Passado o furacão, o fiel da balança é João Ribeiro

Depois da filiação de Kátia Abreu ao PMDB, com reflexos na composição da Executiva do partido semana que vem, restará às oposições se unirem. Um cenário em que o papel de João Ribeiro é fundamental

 

O ex-governador Marcelo Miranda, em sua casa na noite de ontem, quinta-feira, 3 -  data que marca história na política tocantinense, pelo reencontro da senadora Kátia Abreu com as oposições  -  disse uma frase interessante.

 

“O vice-presidente Michel Temer me ligou, falou comigo e com a senadora agora há pouco, feliz que tenha acabado esta novela”, contou. Eu emendo: mais um capítulo. Decisivo, mas não o final.

 

Como se sabe, tem eleição dia 11 para o diretório do PMDB. Júnior Coimbra tem sem dúvida a maioria dos convencionais. Só existe uma chapa registrada, a do consenso. Mas, o deputado quer a eleição da Executiva para o mesmo dia. Condição que impôs caso a senadora Kátia Abreu se filiasse, como se filiou.

 

Vamos ver o que decide a comissão nomeada pela Nacional para acompanhar o processo no Tocantins.

 

Os desafios que Kátia Abreu terá para explicar ao seu eleitorado a permanência no governo Siqueira até agora e a volta no tempo (para repetir a dobradinha de 2006) para integrar o partido do seu avô, e do qual fez seu pai desfiliar-se para acompanhá-la no PFL é tema para outra análise.

 

O mais importante no lance de ontem, com a filiação da senadora no PMDB, é que ela neutralizou a ação de seus adversários políticos no governo para isolá-la politicamente.

 

Nos bastidores, tanto o grupo de Eduardo quanto o de Amastha trabalham para ter candidatura própria. A aposta no segundo turno é evidente caso fiquem definidas três chapas: uma com Eduardo Siqueira, outra com o prefeito, PT, PC do B e PSL e a terceira com o PMDB e seus aliados, entre os quais deve estar o PV de Marcelo Lélis.

 

Já não há mais como fazer uma frente “todos contra Kátia”. O jogo mudou.

 

Olhando de perto, só há uma liderança no Estado capaz de eliminar o risco do segundo turno no Tocantins: o senador João Ribeiro, presidente do PR.

 

Virtual pré-candidato ao governo, caberá a João escolher que aliança pretende fazer, já que Amastha foi taxativo: não fica no mesmo palanque que a senadora. Não por motivos políticos, mas pessoais. No grupo do prefeito não existe muito segredo quanto a isto: “Antes apoiar Eduardo do que Kátia”, ouvi recentemente.

 

João Ribeiro tem também uma forte ligação com Roberto Pires, da Fieto. Hoje o PP é comandado no Estado por Botelho e Pires. É deles a influência e as garantias da nacional. Vide a recente vinda do senador Ciro Nogueira ao Estado. Segundo corre, sem avisar o prefeito, que acabou não indo a abertura do evento.

 

A escolha de Ribeiro

 

O que João Ribeiro terá que escolher, mais cedo ou mais tarde é quem são seus parceiros preferenciais. Se Marcelo Miranda, Dulce e Kátia, com todo o grupo do PMDB que demonstrou ontem estar com eles; ou se o PT e o PP de Amastha.

 

Se Ribeiro for o candidato, já se sabe, Roberto Pires não será.

 

Kátia Abreu ontem deu seu recado: prefere Marcelo Miranda para disputar o governo, se este estiver em condições na data da convenção. Se não, o candidato poderá ser João Ribeiro. Este, recuperando-se do transplante e da doença rara que o acometeu, tem ainda pela frente cinco anos e três meses de mandato de senador.

 

Diante de todos os ingredientes que compõem o momento no cenário político, não resta dúvidas: candidato ou não, pela musculatura política que tem, o senador João Ribeiro é o fiel da balança das oposições. E terá nas mãos a condição de costurar sua unidade. Ou não.

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