Os extremistas, suas meias verdades e canalhices...

Amigos, estou em Brasília desde ontem, segunda-feira, 15. Daqui assisto o mundo girar, com os fatos próximos e distantes.

Kátia entrega presente de aniversário a Dilma
Descrição: Kátia entrega presente de aniversário a Dilma Crédito: Agência Brasil

Ontem o MST – Movimento dos Sem Terra, invadiu as dependências da CNA, onde a senadora Kátia Abreu(PMDB) tomaria posse, como de fato tomou, na investidura de seu terceiro mandato à frente da Confederação.

 

É um direito do MST se manifestar contra aquilo que é contra. O problema é a forma: invadindo propriedade, o que de mais a mais tem sido seu modo operandi. Causa e razão de encontrar na Senadora Kátia Abreu sua opositora mais ferrenha no cenário político nacional.

 

Da derrubada do portão, logo de manhã, foram ao saguão com suas faixas. Lá passaram o dia e só saíram por volta das 17 horas, pacificamente, depois de muita negociação.

 

São extremistas. Lutam, inclusive armados, na defesa de suas idéias e objetivos. Eu particularmente acho uma loucura que sigam fazendo o que fazem ao arrepio da lei, mas o MST desafia o Brasil a crescer, a fazer a reforma agrária, nem que seja na marra. Respeito.

 

O problema dos extremistas é que eles não respeitam ninguém.

 

Adiante!

 

As meias verdades

 

Desde que a Folha de S.Paulo vazou o convite feito pela presidente da República à senadora para ocupar o Ministério da Agricultura, assiste-se a diversas manifestações contrárias, por parte de segmentos variados. Algumas legítimas, outras nem tanto.

 

Cada um que se manifesta, num temor enorme à Kátia Abreu e ao que ela significa contra os seus interesses, revela-se.

 

É assim com o grupo JBS – aquele que arrenda frigoríficos para fechar e assim manter seu controle no mercado da carne –com quem Kátia Abreu trombou de frente e foi à tribuna contra a propaganda: “É Friboi...”

 

É assim até com os desafetos locais, que não suportam o jeito curto, direto e às vezes até grosso de ser da senadora. Mobilizam-se para dizer – e mostrar -  que ela não é unanimidade no Tocantins. E não é mesmo. Kátia Abreu, tem bandeiras claras, posições definidas, é pragmática, o que divide as opiniões entre favoráveis e contrários há muito tempo.

 

O problema que vejo são os argumentos que seus desafetos usam para desqualificá-la. Usam bandeiras que ela defende, como a do agronegócio, para jogá-la num extremo – como se Kátia Abreu representasse o mal para o Brasil -  e eles, os santificados defensores do meio ambiente, do outro representassem o bem.

 

É o caso de uma frase que li ontem no twitter, aproveitando a deixa da fala da presidente que está repercutida hoje nos maiores jornais do País: “Estaremos mais juntas do que nunca nos próximos quatro anos”. A frase é: “Se a presidente estará mais próxima de Kátia Abreu, necessariamente estará mais distante da causa ambiental”.

 

É uma meia verdade. E o problema da meia-verdade é que ela é prima primeira da mentira. Dilma ganhou com a reeleição, o direito de formar sua equipe. Mas os extremistas, de um lado e a turma das meias verdades do outro não aceitam. Fazer o quê?

 

A presidente -  que evitou convidar Kátia oficialmente numa cerimônia de posse da CNA – deixou claro que quer ampliar a parceria com o setor e que estava ali como forma de homenagear uma mulher “que honra e orgulha as mulheres do Brasil”. Ouvir isto parece ser insuportável para muita gente.

 

No discurso, referiu-se à Kátia Abreu como sua amiga e a agradeceu pela primeira conversa que lhe abriu os olhos para resgatar um setor que produz alimentos, proteína animal e divisas para o Brasil.

 

Grande discurso o da presidente Dilma. Ela se coloca como a mediadora de interesses que deve ser. Apoia o agro com linhas de financiamento para aquisição de maquinas e avanço tecnológico, com uma mão, e estende a outra para a agricultura familiar. Caminha para ser a solucionadora de problemas, mediadora.

 

Mal sabem os inimigos de Kátia Abreu o que ela pode fazer pela agricultura familiar como Ministra da Agricultura. Capacidade e sensibilidade não lhe falta. Mas se há extremistas que pela sua natureza rude usam métodos abruptos, no campo, tem a turma que prefere usar meias-verdades e insiste em dizer que não, por ser grande ela seria automaticamente inimiga dos pequenos. Uma mentira inteira.

 

Os canalhas

 

Se alguns extremistas assustam pelos métodos, outros, mais polidos fazem a linha " turma do meio"  (que bate escondendo a mão) o que dizer dos canalhas?

 

Desde ontem também, a frase da presidenta é explorada de todas as maneiras, em análises da imprensa nacional.

 

É evidente que o recado de Dilma foi claro: ela quer Kátia Abreu na sua equipe nos próximos quatro anos, como alguém que tem capacidade de trabalho e soube conquistar sua confiança. Ponto.

 

Mas os canalhas não têm limites. A exploração da frase “vamos estar mais próximas do que nunca”, ao lado de uma foto que registrou um abraço entre as duas, no momento em que estão mais próximas, é uma coisa abjeta demais.

 

Está no Jornal O Globo e provoca os comentários mais variados desde ontem.

 

O subtexto está evidente num desafio a inteligência dos leitores que percebem a manipulação de texto e da imagem para levar uma mensagem capciosa: a do preconceito.

 

Os canalhas não têm limites na tentativa de desqualificar as pessoas. O problema deles é este: a falta de limites.

 

Resguardadas as devidas proporções é o que um Bolsonaro faz na Câmara por exemplo.

 

A questão é que Kátia Abreu será ministra. É assunto decidido. O desejo do vice-presidente Michel Temer é que ela seja anunciada junto com os ministros do PMDB, para fortalecer o partido. Articula para isto desde sábado passado.

 

Não convidá-la dentro da Confederação Nacional da Agricultura, foi uma decisão estratégica da presidente. Dilma ontem evitou confrontar seus apoiadores do MST, mas deixou claro que sua decisão está tomada.

 

Minha opinião sempre deixei cristalina neste espaço, que revela a linha editorial deste veículo: aqui a verdade é inteira.  Mesmo que alguns não gostem.

 

Kátia Abreu é um dos grandes talentos que o Tocantins teve a sorte de produzir e poder oferecer ao Brasil: corajosa, arrojada, com imensa capacidade de trabalho e de aprender o que não sabe.

 

Tem também limitações, que terá que trabalhar ao assumir a tarefa e pisar no campo minado que é o Ministério da Agricultura, uma estrutura de poder antiga e habitada por representantes de interesses mais privados do que coletivos.

 

Kátia terá que exercitar cada vez mais o diálogo, a tolerância com as diferenças e a habilidade de lidar com os extremistas, a turma santificada das meias verdades e os canalhas. Haja estômago!

 

Eu de minha parte, ainda acho os canalhas sorrateiros, o que há de pior.

 

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