Em agosto, quando a ex-secretária de Planejamento assumiu a gestão hospitalar, já era previsível que com sua disciplina para o trabalho, apego à legalidade dos processos administrativos e sensibilidade para tentar dar solução a um problema que sangra quase que diariamente a imagem do governo junto à opinião pública, ela tinha boas chances para acertar.
Pois bem, há pouco mais de 10 dias Vandinha, como é chamada pelos amigos, é titular da pasta. Hoje (insensíveis ao fato de que a área é melindrosa, e que por lá já passaram Arnaldo Nunes, Raimundo Boi, Gastão Neder, Nicolau esteves e Luiz Fernando Freez,) setores dentro e fora do governo começaram a soltar na “Rádio Peão”, que a secretaria será substituída.
E já nomeiam até o suposto novo secretario: Henrique Furtado, que foi secretario entre 2002 e 2003, médico cardiologista. Não o conheço, portanto não posso ter nada contra ou a favor da suposta eminente nomeação. Mas conheço a Vanda. Aliás, conhecemos.
Considero que o "ti ti ti” de bastidores seja reflexo da recente divulgação do número de mortes no HGP. Números abaixo da média nacional, mas que incomodam, é óbvio. Cada morte é uma luz que se apaga. E que todos sentimos, afinal, poderia ter sido com qualquer um dos nossos.
E é exatamente por isto - por ser uma área crítica em que erros de procedimentos, atraso no atendimento ou simplesmente a lógica do tempo e de tantos fatores naturais levam à morte – que quase todos se investem do supremo papel de cobradores do Estado e de possíveis solucionadores dos problemas, com sugestões e indicações. Inclusive de nomes.
O cidadão tem direito de exigir uma Saúde melhor dos seus governos: municipal, estadual e federal. Cada um na sua área de competência. O eleitor tem o direito de julgar os que ajudou a eleger, criticá-los, cobrar soluções.
Mas esperem aí: É preciso dar um tempo à Vanda Paiva para que ela dê resposta aos imensos desafios que aceitou ao assumir a pasta.
Acelerando os hospitais com recursos empenhados
Construção de obras obedecem a uma série de procedimentos. Querem um exemplo? O Hospital Regional de Gurupi, com emenda destinada pela senadora Kátia Abreu, e recursos disponibilizados desde dezembro do ano passado (R$ 25 milhões) não tem sequer projeto pronto. Culpa da Vanda? Não né. Culpa da incompetência dos que arrastaram as correntes da burocracia pelos corredores da Sesau nos últimos dez meses.
O projeto do HGR de Gurupi fica pronto até o dia 30. Depois disto será encaminhado para a Caixa, que tem 90 dias para analisá-lo e liberar a licitação. Isso poderia ter sido solucionado nos últimos seis meses? Sim. E por que não foi? É uma pergunta que entre tanto entra e sai na Sesau, fica difícil achar quem responda.
Diferente do caso de Gurupi, o Hospital de Araguaína teve o processo desencadeado com maior rapidez, e o projeto estará pronto em 30 dias. Ação provocada já pela nova secretária.
Liguei pra secretaria ainda há pouco para saber sobre as licitações para Gurupi, Araguaína, sobre os índices de morte no HGP e os leitos que devem ser ampliados. Aproveitei para perguntar se ela já tem providências para aquelas malas amontoadas na entrada do hall do HGP, uma humilhação a mais para os parentes dos doentes que vêm do interior. Há dias que as vejo por alí, jogadas no chão. Não existe um armário com chaves para que os acompanhantes guardem seus pertences. E por lá ficam travesseiros, malas, ventiladores, e o que mais trouxerem na bagagem.
“Estamos providenciando. O que dá para fazer sem licitação é mais rápidopara resolver. Mas construção de obra, de leitos, não posso mandar fazer da noite para o dia”, disse Vanda Paiva. É verdade. Nisso ninguém pode lhe tirar a razão.
Posso até estar enganada, mas acredito mais na gestão de administradores na área da Saúde, do que na de médicos. Por vários motivos. E torço para que o governo acerte com Vanda Paiva à frente da Sesau. Competência e coragem para o enfrentamento dos problemas ela tem.
Que em meio a tantos interesses, prevaleça o bom senso na classe política e nos que influenciam a opinião pública. Vamos sim acompanhar, fiscalizar, cobrar, enfim, fazer nosso papel. E deixar que os gestores da Saúde do Estado façam os deles. Pressão demais atrapalha. Especialmente em se tratando de Saúde.
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