Pesquisa T1 retrata momento de descrédito, insatisfação e desejo de mudança

Nomes tradicionais da política mostram que têm seus votos cristalizados, governo reflete rejeição nos seus candidatos e o novo surge forte com Marcelo Lelis na oposição

Um forte desejo de mudança está retratado na pesquisa que o Ipeto/T1 levou ao ar no dia 30, com a divulgação dos principais cenários para governo e do quadro geral de intenções de voto para o Senado. Registrada sob o número 00002/2014 no TRE, ela teve amostra de 1150 eleitores em 18 cidades do Estado.

 

De lá para cá, até ontem, divulgamos outros aspectos da pesquisa, que mostraram avaliação dos governos federal e estadual, as rejeições para os cargos de Governador e Senador e finalmente ontem apresentamos as aprovações e rejeições dos prefeitos das cinco maiores cidades do Estado.

 

A verdade é que o eleitor está insatisfeito. Não aprova seus governantes em nenhuma das esferas. O brasileiro e em especial o tocantinense, quer mais do que lhe é oferecido. Na verdade, porque não tem recebido o que lhe foi prometido.

 

Se fosse uma venda, dá para dizer que o candidato vendeu uma expectativa de vida melhor ao eleitor, recebeu o voto e uma vez eleito, não entregou. É isso, em síntese, que torna a classe política, no geral, desacreditada. E tem o poder de  - num extremo - criar monstros eleitorais desconhecidos.

 

Nos dois Marcelos, oposição tem o velho e o novo

 

O cenário de intenções de voto ao governo mostra liderança – num quadro de dez nomes pesquisados – de três oposicionistas: Marcelo Miranda, Kátia Abreu e Marcelo Lelis. Os dois primeiros tem votos cristalizados. Marcelo Miranda lidera como o velho conhecido da população tocantinense de quem o povo sente falta. Especialmente pelo tratamento dado aos mais humildes e a liberdade garantida às instituições.

 

A novidade é Marcelo Lelis, que era governista até as eleições de 2012. Após a derrota em Palmas, fez a leitura da insatisfação das urnas com o governo, somou isso aos problemas que viveu dentro do seu grupo de origem e deu o grito de independência. A coragem de romper logo, fora de período eleitoral, lhe beneficiou diante dos olhos do eleitor que também está insatisfeito.

 

Sua posição só é rejeitada pelos siqueiristas que permanecem crendo no governo. Os governistas insatisfeitos lhe compreendem e a oposição o abraça como uma nova liderança de perfil moderno no cenário.

 

É tanto, que os cenários testados na pesquisa, sem a presença de Miranda mostram liderança de Lelis se Kátia Abreu não disputar e empate técnico em segundo, caso dispute com a Senadora. Numa outra opção, empata também, mas em primeiro, quando se alternam representando o governo, Sandoval Cardoso ao invés de Eduardo Siqueira.

 

Para Senado, Kátia tem maioria

 

Nas intenções de voto para o Senado, a senadora Kátia Abreu mantém a liderança, num cenário com 10 nomes pesquisados. Seus votos estão cristalizados, independente da migração que fez de um grupo ao outro, em pontas divergentes.

 

É evidente que para a disputa esse quantitativo de candidatos diminui, aumentando os índices dos candidatos que permanecerem.

 

Marcelo Lelis pontua bem novamente, desta vez em segundo para Senado, o que o coloca em condições de compor uma chapa majoritária de oposição em qualquer das duas posições.

 

O que o cenário de Senado mostra de interessante é que somados, os votos dos candidatos de oposição representam uma tendência definitiva contrária ao governo,. Carlos Gaguim, ex-governador, mesmo inelegível pontua na frente do ex-governador Siqueira Campos, que acaba de deixar o Palácio Araguaia. Quer sinal de insatisfação maior que este?

 

Pouco conhecidos também podem surpreender

 

No bloco dos pouco conhecidos pelo eleitor, lidera o procurador Mário Lúcio Avelar, à frente do presidente da Fieto, Roberto Pires e do Senador Ataídes Oliveira, que começou há pouco tempo sua peregrinação pelos municípios, após assumir mandato com o falecimento do senador João Ribeiro.

 

Apesar do curto tempo, uma campanha bem feita, que consiga apresentar bem estes nomes e identificá-los com o eleitor, poderá surtir efeito. Justamente no vácuo da insatisfação do eleitorado, que busca nomes livres de comprometimento com o que já rejeitou.

 

Erros do governo refletem em seus candidatos

 

De todo cenário de insatisfação, fica evidente o preço alto que o governo paga pelos erros cometidos. Sua rejeição beira a casa dos 40%. Uma vez que não é possível se considerar avaliação de “regular” como aprovação a governos, lê-se na pesquisa que o percentual do eleitorado que aprova a gestão Siqueira/Eduardo Siqueira é de apenas 18,21%.

 

Ou seja: mesmo quem está envolvido com o governo (servidores e contratados) e quem presta serviço a ele (empresários, empreiteiros) não se arrisca a dizer que está bom ou ótimo. Um cenário bem perigoso e que se reflete nos índices de rejeição para Governo e Senado.

 

Nestes vemos os dois, pai e filho liderando as rejeições. Eduardo Siqueira Campos tem 34,70% num universo de 10 pré-candidatos a governo. Siqueira Campos tem 30,70% num universo de 10 pré-candidatos ao Senado. OPu seja, reduzindo o número, diz a lógica, isso ainda pode aumentar.

 

Está aí o reflexo de dois anos e meio de paralisia, com argumento de que estavam saneando as contas do governo. Reflexo de denúncias de corrupção no governo e do rombo milionário no Igeprev. Reflexo de uma política mal feita, que rifou companheiros antigos e abraçou e valorizou adversários.

 

Esta pesquisa é como sempre, apenas um reflexo deste momento. A campanha nem começou. Os candidatos sequer estão definidos, mas uma coisa é certa: o tempo é curto para operar uma mudança radical no sentimento popular que ela reflete.

 

A oposição, como se vê, já pode respirar aliviada por ter alternativas à Marcelo Miranda, caso sua pretensão de disputar o governo seja frustrada na justiça.

 

O governo, por sua vez, tem que construir um novo nome. E convencer o eleitor de que ele não carrega o ônus de ser governo.

 

Haverá tempo e sabedoria para tanto?

 

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