PMDB entra o ano enfrentando dilema da esfinge e pode implodir antes da eleição

Fora do foco nas últimas semanas, o maior partido de oposição no Tocantins entra o ano sem resolver seus problemas internos. Sua indefinição afasta possíveis aliados e pode por eleição a perder...

Divergentes do PMDB já não dividem a mesma mesa
Descrição: Divergentes do PMDB já não dividem a mesma mesa Crédito: T1 Notícias/Arquivo

A discórdia, que por enquanto dorme sob a falsa aparência de que as divergências foram resolvidas, pode resultar num processo de implosão provocado pela falta de entendimento entre seus principais líderes.

 

Explico.

 

Enquanto a Nacional aposta numa dobradinha puro sangue entre os dois nomes mais fortes da legenda no Estado: Marcelo Miranda e Kátia Abreu, na base a coisa é diferente. E não mudou.

 

O deputado federal Júnior Coimbra, presidente do partido, trabalha abertamente uma candidatura própria a governo. Tem o apoio do ex-governador Carlos Gaguim. Por onde anda: no interior ou na capital, Coimbra pede votos a governo. E está disposto a bater chapa na convenção com Marcelo Miranda.

 

A determinação de ter candidatura própria, definida também em nível nacional, favorece o plano de criar uma alternativa ao nome de Marcelo. “Esteja ele impedido ou não, vamos bater chapa”, confidenciou ao Portal uma fonte do grupo. Nos bastidores, o que se escuta é que muita gente não perdoa que Marcelo tenha insistido até o fim numa candidatura ao Senado, sabendo que corria o risco de não assumir o mandato. "Trabalhamos muito por ele, e perdemos o esforço", alinhava a fonte. Para o grupo, ao não abrir mão em favor de sua mulher, Dulce Miranda, ou do pai, Brito, o ex-governador teria jogado fora o mandato: "Não vamos correr esse risco de novo".

 

O raciocínio para o enfrentamento é simples: Os votos do diretório continuam em sua maioria com o grupo de Coimbra. Nos bastidores a conta é que o PMDB chegará à convenção com 70% dos convencionais prontos para votar contra a chapa Marcelo e Kátia se permanecer o quadro atual.

 

Correndo por fora, Carlos Gaguim tenta resolver seus problemas legais para poder disputar, de preferência o Senado. A solução do caso Litucera o favorece, tanto quanto a Marcelo. A rejeição de contas é considerada juridicamente frágil e fácil de ser derrubada.

 

Desunião pode derrotar grupo de véspera

 

Quem assiste de fora a disputa interna do PMDB percebe claramente que a desunião entre seus principais líderes pode derrotar de véspera o partido que tem três ex-governadores e é historicamente a maior força política que rivaliza com os Siqueiras.

 

Perdido nos meandros da falta de diálogo, o PMDB tem muita gente querendo a mesma coisa e a incapacidade de resolver rapidamente estes problemas caminha para minar a confiança do eleitorado na capacidade do partido de oferecer um projeto alternativo para o Estado.

 

Imaginem a cena -  que não é difícil de acontecer – de um grupo impondo ao outro uma derrota na convenção. Independente de quem vença, o partido implode. Se o grupo Coimbra chegar a impor uma derrota a Marcelo e Kátia na convenção a eleição está perdida.

 

Se Marcelo e Kátia se imporem pela força da Nacional, marcharão enfraquecidos para uma disputa e serão esvaziados dentro do processo pelos próprios companheiros de legenda.

 

O PMDB entra este janeiro enfrentando o famoso dilema da esfinge: “Decifra-me, ou devoro-te”. O que está faltando dentro do partido, é um pouco do exercício da arte de fazer política: estabelecer objetivos maiores, fazer acordos que possam ser cumpridos, conversar.

 

O partido carece urgentemente de um mediador capaz de construir uma ponte de diálogo e entendimento entre os dois grupos. Ou vai se esfacelar, deixar de ser a segunda via e enfrentar um final melancólico para o que já foi uma grande história.

 

 

 

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