Os 24 eleitores e seu dilema: representar os eleitores ou a si mesmos?

Amigos, há muito tempo que a política deixou de ser um instrumento para os que querem servir e passou a ser um meio pessoal de sendo servido, melhorar a própria vida.

Representar seus representados: o dilema
Descrição: Representar seus representados: o dilema Crédito: Divulgação

Infelizmente, pelo que vai nos bastidores, a Assembléia Legislativa caminha para confirmar esta máxima no próximo domingo, 4 de maio, dia das Eleições Indiretas mais vergonhosas da história do Tocantins.

 

Nesta data 24 eleitores privilegiados decidirão quem governará o Estado a partir do dia 5 de maio.

 

Uma eleição provocada pela renúncia de um governador que pediu ao povo uma chance para encerrar com chave de ouro sua história política. E traiu sua promessa.

 

E a renúncia de seu vice, que ao que consta está depressivo depois de cair em si com as consequências para sua imagem pública, daquilo que fez.

 

Entre os governistas há poucas dúvidas de que o candidato é mesmo Sandoval Cardoso, governador interino, cujos votos já estariam contados e recontados. O PR, do saudoso senador João Ribeiro assinou nota de apoio, direcionando seus dois deputados. E trabalha nos bastidores para indicar o vice.

 

Os votos favoráveis incluem também algumas ausências estratégicas de gente da oposição que não quer passar pelo vexame de, no voto aberto, contrariar na prática seu discurso de oposição de ocasião.

 

A insanidade do voto nulo e sua mensagem

 

As oposições por sinal se dividem numa imensa colcha de retalhos. E em vários discursos. O último, mais assustador, é um movimento que surge nos bastidores incentivando a tese de que o voto nulo é uma forma de protesto contra o “golpe político”.

 

Irônico, contraditório e pouco inteligente, o voto nulo por parte dos parlamentares soa a omissão, soa a covardia e cheira ao medo de perder.

 

Quem defende sua prática não entende que abraça uma perigosa faca de dois gumes.

 

De um lado convalida aquele discurso revoltado que corre nas redes sociais incentivando a anulação do voto como um repúdio a toda classe política.

 

Imaginem que mensagem um deputado que anula o voto manda para seus eleitores. Autofagia pura.

 

Por outro lado, a tática expõe a fragilidade dos que têm medo de perder. Isso fica evidente quando - ao invés de encarar de frente uma campanha prontos para enfrentar o resultado, se levando a sério - os candidatos dos diversos partidos adotam o discurso de candidatura de protesto.

 

O que no princípio era uma forma de chamar a atenção para a forma absurda como se provocou uma eleição indireta, agora precisa evoluir para algo mais consistente. E aí é que está o desafio das oposições em mostrarem a que vieram neste processo.

 

Afinal, uma candidatura para ser levada a sério, tem que ser para valer.

 

Uma proposta de ser alternativa de governo, para agir de um modo diferente e melhor do que aquele que o adversário age precisa ser autêntica, forte, verdadeira. Se não for, soa jogo de cena.

 

Os candidatos das Indiretas serão votados pelo colégio privilegiado de 24 deputados, mas devem entender que estão falando é para o eleitor comum, que elegeu seus pseudo-representantes.

 

Estes, em sua maioria, uma vez eleitos foram ao exílio que o poder provoca. Dá  até o que pensar: quantos de lá voltarão?

 

Fico imaginado qual o grande problema em perder um jogo de cartas marcadas, como afirmou semana passada ao T1, a deputada Josi Nunes? Esquecem-se os que pensam assim, com quantas derrotas se escreveu uma vitória na história da humanidade.

 

Tudo o que merece nosso repúdio e indignação merece ser confrontado, exposto, combatido.

 

Analisando o que ouço e leio nas posições de alguns deputados fico imaginando o quanto a bolha do poder cega as pessoas.

 

Será que estes homens e mulheres perderam tanto o contato com o que vai nas ruas que não percebem a chance histórica que têm de colocar as coisas no seu devido lugar? Ou melhor: a chance de dar voz aos seus representados?

 

Onde estarão os homens e mulheres de ontem que defendiam o que acreditavam?

 

Onde estarão os homens e mulheres dispostos a dizer o que pensam e viver de acordo com o que pregam? E aliás, viver por conta própria, como vivem os milhares de anônimos cidadãos alheios ao ganho fácil e benesses abundantes que engordam os que vivem apenas da má política?

 

Se a oposição não se levar a sério, fica difícil desejar e esperar que o eleitor a leve a sério.

 

Para ganhar ou para perder, é preciso que cada um se mostre neste momento histórico da política do Tocantins.

 

O Tocantins do absurdo e do inominável

 

Pelo menos assim, nós do lado de cá, poderemos identificar quem é quem.

 

Está na hora de saber quem está brincando de fazer oposição para ver se dá certo. Mas na hora “H” fará o melhor negócio para defender seus interesses.

 

A história julgará esse capítulo da vida política do Tocantins.

 

Esse nosso Tocantins do absurdo e do inimaginável. Que alimenta a lenda de que aqui quem está no poder tudo pode. De que o único partido que existe é “O Governo”.

 

De tão inusitadas as manobras que acontecem por aqui, já se tornaram piada pronta no olhar de quem nos vê de fora, nos cafés e rodas em Goiânia, Brasília e estados vizinhos.

 

Na verdade o povo, o eleitor, vem dando seus sinais de que o copo está cheio.

 

 Os resultados da eleição de 2010 no Estado, com seu grande índice de abstenções e votos nulos mostrou isso. As eleições de 2012 em Palmas mostraram isto. As manifestações de rua em todo Brasil mostram que a tendência é esta.

 

A classe política em sua maioria, continua achando que tudo pode, se tiver o dinheiro de pagar líderes e cabos eleitorais.

 

Está faltando quem compreenda que já deu. É preciso urgentemente mudar essa história.

 

(Atualizada às 08h04)

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