Orçamento e liderança: os primeiros desafios na Assembléia pós eleição

Governo tem que colocar seus interlocutores em campo para aparar as arestas que ficaram da eleição da Mesa Diretora, escolher o líder com cuidado e se preparar para enfrentar a briga do Orçamento 2015

Assembléia será o palco dos próximos embates
Descrição: Assembléia será o palco dos próximos embates Crédito: Bonifácio/T1Notícias

Conversando com deputados da base e da bancada de oposição ontem na Assembléia Legislativa, já é possível antever dois desafios na pauta do governo no pós eleição.

 

O primeiro é interno: restaram muitos resquícios da disputa pela presidência. Uns responsabilizam Paulo Mourão(PT) por ter insistido até o final numa candidatura que mostrava desde o começo, enfrentar resistência forte no grupo. “Ele vendeu ao governador a imagem de que tinha votos na oposição. E não tinha”, confidenciou um governista ao portal.

 

A troca de Mourão por outro candidato na reta final teve o custo interno recaindo sobre Toinho Andrade, que endureceu na reta final, ao lado de Bonifácio. Tanto que dos 11 votos dos governistas, teve 8. Dois votaram em branco e um votou contra. Também nos bastidores as três deserções são atribuídas ao PT.

 

O 14 o voto dado a Damaso, saído de dentro do bloco dos 11, também dá o que falar. Nos bastidores uma fonte do bloco de oposição deu a pista ao portal: “é alguém que só tinha compromisso em votar no Paulo Mourão. Como ele foi substituído no final, ganhamos mais um”. Para entendedores fica no ar que esse voto é petista. Outro mal estar.

 

É este o cenário interno que o governador tem a administrar na hora da escolha do líder do governo na Casa. Lembrando que para comissões fundamentais na Casa, como CCJ e Finanças, vai precisar de deputados experientes e conhecedores do regimento: perfil de Eli Borges, Bonifácio e Toinho Andrade . Ou no caso dos novos, Valdemar Júnior, que já vem da Câmara de Palmas e conhece bem o jogo.

 

Ontem, era Valdemar que orientava a composição dos blocos para ter deputados antigos em cada um, equilibrando as futuras indicações nas comissões.

 

Pano rápido.

 

Orçamento magro vem aí: bem dentro da realidade

 

O governo não deve enfrentar muitos problemas com dois temas, me adiantou ontem o deputado Eduardo Siqueira Campos(PTB): Aprovação do Orçamento e Reforma Administrativa. Há um consenso de que o governo que entra deve ter liberdade nos dois temas.

 

O que o bloco de oposição não pretende flexibilizar é na derrubada de benefícios concedidos.

 

Não será preciso. Pelo menos se o governo cumprir a promessa e preparar o pacote de ações judiciais para derrubar todas as despesas criadas em período vedado por lei.

 

O orçamento, mais dentro da realidade (e não superestimado como foi nos anos passados) deve vir magro e sem a previsão de recursos para pagar o “pacote de bondades”, como são chamadas as concessões dadas por Sandoval Cardoso depois que perdeu a eleição. O motivo, uma alta fonte do governo explicou ao Portal: Se orçar o pagamento de ilegalidades,  incorrerá em improbidade.

 

O ex-governador não escapou nem da crítica de seu principal mentor, Eduardo Siqueira. Este foi à tribuna ontem para dizer que é preciso que a Constituição Estadual limite as ações do governador que perder as eleições. No que foi apoiado por Paulo Mourão, na primeira convergência dos dois em plenário.

 

O problema do orçamento magro, é a chiadeira dos demais poderes. O Ministério Público Estadual por exemplo teria pedido R$ 188 milhões na proposta encaminhada. Terá que se conformar com R$ 40 milhões a menos, acena o governo. Dentro da realidade do Orçamento de 2014, com pequena oscilação para maior.

 

Adequar orçamento à realidade e à legalidade será um desafio difícil, porque esbarrará na chiadeira de todas as categorias beneficiadas ao arrepio da lei em fim de governo derrotado nas urnas. Mas é um enfrentamento necessário.

 

Como tenho dito aqui, neste espaço de análise e opinião, fica mais fácil com diálogo. Um amplo e transparente debate, que envolva os sindicatos e a sociedade organizada.

 

A saída deste emaranhado de dificuldades não está fácil. Sozinho, o governo não conseguirá. Vai precisar muito de aliados. Em toda parte.

 

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