto do freguês: cada um pinta o sujo e o mal lavado com as tintas do dia e da ocasião.

 

Não que não hajam pessoas de bem na vida pública. Longe disto. Eles estão aí, no meio dos outros. E também não se pode negar que tem tralha da pior espécie desfilando com o título de excelência conferido pelos mandatos populares.

 

Não, este não é um artigo para falar mal dos políticos. Longe de mim.

 

É só para dizer o quanto o discurso e as práticas estão desgastados e sem mais: a-ca-ban-do com o interesse do leitor e do eleitor sobre o assunto.

 

Por aqui mesmo, o Google Analythics e os nossos controles internos de leitura vão mostrando que o leitor quer saber de entretenimento: festa, show, balada. Quer saber dos crimes que abalam sua cidade, o bar que frequenta, a quadra vizinha. Quer saber onde estão as melhores ofertas, oportunidades. Coisas legais, práticas, do dia a dia. No geral o cidadão comum só se lembra do político para cobrar: a vaga em falta na creche, o policial que não tem na delegacia, o remédio faltando no postinho.

 

Cada vez mais as pessoas querem saber menos sobre assuntos que lá no final terão o poder de mudar suas vidas. O projeto de lei, a alteração do plano de cargos e salários e temas do gênero vão ficando para os sindicatos cada vez mais esvaziados da verdadeira participação popular.

 

Trazer de volta o interesse do público para as políticas públicas, é que são elas.

 

Ou essa turma que está aí muda de rumo, mostra que é gente como a gente e nos surpreende com alguma dose de sinceridade, autenticidade, verdade.... ou não sei onde isso vai parar.

 

Na melhor das hipóteses, na rejeição de todos que estão aí para escalar, a cada eleição, um novo. Até que seis meses depois, esse novo envelheça...

 

Chega a ser engraçado.

 

Revendo todos os nomes que estão aí à disposição do eleitor para a campanha do ano que vem, fico intrigada pensando no que a turma do marketing vai inventar desta vez. Afinal já estiveram todos juntos em algum momento. E certamente estarão nas ruas falando mal dos antigos companheiros,e fazendo novas alianças com velhos adversários.

 

É, amigos, No que vem vamos ver uns apontando o dedo para os outros, com acusações de todo tipo. Com o discurso maniqueísta que sempre repete:  “nós somos os bons, eles são os péssimos”.

 

E quem, em sã consciência, há de acreditar?

Comentários (0)