Reforma administrativa e ajuste político na pauta do governo

Amigos, vem por aí, já engedrada nos bastidores do Araguaia, uma reforma administrativa daquelas

Alguns aliados do governo já apostavam na troca de titulares desde que a eleição em Palmas caminhou para a reta final apontando entre os motivos da derrota a falta de comprometimento de grande parte do secretariado e cargos de confiança do governador com o candidato apoiado pelo governo.

 

Mas é um engano pensar assim. O governo faz suas contas e considera que perdeu a capital, mas ganhou no interior do Estado, em cidades estratégicas. Os motivos da reforma estariam portanto, muito mais na necessidade urgente de ajustar estruturas e gastos.

 

Como eu antecipei aqui bem antes das eleições, o déficit entre receitas e despesas do governo só vinha aumentando. A projeção inicial era de chegar ao final do ano acima de R$ 200 milhões no vermelho. Agora, comentam entre si boa parte dos secretários, muitas pastas já não têm mais orçamento para usar. E a projeção do déficit está na casa dos R$ 270 milhões. Embora diga o contrário quando é conveniente, o governo está como aquele servidor público que já enfrenta restrições de margem quando vai fazer empréstimo consignado. E tem dificuldades com contrapartidas de empréstimos. Fato.

 

Faltando 75 dias para o final do ano, o núcleo forte do governo (Siqueira e Eduardo) tem pela frente algumas decisões a serem tomadas.

 

Fundir e extinguir secretarias

 

Fundir pastas, extinguir secretarias extraordinárias que não servem para nada além de acomodar companheiros, deve ser uma das medidas a serem anunciadas a partir da próxima semana. Até o final de outubro, muitos podem dormir no primeiro escalão e acordar na planície.

 

Com a saída de Borges da Silveira -  que os mais próximos consideram ter sido decisão de rompante do governador – sobrou a pasta, Ciência e Tecnologia, com objetivos muito próximos da Fapto. Só que a fundação tem como captar recursos e cumprir o papel da secretaria, cuja estrutura consome recursos humanos e financeiros. E ficou sem titular que justifique a necessidade de sua manutenção.

 

Parêntese: o ex-ministro já havia manifestado a intenção de sair no final do ano. Gastava cerca de R$ 8 mil só em passagens para ir a Curitiba aos finais de semana rever sua mulher, e ganhava exatamente o mesmo salário que já tinha em Brasília, devido ao impedimento do acumulo de vencimentos com o novo cargo. A exoneração, uma semana depois das eleições em Palmas consagraremo ex-sócio de Silveira, Carlos Amastha, soou mal.

 

Voltando às pastas que podem ser extintas.

 

A Secretaria das Cidades, que abrigou Ronaldo Dimas – eleito prefeito de Araguaína -  e que hoje acomoda Sandoval Cardoso -  eleito presidente da Assembléia Legislativa – também não tem funções que a diferenciem tanto assim da pasta da Habitação, por exemplo. Não haveria motivos para o Estado mantê-la. E na lista de corte pode entrar as pastas de fachada, que só servem para abrigar companheiros. E mais nada.

 

Quem afinal são os aliados?

 

Como eu disse lá no início, no campo político, o governo perdeu Palmas, avaliam os aliados, mas ganhou nas principais cidades do Estado.

Em que pesem os desgastes no Sudeste e no Bico do Papagaio em algumas aparições do governador na reta final da campanha, agentes políticos do governo entendem que o esforço de última hora de Siqueira ao percorrer 90 cidades em 10 dias ajudou muito candidatos em cidades importantes do Estado.

 

Moisés Avelino em Paraíso, Otoniel Andrade em Porto Nacional, Wagner da Gráfica em Formoso, só para ficar nestes três exemplos, estavam empatados tecnicamente com seus adversários, e não tinham a eleição definida.

 

A conclusão, é que o governo -  ainda que com todo o desgaste das dificuldades em cumprir as promessas de campanha e movimentar a economia do Estado – tem seu peso e ajudou a definir a disputa em cidades estratégicas.

 

No “seca bagaço” como diz o sertanejo resta fazer as contas dos prefeitos eleitos para saber quantos -  independente das legendas que os abriguem -  podem ser considerados da base do governo.

 

E aí vai ser preciso incluir Laurez Moreira em Gurupi, que é do PSB juntamente com os do PTN que foram apoiados por Eduardo Siqueira. Os do PSD eleitos sob as asas da senadora Kátia Abreu, que é da base do governo. E até os do PR, que como Dimas, afinam com o Palácio Araguaia.

 

O ajuste político que os aliados tradicionais de Siqueira querem ver acontecer, é para abrigar os que ainda hoje esperam e se consideram injustiçados. Resta saber se na reforma, haverá espaço e atenção para estes.

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