O samba do crioulo doido das pesquisas e o sentimento das ruas

Não vou replicar aqui números para não amplificar resultados que são contestados sempre pelos prejudicados, mas abordar algo comum e frequente: o descrédito quase generalizado nas pesquisas eleitorais

Crédito: Foto: Da Web

A divulgação de rodadas em Palmas, Araguaína e Paraíso, de pesquisas eleitorais contratadas pela Fieto colocou mais lenha na fervura da polêmica diferença de resultados de pesquisas nas mesmas cidades com pequenos intervalos. Coisa de dias.

 

Na sequência delas acaba de sair mais uma rodada do Ibope em Palmas. Nitroglicerina pura.

 

Não vou replicar aqui números, para não amplificar resultados que são contestados sempre pelos prejudicados, mas abordar algo que já se tornou comum e frequente: o descrédito quase generalizado, em torno de pesquisas eleitorais. Com raras e pontuais exceções, elas vêm se tornando peças de ficção.

 

Este ano, decidimos não fazer pesquisas pelo T1, justamente para ficar de fora da discórdia e não nos misturarmos nesta onda de descrédito.

 

Avaliando os resultados que foram trazidos no começo do processo eleitoral em Palmas, onde convivo diariamente, e em Araguaína, onde estive recentemente, chego a algumas conclusões.

 

Mesmo que os números possam estar mexidos a maior em algum caso, na intenção de voto, ou a menor nas rejeições, as posições podem refletir o sentimento que vai nas ruas.

 

Amastha na frente, Raul e Cláudia dividindo a oposição

O sentimento da segunda semana de agosto, por onde andei em Palmas, era fortemente de rejeição ao prefeito Carlos Amastha, em parte por ações suas, que irritaram o eleitorado. Aumento de impostos e taxas, estacionamento rotativo e multas no topo da gritaria. Pouco se falava do que Amastha fez, dos ganhos da cidade com sua gestão, das obras entregues e das que estão em andamento.

 

Reputo à campanha na televisão, bem feita, propositiva, claramente amplificando o discurso que está nas ruas, nos palanques e reuniões fechadas, o sucesso em reverter o sentimento do “volta Raul”.

 

Quanto mais se fala em Raul, e se mostra o que foi sua gestão, mais seus votos parecem diluir entre o eleitor mais esclarecido.

 

Há uma outra realidade inegável nas ruas: o crescimento da campanha da vice-governadora Cláudia Lelis, apesar de todo o desgaste que um governo em crise lhe transfere.

 

A presença simpática de Cláudia nas ruas, a densidade de sua militância, a rede de apoio do próprio governo, que tem ônus, mas também gera bônus, surtiu um efeito de crescimento. Tanto o Ibope quanto a pesquisa da Fieto mostram isso. Um jingle “chiclete” também colou o nome e o número da candidata na cabeça do eleitor.

 

No frigir dos ovos, a cidade vai respirando a liderança de Amastha, uma linha de queda de Raul e de ascendência de Cláudia. Onde isso vai dar? Os próximos dias vão dizer. Afinal estamos a 17 dias da eleição.

 

Em Araguaína, pesquisa não bate com sentimento da rua

As pesquisas divulgadas nos últimos dias em Araguaína destoam completamente entre si, nos resultados.

 

A mais recente, da Fieto, aponta Valderez Castelo Branco na frente, mas traz um dado que, de tão instigante, levantou dúvidas: como Olyntho – sob ataque cerrado de opositores – saltou entre dez e oito pontos em 15 dias?

 

A possibilidade de que Valderez lidere não gera tanta desconfiança quanto mostrar Ronaldo Dimas em terceira. É coisa que soou muito suspeita, para cada duas, de três fontes ouvidas.

 

Adversários não poupam alusões ao fato de que há ligação familiar entre a direção da Fieto e a candidata que lidera, e que é interesse do governo enfraquecer Ronaldo Dimas diante do eleitorado. Especialmente por que Dimas é oposição ao governo Marcelo Miranda, e está em guerra aberta diante do quadro de violência que tomou conta da cidade. Agravado pelos disparos contra dois estudantes numa Unidade de Saúde da Família na cidade.

 

Minha impressão, quando estive na cidade há alguns dias, foi de que Valderez tinha o apelo popular, voltado ao eleitorado mais humilde; Dimas o reconhecimento do eleitor de classe média; e que Olyntho estava em terceiro, buscando seu espaço na campanha. Não dá para aferir no que pode ter mudado tanto, e tão rápido.

 

Como está cada vez mais difícil acreditar na credibilidade de institutos diversos, fico com o sentimento das ruas.

 

Se formos ouvir cada campanha, elas têm também nos seus institutos, resultados bem diversos.

 

O que o eleitor precisa fazer é ficar atento e fazer sua escolha de forma bem pensada, bem avaliada. Para não se decepcionar mais ainda depois do pleito.

 

Dificilmente as pessoas mudam de estilo ou aprendem na planície. Vide os últimos resultados eleitorais para governo do Estado nas duas campanhas que passaram.

 

As propagandas pregavam o contrário, mas nenhum dos gestores mudou de estilo, ou de prática. O que mudou é que os tempos ficaram mais difíceis, a economia ficou pior e administrar tornou-se desafio para poucos.

 

O eleitor parece escaldado. Tomara mesmo. Pelo menos para duvidar de conto de fadas.

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