Resultado reforça velha lógica política: companheiro é companheiro, adversário..

Entre os vários registros interessantes que estas eleições municipais deixaram para análise, dois merecem atenção especial da classe poltica...

 

O  repúdio do eleitorado em Palmas à alianças motivadas por interesses circunstanciais ficou evidente. Assim como o inconformismo, no interior, de aliados do governador, preteridos na hora da disputa, por outros aliados.

 

O prefeito Raul Filho disse ontem, no seu primeiro encontro com o prefeito eleito Carlos Amastha, que  “a derrota de Marcelo Lélis começou com o apoio do PMDB e do PDT”.

 

A frase reflete não só o que ele próprio pensa, mas o que tenho ouvido, e muito, nos bastidores das conversas com políticos de diferentes matizes.

 

Embora em rota inversa, poderia se dizer, parafraseando Raul, que a derrota do seu grupo político, começou com a escolha de Luana Ribeiro – contrariando seus aliados - e do vice Alan Barbiero. Na primeira, o PDT saiu fora. Na segunda, o PMDB de Coimbra e Pugliese.

 

No caso de Raul, ele não acusa qualquer perda,  ao contrário, demonstra satisfação com o resultado das urnas. Especialmente depois de ter liberado os vereadores ligados a ele para, nas duas últimas semanas, reforçarem o discurso pró-Amastha.

 

Mais importante que qualquer exercício de futurologia às avessas, sobre o que poderia ter sido diferente, é importante entender o que a população está dizendo com o resultado das urnas.

 

PMDB e governistas: os dois erraram

 

O saldo para o PMDB na capital é de três vereadores eleitos: Rogério Freitas, Joel Borges e Emerson Coimbra. De fora, ficou Carlos Braga. Para alguns, isto pode ser considerado um ganho, mas o certo é que Júnior Coimbra, que comandou a aliança, enfrentará nos próximos dias o questionamento dos peemedebistas que não aprovaram a decisão. Entre eles, dois ex-governadores: Marcelo Miranda e Carlos Gaguim.

 

Chamado de “Judas Coimbra” no palanque de Amastha no último comício da campanha, o deputado e presidente do PMDB terá que dividir em Brasília a representatividade do partido com seu maior adversário de campanha. Os resistentes ganharam um reforço, já que com a eleição de Moisés Avelino e Paraíso e Laurez Moreira em Gurupi, o velho Oswaldo Reis de guerra volta à Brasília e equilibrará as forças com Coimbra, a quem atribui boa parte da sua derrota nas urnas em 2010.

 

No grupo governista poucos ainda alimentam dúvidas de que a escolha da vereadora Cirlene Pugliese para vice foi desastrosa para Marcelo Lelis. Nos comícios finais, seu discurso de ataque a Carlos Amastha extrapolaram qualquer limite do bom senso. Fora as reclamações dentro da campanha da “falta de ânimo”de Cirlene em caminhar e pedir votos.

 

PDT de Edna: a corda estourou beneficiando o 11

 

A coordenação dos candidatos a vereadores pela vice-prefeita Edna Agnolin, na coligação de Marcelo Lelis foi outro ponto nelvrágico da campanha. O primeiro depósito em conta para os vereadores chegou após a senadora Kátia Abreu(PSD) assumir a coordenação da campanha e provocar doações em volume suficiente para que cada um recebesse um crédito de R$ 5 mil em conta.

 

A própria Edna Agnolin reclamou do que chamou de “falta de dinheiro” na campanha, enquanto vereadores e candidatos a vereador do grupo inicial de Lelis reclamavam da sua distribuição de combustível e contratos.

 

No fim, João Telmo Valduga liderou a debandada criando o tal “PDT de Atitude”, e Ricardo Ribeirinha protagonizou um dos episódios mais polêmicos da reta final da campanha com o “vai não vai” para o grupo de Amastha, retirando o apoio a Marcelo Lelis e abrindo baterias contra a coligação governista.

 

Problemas no interior

 

Saindo de Palmas, um outro fato chamou a atenção na reta final da campanha: os relatos de vaias e protestos públicos especialmente no Sudeste do Estado, em algumas aparições do governador Siqueira Campos.

 

Não que elas refletissem desprestígio pessoal ou administrativo. Em sua maioria, elas representaram o desabafo e o inconformismo de aliados, preteridos por outros, “mais” aliados. Nestes locais, avaliam políticos da base do governador, seria melhor se não tivesse ido.

 

Hora de reflexão

 

Na verdade não é preciso ir longe para compreender que o momento é de reflexão para os partidos que se envolveram nesta disputa, trilhando o caminho das alianças sem explicação lógica para o eleitor, que não fosse a acomodação de interesses. Sejam de grupo, ou pessoais.

 

Vereadores que trocaram de prefeito na última hora, seja pelo voto útil, ou por outra coisa útil. Partidos que traíram seu discurso de décadas por uma oportunidade eventual de eleger pessoas ligadas a seus líderes. (Eli Borges, o virtual candidato a prefeito, elegeu o irmão Joel. Jr. Coimbra elegeu o sobrinho, Emerson). Todos precisam repensar.

 

O que o eleitor está dizendo, é que não aceita tudo. O que os “companheiros” do interior estão dizendo, é que não aceitam ajudar seus líderes a chegarem ao poder, para serem abandonados, ou preteridos na sua hora de buscar o poder local.

Isso tudo é novo? Não. Esta é a velha lógica da política. Que nos acordos mirabolantes restou esquecida.

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