O que a guerra entre PT e PMDB tem a ver com o Tocantins

Amigos, quem acompanha minimamente a política nacional sabe que o PT – leia-se governo da presidente Dilma – vive uma crise com parte do PMDB, capitaneada pelo deputado Eduardo Cunha.

Dilma: mediando o conflito entre PT e PMDB
Descrição: Dilma: mediando o conflito entre PT e PMDB Crédito: CNA/Divulgação

Ele é a voz dos descontentes com o tratamento que a presidenta dá a setores do PMDB. Na prática, Dilma quer escolher no PMDB, os que têm perfil para ocupar fatias importantes no seu governo.

 

E o tem feito, segundo referendam os maiores portais especializados na cobertura política nacional, de olho na sucessão deste ano nos Estados.

 

Óbvio que interessada em manter a aliança nacional que caminha para reeditar a dupla dilma/Temer.

 

Pois bem.

 

Hoje a noite assistiremos uma queda de braço entre o grupo que tem em Cunha seu porta-voz, e o poder de fogo do Planalto.

 

Em pauta dois assuntos que dividem os interesses do governo e do blocão que Cunha representa.

 

O Marco Civil, regulatório da Internet, é interesse prioritário do governo federal.

 

E os rebeldes do PMDB -  mais o baixo clero e aliados descontentes da base presidencial – querem mostrar seu poder de fogo e rebeldia. Escolheram a questão da Petrobrás, que entra em pauta esta noite como ponto nervoso da disputa.

 

Os aliados locais

 

Nem é preciso dizer que a presidente Dilma encontrou na Senadora Kátia Abreu uma aliada essencial. Kátia era estrela da oposição, mas mudou de partido e aproximou-se de Dilma estrategicamente para garantir as conquistas do segmento que representa nacionalmente. Deu certo. Sua pauta de reivindicações vem se esgotando. O discurso oposicionista esvaziou-se à medida que a presidente abriu canais de diálogos antes impensáveis com os produtores rurais.

 

Foi uma quebra de preconceitos e paradigmas de lado a lado. Vide a aprovação do Código Florestal, com muita flexibilização dos interesses que se opunham. Inclusive tema ainda hoje de um vigoroso debate nas páginas da Folha de S. Paulo.

 

Foi Dilma quem “abençoou”, por assim dizer o ingresso da senadora nas hostes do PMDB aliado.

 

Pois bem. Do outro lado está um jogo bruto de interesses do Congresso Nacional. Isso é uma queda de braço que não termina. Os aliados querem sua fatia de participação no governo. Uns são mais gulosos que outros. Neste quadrante e que o Palácio encaixa Eduardo Cunha, aliado no Tocantins, do deputado Júnior Coimbra, a quem defendeu em todos os embates internos da legenda.

 

A disputa desta noite será apenas um capítulo que vai marcar a porção de força que cada um tem nesse jogo.

 

Dilma aposta que Cunha blefa ao incentivar rompimento do PMDB pela insatisfação na indicação de ministérios. Mas o blocão que o sustenta hoje ergueu o tom e ameaça dar recado à presidenta convocando a direção da Petrobrás a dar explicações constrangedoras no Congresso Nacional. Mais detalhes no Valor, ou no Estadão.

 

PT rateando apoio

 

É por ser um cenário complexo este que a presidente tem que administrar de um lado, e o vice-presidente Michel Temer de outro, que a questão local PMDB/PT no Tocantins soa como um detalhe na conjuntura nacional.

 

Os apoios nos Estados são negociados, sempre foram, na ótica do fortalecimento do projeto nacional.

 

Por isso a nota fora do presidente do PT do Tocantins hoje soa como um arroubo fora de hora. Que nome forte o PT tem em seus quadros, mais forte, por exemplo que o de Marcelo Miranda no PMDB?  É uma discussão inócua, mesmo que Miranda não possa, em última análise ser candidato. O partido, está evidente, tem outros nomes.

 

Sacrifícios em nome do projeto sempre foram pregados também pelo PT Tocantins durante o longo período de Donizeti Nogueira. As alianças ocasionais, com o PMDB de Gaguim e Marcelo, ou com o PSDB de Siqueira sempre foram feitas em nome desse “objetivo macro”.

 

Por tudo isso é que para saber para onde vai o PT tocantinense, é preciso estar ligado no cenário nacional. É de lá que virá a sinalização, e em última instância uma orientação partidária impossível de ser ignorada.

 

Fora disso, o que se vê na província -  como diria Paulo Mourão – é ruído. Antecipado e inócuo diante do que só vira quando este quadro nacional chegar ao deslinde. Seja pela pacificação ou pelo rompimento. Verbo que não é usual de se ver o PMDB conjugando.

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