O recado ensurdecedor das urnas na eleição de Carlos Amastha

As eleições em Palmas terminaram com a vitória do empresário Colombiano, naturalizado brasileiro, Carlos Amastha.

 

Até ontem, domingo, ele era conhecido como o dono do Capim Dourado. Não é mais.  O shopping foi vendido, segundo o próprio Amastha anunciou, por R$ 180 milhões.

 

O lado empresarial do prefeito eleito de Palmas, caracterizado pelo sucesso dos seus empreendimentos - e pontuado pelos processos que ele mesmo atribui serem naturais no seu ramo -  quase todos conhecemos. Logo após a vitória e durante coletiva, ele anunciou mais um bom negócio: vendeu o Capim Dourado Shopping, pela espantosa soma de R$ 180 milhões.

 

A partir de 1o de Janeiro de 2013, vamos conhecer o Carlos Amastha administrador da coisa pública. Das decisões construídas através do diálogo. Da arrecadação dos impostos que se acostumou a pagar do lado de lá do balcão, cuja aplicação correta e eficaz agora lhe caberá decidir.

 

Será um prefeito eleito com três vereadores. Mas com certeza contará com alguns simpatizantes entre os eleitos da base de Raul. E outros que caminharão para aderir à sua base. “Pelo bem da cidade”. Deixo a análise sobre a renovação da Câmara de Palmas para um segundo momento.

 

Voltando ao Executivo, e à campanha que nos trouxe até aqui.

 

Dizem que para derrota e para vitória não são necessárias explicações, basta o resultado, que não volta atrás. Discordo. Toda derrota traz uma lição. Quando não traz várias.. E toda vitória traz em si sinais e projeções.

 

A expectativa frustrada de 2010

 

A vitória de Siqueira Campos sobre Carlos Gaguim, apertada, em 2010, por exemplo, trouxe um recado claro no alto número de votos brancos e nulos. O grupo do governador não soube ouvi-lo. Se ouviu, não soube responde-lo ainda. E faltam apenas três meses para que se completem dois anos de governo.

 

Todas as explicações sobre a forma em que o Estado foi encontrado, foram ouvidas. Independente delas a população demonstra querer resultados. Outros resultados, diferentes dos que têm sido apresentados.

 

A insatisfação é nítida e seus sinais estão presentes dos tímidos índices de aprovação da administração estadual - expressos também nas pesquisas de intenção de votos - até a forma como a população reagiu à presença do governador em palanques de aliados, contra aliados.

 

Ouvindo o senador João Ribeiro na noite deste domingo -  o único até aqui a analisar o resultado das eleições de Palmas no T1 Notícias – colhi dele o seguinte resumo da ópera: “Amastha venceu praticamente sem as lideranças políticas. Venceu com o povo”.

 

Eu me atrevo a dizer: quem venceu as eleições em Palmas foi a insatisfação, materializada no discurso adotado desde o começo da campanha por Carlos Amastha.

 

Na derrota de Lelis, a quebra de um modelo

 

E por que Marcelo Lélis perdeu as eleições? Na minha opinião, por que não conseguiu ser maior diante dos olhos do eleitor, do que o governo que o apoiou.

 

Emergindo das urnas em 2008 como o novo, Marcelo viu sua campanha envelhecer a cada aliança desgastante feita com os velhos companheiros de Raul, e com os mesmos políticos tantas vezes combatidos pelo grupo do governador Siqueira Campos nos palanques.

 

Sozinho, Marcelo Lelis tinha algo em torno de 60% das intenções de voto. Continuar sozinho não foi opção para ele. E por ser homem de grupo, e caminhar com o grupo (cada vez mais descaracterizado) coube a ele pagar a conta final da derrota em Palmas.

 

Obviamente que tem sua responsabilidade nesta escolha, e não é vítima, mas autor do seu próprio destino. Como de resto, todos nós somos, do nosso. No caso do deputado do PV, a maioria optou por outra escolha. Uma decepção, sem dúvida, com a qual terá que lidar e buscar compreender.

 

O voto da maioria dos cidadãos palmenses em Amastha representa a quebra de um paradigma. Representa o surgimento de um novo momento na política do Estado.

 

Um futuro a ser escrito

 

Quais os reflexos desta vitória no futuro? Vai depender muito de como será esta gestão eleita neste 7 de outubro. O Estado inteiro volta seus olhos a partir de agora para Palmas. É uma imensa responsabilidade.

 

Por outro lado, as tradicionais figuras da política do Estado mostraram-se ineficientes na transferência de votos. Os pouco mais de 4% cravados em Luana Ribeiro não me deixam mentir. Ela perdeu apoiada por muita gente que empenhou nome e prestígio em pedir votos pelas ruas de Palmas.

 

É lógico que Luana Ribeiro também pagou o preço do escândalo Raul/Cachoeira. Mas também não está isenta das escolhas que fez, do discurso e do comportamento que teve nos bastidores, com seus companheiros. A escolha de Luana por Raul, desagregou seu grupo. Boa parte dele abandonou a deputada logo no começo. A ida do prefeito à CPMI, também logo depois da candidatura posta foi a pá de cal, bem no começo da campanha.

 

O resto é história. A incrível história de uma eleição atípica no coração do Brasil. Muito mais é preciso entender sobre ela. De cara, se eu estivesse no governo, faria uma ampla avaliação dos erros. E começaria imediatamente um plano de metas para resolver os problemas e devolver com humildade, os resultados que a população ainda espera, desde outubro de 2010.

 

Palmas, de fato, escolheu arriscar em algo e alguém novo. Que Carlos Amastha saiba ler este resultado. E corresponder a ele.

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