Quando agosto chegar

Incertezas rondam a construção de chapas nos grupos que pretendem disputar o Governo do Estado e o Senado nas eleições do próximo ano...

É um cenário de incertezas o que se projeta para a construção de chapas nos diversos grupos que se fracionam em torno de buscar eleger governador e senador nas eleições do próximo ano.

 

É o que tenho ouvido nos bastidores ao conversar sobre quem e quantos candidatos poderão terminar o mês de junho de 2014 com candidaturas consolidadas.

 

De certo, um candidato à sucessão terá o apoio do governo. Já as oposições são várias, ainda que numa tentativa antecipada de formar bloco, PT e PP tenham se juntado para tentar buscar outros partidos afins e então construir um palanque forte para a presidenta Dilma no Estado.

 

Mas isso foi antes das ruas serem varridas por manifestantes de todas as correntes e tendências, muitos deles sem pertencer ideologicamente a qualquer corrente e sem outra tendência que não fosse a vontade de protestar.

 

Agora que a declaração espontânea de voto e apoio a presidente cai desabaladamente nas pesquisas de opinião, ser ou estar no palanque presidencial certamente pode não ter o mesmo apelo.

 

Nomes colocados

 

De concreto sabemos que o governo tem um nome: o do ex-senador Eduardo Siqueira, que já colocou publicamente em duas entrevistas, o desejo de concorrer no lugar do pai, à sua sucessão. Ainda que busque juridicamente a segurança necessária ao registro de candidatura e ao pleito.

 

Construir esta candidatura dentro e fora da base do governo é o desafio de Eduardo, que mergulhou nas últimas semanas, saindo da mídia e da posição de interlocutor principal do governo até agosto chegar.

 

É tempo de férias no Tocantins. Pelas praias e cavalgadas e festas diversas no interior, as diversas oposições buscam seu caminho, perto do povo, na tentativa de viabilizar nomes. Seja a governo, a Senado, a vice, ou à suplência.

 

Na oposição ao governo e a Eduardo na capital, lidera o prefeito Carlos Amastha. É o natural, uma vez que venceu as eleições no maior colégio eleitoral do Estado com um discurso frontalmente anti-governista. Detalhe: também fez um discurso anti-Raul, que estava no comando do Paço há oito anos.

 

Sete meses depois o PT, legenda que abriga o ex-prefeito, caminha com o novo, novamente. E nas suas alas internas o PT vivencia novamente uma disputa de poder entre o grupo de Raul e o de Donizeti. Se vencer Raul, o PT caminhará com Amastha? É uma das incógnitas que ronda o projeto de união das oposições na capital.

 

Correndo por fora

 

Os nomes que correm por fora são muitos. Na falta de uma estrela como a de Marcelo Miranda -  que mantém o brilho mesmo com todo o desgaste sofrido com a cassação do mandato de governador e a eleição sem posse para o Senado – as oposições buscam quem será aquele ou aquela a carregar a esperança de renovação de quadros na política tocantinense.

 

Quem será capaz de acenar com alguma possibilidade de recuperação financeira da nossa economia, dependente em alto grau de um Estado que dá sinais de falência?

 

Quem será capaz de acender de novo a chama que Siqueira inflamou quando venceu Gaguim por pouco mais de 7 mil votos?

 

Pelo PMDB, carente de estrelas, corre o trecho ao lado do mesmo Carlos Gaguim, o empresário que se notabilizou no ramo de combustíveis na Capital, Dito do Petrolíder. Já ouvi de gente séria e com muitos mandatos no Estado a defesa do nome dele. “Por que não? É empresário como o povo quer e é curraleiro, é dos nossos”, ouvi de um deputado há pouco tempo.

 

Espalhados por outros partidos, mas com vontade de construir novas chapas e novas possibilidades está Ataídes Oliveira -  que já anunciou intenção de deixar o PSDB -  Marcelo Lélis, que tenta dar novo rumo ao seu Partido Verde (e mostrou isto no VT do partido que já está no Facebook), João Ribeiro (que rompeu ano passado, vive processo de recuperação e sonha em disputar o governo).

 

Participando do governo, com o qual mantém laços administrativos e políticos, a senadora Kátia Abreu – inicialmente pré-candidata à reeleição – também é nome lembrado para o governo, numa alternativa ao nome de Eduardo.

 

Ligado há mais tempo que ela ao grupo Siqueirista está o senador Vicentinho Alves, que trabalha para disputar o governo, com um discurso mais ao centro, de independência e buscando aliados na oposição.

 

Afunilando as intenções

 

Quando agosto chegar, será a hora do começo de um processo de afunilamento de nomes. Quem tem suas intenções vai buscar se acomodar em partidos que permitam que elas se concretizem -  também para as proporcionais – já que o prazo limite para filiações é outubro.

 

Este é o primeiro tempo de um jogo que terá suas seleções definidas de fato em junho, nas convenções.

 

Até lá, o cenário está aberto de forma tão ampla, que nomes que nunca disputaram um mandato são levados de boca em boca, na surdina ou claramente nos bastidores da política. Como o de Mário Lúcio Avelar, procurador federal que ficou conhecido por protagonizar disputas jurídicas com o governo Siqueira ainda na virada do milênio.

 

Ou o da empresária Fátima Roriz, que ao mudar de função dentro da Organização Jaime Câmara, acendeu nos bastidores os rumores de que pode disputar o Senado. O grupo já contou com João Rocha nos primeiros anos de implantação do Estado e sonha ter novo representante no Senado. Mas Fátima Roriz representa muito mais que os interesses da Jaime Câmara. Tem outras bandeiras, está envolvida em segmentos bastante simpáticos a renovação de quadros na política e pode surpreender positivamente.

 

Quem sairá do campo do sonho e das intenções para o plano da realidade árdua das urnas, e em que posição, ainda é uma incógnita. As respostas começarão a se definir de fato quando agosto chegar.

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