Raul enfrenta crise: FPM de março não cobre a folha

Se dependesse unicamente da arrecadação com o FPM, o prefeito de Palmas, Raul Filho não teria condições de pagar a folha deste mês. O que antes era suficiente para folha de pagamento e custeio, agora não cobre despesas com funcionários. Numa entrevis...

Desde que assumiu seu segundo mandato à frente da Prefeitura de Palmas, o prefeito Raul Filho (PT), enfrenta uma maratona que começa todos os dias, às 5hs da manhã, quando acorda e se prepara para o primeiro compromisso: uma hora e quarenta minutos de exercícios físicos. A partir das 7hs da manhã, o prefeito tem cumprido uma rotina de trabalho que envolve vistoriar obras, atender a população, despachar com secretários, e ajustar a cidade para enfrentar a pior crise econômica de sua história. “No mês de março, pela primeira vez, a prefeitura de Palmas não receberá - somadas as três parcelas do FPM – o suficiente para pagar sua folha”, adiantou Raul numa entrevista exclusiva para o lançamento do Site Roberta Tum. Confira a íntegra da entrevista:

Prefeito, diante da redução de receita sofrida pela Prefeitura de Palmas, como está a situação administrativa da cidade?

Raul Filho – Nós consideramos a situação gravíssima. É muito mais complicado do que prevíamos. Nós estimamos a redução em R$ 66 milhões, o que daria algo em torno de R$ 5, 5 milhões ao mês. Tem sido muito maior que isto. Em fevereiro, tivemos uma perca de R$ 7 milhões com relação ao ano passado. Em março, somadas as três parcelas do FPM, as duas recebidas e a terceira prevista para o dia 30, não será possível pagar a folha. Até o ano passado, o FPM pagava a folha e o custeio.

O que o FPM representa na receita total do município?

Raul Filho – Cerca de 59% da arrecadação. A segunda maior receita é o ICMS, que gira em torno de R$ 12 milhões, e a terceira é o ISSQN, que gira em torno de R$ 10 milhões. O IPTU é a 7ª receita que nós temos. Com toda a campanha que fizemos, e os descontos, arrecadamos R$ 4 milhões. Se nossa Planta de Valores fosse ajustada ao valor real de mercado dos imóveis, como é o caso de Goiânia e outras cidades brasileiras teríamos uma arrecadação de R$ 16 milhões através do IPTU.

Como o senhor está administrando esta crise?

Raul Filho – Nós fizemos uma gestão fiscal elogiada pela CNM. Palmas foi indicada como a segunda cidade brasileira em organização fiscal. Há muito temo eu institui uma política: nós não gastamos mais do que arrecadamos. Nós chegamos ao ponto de guardar algumas reservas, algo entre R$ 8 e R$ 15 milhões. Estas gorduras é que nos ajudaram nos primeiros meses, mas se não houver uma solução rápida, chegaremos ao caos. A cidade não tem tempo para esperar.

O distanciamento do PT do governo Marcelo Miranda tem sido visto como um sinal de aproximação com setores da União do Tocantins, e com o ex-governador Siqueira Campos. Isto é verdade?

Raul Filho – Não é verdadeiro. O PT é um partido que tem projeto olítico. Isto não quer dizer que amanhã não seja possível ter aliados, até por que nós temos humildade suficiente para isto. O que o PT mais fez foi tentar ser aliado do governo Marcelo Miranda, mas esta reciprocidade nunca existiu. O governo sempre nos tratou como adversários. Eu particularmente soube relevar isto por muito tempo, faço questão de frisar. Inclusive isto pode ser visto nas ações da minha esposa na Assembléia Legislativa.

É verdade que houve a ajuda do Estado à sua primeira gestão, inclusive com investimento de R$ 18 milhões de reais por parte do governo em construção de galerias pluviais na parte sul da cidade?

Raul Filho – Não em parceria com a prefeitura. Houve sim uma parceria no meu primeiro ano de gestão, e depois em meados da disputa do governador pela sua reeleição. Com relação a parcerias foi feito muito pouco. Se comparado ao que o Estado havia feito em gestões anteriores, ficou bem aquém, no básico mesmo.

Prefeito, nota-se uma mudança nos primeiros meses de sua segunda gestão. A prefeitura tem dado maior visibilidade ás suas ações, o senhor tem marcado presença em eventos e vistoria de obras pela cidade. A que se devem estas mudanças? É um novo Raul, para um novo mandato?

Raul Filho – Eu diria não um novo Raul, mas um novo mandato com a oportunidade de não repetir erros. Eu vivi três anos enclausurado dentro de um gabinete resolvendo problemas burocráticos. Quando eu percebi, o tempo tinha passado. Eram problemas que precisavam ser delegados. A equipe tem que se ajustar. Eu começo minha rotina cedo e tenho saído da prefeitura oito, nove horas da noite todos os dias. Isto não é justo. As pessoas têm que assumir responsabilidades e trazer soluções para os problemas.

O senhor acha que conseguirá ser o prefeito que deseja ser?

Raul Filho – É o que eu pretendo. Eu marquei 40 dias para sair do gabinete, depois de fazer os ajustes na equipe. Já estão completando 90. Eu começo a ir pra rua efetivamente no dia 5. Pretendo definir dois dias por semana para o atendimento institucional, e no mais estar nas ruas,Palmas é uma cidade em construção. Também pretendo viajar mais, em busca de trazer o melhor para esta cidade.

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