Precisamos falar sobre Laura

Polícia Civil não tem resposta para o paradeiro da menina Laura Vitória, de 9 anos, desaparecida perto de casa. Triste mundo em que vivemos, onde um carro é recuperado mais rápido que uma criança...

Quando o dia amanhecer nesta quarta-feira, 3, estarão se completando exatos 25 dias que a menina Laura Vitória saiu para comprar milho, num mercado perto de casa no setor Lago Sul, em Palmas e desapareceu. Quem a levou? Para onde?

 

Ninguém pediu resgate por ela, até onde se sabe. Nenhuma notícia nova é divulgada desde que a Homicídios - que assumiu o caso - informou trabalhar com a hipótese de que ela tenha sido levada por alguém conhecido. E só.

 

O desespero dos familiares, especialmente da avó da menina, é de cortar o coração. Avó e mãe de criação, já que Laura é criada por dona Gilsandra, que num apelo desesperado a quem a roubou, pediu dia destes numa entrevista: “eu só peço que devolvam ela. Está chegando o dia da volta às aulas, ela tem que escolher os materiais dela…” 

 

Conforme vai passando o tempo, dizem as estatísticas, mais as pistas esfriam. Mais difícil de achar. Dona Gilsandra sabe. Até os trotes pararam de fazer seu telefone tocar. Dia destes, falando com nossa equipe de reportagem, ela reclamava da falta de notícias por parte da polícia para a família. Um drama que ninguém desejaria viver.

 

Ontem, durante a entrega de 40 viaturas à Polícia Militar, que cumpre policiamento ostensivo e portanto, preventivo, o governador Marcelo Miranda contou uma história. Segundo ele, um cidadão o procurou num domingo reclamando que teve sua camioneta Hillux roubada e que na terça ela já havia sido encontrada. 

 

É uma pena que a menina Laura não tenha a mesma sorte que o veículo caro, luxuoso, provavelmente segurado. Faz pensar… 

 

Que sociedade é esta a que nós vivemos, em que automóveis têm rastreadores, mas crianças perdidas, sequestradas, roubadas, não têm rastros visíveis ou identificáveis o suficiente para serem devolvidas às suas famílias, que choram por elas.

 

Não é falar mal, dizer a verdade. E a verdade que grita no vigésimo quinto dia do desaparecimento de Laura é que os recursos humanos e de inteligência da polícia civil tocantinense são parcos e insuficientes para dar resposta rápida a crimes desta natureza.

 

Precisamos falar sobre Laura.

 

Não para traçar teorias, acusar a mãe de envolvimento com drogas, levantar suspeitas sobre um ex-namorado.

 

Precisamos falar sobre Laura para definir prioridades quando o assunto é a segurança das nossas famílias. Pobres, ricas, moradoras do Lago Norte ou do Lago Sul.

 

Não é possível que esta menina tenha evaporado sob a luz do sol de Palmas sem que ninguém visse, sem que ninguém possa dizer algo sobre o seu paradeiro.

 

O que está faltando para que Laura finalmente apareça?

 

Sem medo de errar:  falta que mais gente grande se importe com gente como ela.

Comentários (0)