O Outro e os Mesmos: de como Jucelino venceu Negreiros por 7 a 5

Quem fala demais, dá bom dia a cavalo, já dizia o ditado. Por isso, conto abaixo apenas o que pude apurar neste domingo pós reunião entre Amastha e os 12 vereadores de sua base...

 

A reunião começou com o pedido do prefeito eleito para os vereadores: “quero pedir a vocês um presente de aniversário. A eleição do Negreiros para a presidência da Câmara”. Os motivos: Major Negreiros é do PP e Amastha gostaria de ter na presidência da Casa, um vereador do seu partido.

 

Se morresse (teria chegado a dizer) ficaria feliz em ser sucedido por Negreiros. O que leva a crer que Aragão de fato não será vice.

 

O pedido já era conhecido dos vereadores reeleitos desde a sexta-feira, véspera da reunião. A preferencia por Negreiros abriu de cara uma situação de estremecimento com o deputado Wanderlei Barbosa(PSB), que entregou (e até este momento em que escrevo, não recebeu de volta) a pasta da Educação, para a qual indicou a irmã, professora Berenice, ao prefeito eleito.

 

Final da reunião: sete votos a favor de Jucelino, cinco a favor de Negreiros, que contou com o voto de consolo do eleito Marilon Barbosa. Quem assistiu garante que Marilon tenta colocar panos quentes no estremecimento entre Wanderlei e Amastha. Negreiros o agradeceu no final. Entre os dois ficaram as marcas de uma disputa acirradíssima em Taquaruçu.

 

Mas voltando ao assunto: entre o começo e o fim da reunião, a coisa ferveu.

 

Para ser indicado por mais seis colegas parlamentares, Jucelino venceu duas barreiras. Primeiro a candidatura de Lúcio Campelo(PR), internamente no grupo, o republicano que apoiou Marcelo Lélis contava com três votos. Juscelino também tinha três: além do seu o de Valdemar Jr. e o de Damaso.

 

A pressão cresceu ao ponto de Jucelino ameaçar retirar o nome. O que provocou a entrada de Damaso na disputa. Este último, mesmo sem a confiança de que será vereador de fato (falta o julgamento do processo que impede Milton Neris de assumir), chegou a colocar seu nome, inflamando ainda mais o processo. Os reeleitos estavam decididos a votar num reeleito. E souberam “mexer o doce".

 

Conversando com os dois grupos ( o que fecha com Amastha e o que articulava a candidatura de Iratã Abreu pela oposição), o pastor João Campos era uma espécie de fiel da balança. Ele que seria o oitavo voto da oposição ao grupo do prefeito terminou não fechando com os vereadores aliados ao governo.

 

Sua preferência em favor de Jucelino fechou os quatro votos necessários para que o vereador tivesse a maioria: os sete que contrapuseram os cinco de Amastha. Votaram em Negreiros: Junior Geo, Etinho Nordeste, Claudemir Portugal, o próprio candidato e Marilon.

 

O governo passou perto de conquistar dois votos: o do próprio Jucelino (caso não fosse o candidato com Amastha ) e o de Waldson. Reza a lenda que o prefeito Raul Filho recebeu em sua casa, nos últimos dias, acompanhado de Jucelino, ninguém menos que o secretario Eduardo Siqueira Campos.

 

Mas o prefeito tinha um compromisso com “a velha guarda”. Se os reeleitos viabilizassem um nome do grupo, o voto de Waldson seria deles e não de qualquer outro.

 

Inviabilizado Lúcio Campelo ( que não esconde de ninguém a ligação direta com Eduardo e via dele, com o governo) Jucelino terminou representando a vontade da maioria e no final da reunião dos vereadores com Amastha foi o escolhido.

 

Isso foi sábado. Neste domingo o vereador fez um churrasco em sua chácara com os que o apoiam, para comemorar.

 

Em campo, o deputado Wanderlei Barbosa e o vice, deputado Sargento Aragão ainda correm para atalhar o voto de Joel Borges(PMDB) e somá-lo aos 12. Joel, por sua vez, não esconde de ninguém o que quer de Amastha: a pasta da Agricultura para seu protegido, que tem o aval de boa parte das associações de agricultores. Ainda não conseguiu. 

 

E por que comecei lá em cima dizendo que quem fala demais dá bom dia a cavalo? Por que os reeleitos infligiram ao prefeito eleito, mesmo dentro do seu grupo, uma derrota. Pode ser a primeira, como também pode ser a última. Segundo ouvi, vai depender de como Amastha os tratar. Antes da eleição e durante a campanha, a relação foi a pior possível. Amastha não poupou adjetivos para os desqualificar. E isso está na memória da Câmara remanescente.

 

Alguns podem dizer que Amastha sofreu uma meia derrota. E que o governo também sofreu, por via de seus aliados, outra meia derrota.

 

O fato inegável é que os 7 a 5 de sábado, ficaram longe de ser o presente que o prefeito eleito esperava. Pelo contrário: a permanecer o nome de Jucelino (o que tudo indica, embora política seja a arte do impossível), o Outro terá pela primeira vez após as eleições, sofrido uma derrota. Pelos Mesmos.

 

 

 

Comentários (0)