Conversando com deputados da base e da bancada de oposição ontem na Assembléia Legislativa, já é possível antever dois desafios na pauta do governo no pós eleição.
O primeiro é interno: restaram muitos resquícios da disputa pela presidência. Uns responsabilizam Paulo Mourão(PT) por ter insistido até o final numa candidatura que mostrava desde o começo, enfrentar resistência forte no grupo. “Ele vendeu ao governador a imagem de que tinha votos na oposição. E não tinha”, confidenciou um governista ao portal.
A troca de Mourão por outro candidato na reta final teve o custo interno recaindo sobre Toinho Andrade, que endureceu na reta final, ao lado de Bonifácio. Tanto que dos 11 votos dos governistas, teve 8. Dois votaram em branco e um votou contra. Também nos bastidores as três deserções são atribuídas ao PT.
O 14 o voto dado a Damaso, saído de dentro do bloco dos 11, também dá o que falar. Nos bastidores uma fonte do bloco de oposição deu a pista ao portal: “é alguém que só tinha compromisso em votar no Paulo Mourão. Como ele foi substituído no final, ganhamos mais um”. Para entendedores fica no ar que esse voto é petista. Outro mal estar.
É este o cenário interno que o governador tem a administrar na hora da escolha do líder do governo na Casa. Lembrando que para comissões fundamentais na Casa, como CCJ e Finanças, vai precisar de deputados experientes e conhecedores do regimento: perfil de Eli Borges, Bonifácio e Toinho Andrade . Ou no caso dos novos, Valdemar Júnior, que já vem da Câmara de Palmas e conhece bem o jogo.
Ontem, era Valdemar que orientava a composição dos blocos para ter deputados antigos em cada um, equilibrando as futuras indicações nas comissões.
Pano rápido.
Orçamento magro vem aí: bem dentro da realidade
O governo não deve enfrentar muitos problemas com dois temas, me adiantou ontem o deputado Eduardo Siqueira Campos(PTB): Aprovação do Orçamento e Reforma Administrativa. Há um consenso de que o governo que entra deve ter liberdade nos dois temas.
O que o bloco de oposição não pretende flexibilizar é na derrubada de benefícios concedidos.
Não será preciso. Pelo menos se o governo cumprir a promessa e preparar o pacote de ações judiciais para derrubar todas as despesas criadas em período vedado por lei.
O orçamento, mais dentro da realidade (e não superestimado como foi nos anos passados) deve vir magro e sem a previsão de recursos para pagar o “pacote de bondades”, como são chamadas as concessões dadas por Sandoval Cardoso depois que perdeu a eleição. O motivo, uma alta fonte do governo explicou ao Portal: Se orçar o pagamento de ilegalidades, incorrerá em improbidade.
O ex-governador não escapou nem da crítica de seu principal mentor, Eduardo Siqueira. Este foi à tribuna ontem para dizer que é preciso que a Constituição Estadual limite as ações do governador que perder as eleições. No que foi apoiado por Paulo Mourão, na primeira convergência dos dois em plenário.
O problema do orçamento magro, é a chiadeira dos demais poderes. O Ministério Público Estadual por exemplo teria pedido R$ 188 milhões na proposta encaminhada. Terá que se conformar com R$ 40 milhões a menos, acena o governo. Dentro da realidade do Orçamento de 2014, com pequena oscilação para maior.
Adequar orçamento à realidade e à legalidade será um desafio difícil, porque esbarrará na chiadeira de todas as categorias beneficiadas ao arrepio da lei em fim de governo derrotado nas urnas. Mas é um enfrentamento necessário.
Como tenho dito aqui, neste espaço de análise e opinião, fica mais fácil com diálogo. Um amplo e transparente debate, que envolva os sindicatos e a sociedade organizada.
A saída deste emaranhado de dificuldades não está fácil. Sozinho, o governo não conseguirá. Vai precisar muito de aliados. Em toda parte.
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