O PMDB e seus dilemas: o embate entre quem tem discurso e quem tem voto continua

A defesa de um PMDB "autêntico"e na oposição a Siqueira, argumento utilizado pelo grupo que não quer Coimbra na direção esbarra num problema: os com mandato é que têm os votos.Hoje ou daqui três meses

O PMDB definitivamente não se entende. É o que se depreende do último capítulo da novela que se arrasta pelo comando do partido no Estado.

 

A verdade que saltou aos olhos na última jogada, feita na tarde e noite de terçap-feira, 3 em Btrasília revela que o deputado federal Júnior Coimbra tem a maioria dos convencionais do partido, queiram ou não os “autênticos”, como se intitula o grupo que luta para destituí-lo do comando da sigla. Não fosse isso e todos caminhariam para a Convenção e eleição de domingo, 9, que foi suspensa.

 

O que vimos ontem foi um round vencido pelo grupo que não quer Coimbra mais conduzindo o PMDB. Seus argumentos: o deputado, presidente, teria se aproximado do Palácio Araguaia, referendado apoio ao candidato do governo nas eleições de 2012 em Palmas, descaracterizando o papel oposicionista do partido.

 

Não conseguindo legalmente a dissolução do diretório, ou a intervenção completa no Tocantins, o grupo -  que reúne lideranças com nomes de peso e história de luta no partido – usou um estratagema que deu certo: o pedido de suspenção baseado num erro de data de publicação do edital de convocação das eleições.

 

Irritado com a situação criada ontem Coimbra soltou o verbo. Disse que não está aliado ao grupo Siqueirista e ainda tripudiou: como poderia se o governo está cercado de  desgaste, não cumpriu seus compromissos e já caminha para completar o terceiro ano? “Sim fizemos uma aliança, num momento, por que entendemos que era o melhor caminho para o partido na capital, mas isso já ficou para trás”, disse ele conversando sobre o assunto por telefone ainda de tarde, quando as coisas caminhavam para o desenlace da situação de impasse criado.

 

Na leitura de Coimbra, que não abre mão de disputar o partido, o outro grupo quer apenas tumultuar o processo, por que não tem condições de vencê-lo no voto.

 

Nas entrelinhas do que se lê aí está a exposição de uma realidade: o PMDB sempre foi poder, ou buscou ser. Sempre se aliou a quem está no poder, no cenário nacional e ensaiou este mesmo passo no cenário local ano passado. Quem assumiu o comando do diretório, sob o olhar complacente dos ex-governadores, foram os que hoje têm mandato estadual e federal: Coimbra, Iderval, José Augusto, Vilmar do Detran. e na época, ninguém se insurgiu contra isto.

 

Basta observar o jogo de poder e o peso dos mandatos: na oposição ao grupo de Coimbra se posicionaram  com mandato apenas Osvaldo Reis, hoje  deputado federal novamente e Josi Nunes, além de Leomar Quintanilha que é suplente e acaba de deixar a Câmara dos Deputados para o retorno de Lázaro Botelho. Lembrando que para assumir, Quintanilha contou com a articulação de Coimbra em Brasília, na hora de negociar sua participação na eleição de Henrique Alves.

 

O que salta aos olhos de quem analisa a política partidária e em especial o dilema do PMDB, é que mesmo com todos os argumentos que utiliza para buscar reaver o comando do partido, falta votos suficientes aos “autênticos”, ou “históricos”. Realidade escancarada por Gaguim, sempre pragmático, em entrevista publicada também na terça-feira neste Portal.

 

Coimbra endureceu o jogo ontem à noite: não quer mais saber de acordo. Por que entende que o grupo opositor não quer outro acordo que não seja sua renúncia à condição de disputar. “Isto não é democrático”, bradou. E não é mesmo.

 

Eleição, dentro ou fora de partido se ganha no voto. Ou os “autênticos” conseguem mobilizar o velho e o novo PMDB, ou a hora da verdade apenas será adiada por mais três meses.

 

Porque quando outubro chegar e todos os estratagemas estiverem esgotados, vencerá a disputa interna quem tiver a maioria. Esta é a regra. E não há argumento que possa muda-la no final.

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