Quem tem medo de Raul?

A cada dia um movimento dos recursos que Raul Filho tem em Brasília movimentam o noticiário e os factóides. Por que motivo a campanha em Palmas na primeira semana se resume a elegibilidade do ex?

Raul em sua convenção, no último dia 5
Descrição: Raul em sua convenção, no último dia 5 Crédito: Foto: Divulgação

A campanha em Palmas nessa primeira semana pós convenções gira em torno dia após dia, da mesma pergunta: Raul é ou não é candidato?

 

Factóides brotam de todos os lados para animar a militância, ou desestimulá-la, mas a pergunta continua sem resposta…

 

Munido de uma liminar que suspende a aplicação das duas penas concomitantes aplicadas na condenação que sofreu por prática de crime ambiental em obras realizadas em sua chácara às margens do Lago do Lajeado, Raul Filho argumenta, por meio de seus advogados, que é candidato.

 

Até hoje, quinta-feira, 11, sua certidão no Cartório Eleitoral demonstra no entanto que o ex-prefeito permanece com direitos políticos suspensos.

 

A Revisão Criminal protocolada no TRF, 1ª Região, recurso com o qual o tenta reverter a condenação sofrida seria de fato, a única alternativa que - caso alcance sucesso -  poderia dar segurança jurídica à sua campanha. Nos bastidores, é o que dizem advogados que acompanham o desenrolar do processo, mas não querem expor publicamente suas opiniões. Com uma condenação transitada em julgado, muitos, mas muitos são os que apostam ser impossível que Raul se livre da inelegibilidade, consequência da condenação.

 

O tempo vai dizer quem tem razão…

 

De concreto, o julgamento da revisão, que aconteceria dia 10 passado foi adiado. O argumento é de que ainda seria necessário tempo para visitar os demais ministros num trabalho de convencimento da defesa, e o processo volta à pauta no final do mês. Na campanha, o efeito é ruim, como bem resumiu hoje o deputado Valdemar Jr em entrevista: "enquanto essa indefinição se arrasta ele sangra na praça".

 

Ouvindo líderes do grupo que apoia Raul Filho no final da semana, tive a informação de que eles lhe deram um prazo até dia 29 para resolver sua situação jurídica. Se nesse prazo não tiver em seu favor uma decisão que dê segurança ao grupo será substituído. “Ele está consciente disso”, disse ao T1 um dos seus principais cabos eleitorais.

 

Na lista de substituição estão Carlos Gaguim e Solange Duailibe. Uma pesquisa de consumo interno testou os dois nomes para um eventual cenário de troca. A escolha no entanto só virá se e quando for necessária a substituição. E possivelmente com outra consulta, já que o cenário mudou muito com as desistências, adesões e mudanças dos últimos dias.

 

Nos bastidores circula também que pelo empenho nas articulações feitas em favor do grupo que tem Raul como candidato, o deputado Irajá Abreu possa ser o substituto… A conferir.

 

A grande questão por trás da dúvida em torno de Raul é que ela não deveria, em hipótese alguma, ser a o carro chefe, a principal preocupação da campanha em Palmas nesse começo de agosto.

 

Afinal, quem tem medo de Raul Filho?

 

Num breve exercício de memória, eleitores com acesso à TV e à internet não demorariam a se lembrar -  com fartura de imagens -  como estava Palmas no último ano de gestão do então prefeito petista. Suja, esburacada. Era o tempo do pequi...

 

Uma breve busca nos arquivos também mostrará o constrangimento do material que foi ao ar no Fantástico, mostrando as ligações de Raul com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, gravadas pelo próprio ao ser buscado para apoio financeiro na primeira eleição do ex-prefeito. Era o tempo do estágio...

 

Da mesma época aquelas cenas que rolaram na CPI do Cachoeira estão fartamente documentadas. Era o tempo em que o apoio à Luana não rendia votos suficientes para colocá-la no páreo, mas deu "a intera" a Amastha para bater nas urnas, o então deputado Marcelo Lelis.

 

Tudo isso, sem nenhuma dúvida, emergirá novamente numa campanha.

 

O comparativo entre a gestão Raul e a de Carlos Amastha também será feito. Não em volume, pois oito anos não se equivalem a quatro, mas no jeito de administrar. Isso não só no trato com as pessoas, mas com a coisa pública.

 

É uma campanha para muito chumbo grosso. De todos os lados.

 

Sendo assim, volto à pergunta lá do título: quem tem medo de Raul?

 

Por que motivo as campanhas de situação ou mesmo as alternativas de oposição devem temer a popularidade que o ex-prefeito demonstra nas ruas e nas pesquisas de opinião? A rejeição de Amastha é grande o suficiente para eleger Raul?

 

Se eleição fosse definida de véspera e ainda mais, 50 dias antes, não haveria sentido em enfrentar uma campanha.

 

Quem tem medo de Raul, precisa colocar a viola no saco e voltar para casa.

 

Afinal, na política como no futebol, o jogo é jogado.

 

Ganha quem erra menos, quem se articula melhor, quem demonstra competência.

 

Com o rumo que a política nacional tomou, com o desgaste de alianças sem explicação, o eleitor está querendo saber mesmo é quem será capaz de mudar sua vida para melhor. E repudia tudo que soa falso, turvo, difícil de confiar.

 

Só pode colocar o nome na disputa e ir para as ruas, quem acredita representar esta melhor alternativa.

 

Conclusão: deixem o homem correr atrás de se viabilizar. Se conseguir, que diga a que veio. Se não, cai antes de agosto findar.

 

O resto se define nas rodas de conversa, nos fundos de quintal, nas ruas. No diálogo, no programa de TV, nas redes sociais.

 

Está faltando começar a debater Palmas. Seus problemas. Suas alternativas de solução.

 

Esta é uma eleição para gente grande. Capaz de fazer o debate que a cidade precisa.

 

Quem não estiver à altura, não há de se habilitar.

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