Desde que os três ex-governadores implodiram a crise do PMDB, e os vereadores votaram o projeto de Raul da Expansão Urbana (criar a área de influência das rodovias é o projeto do Executivo, e não o do legislativo), meu telefone não para.
Em Palmas é assim: a gente até tenta, mas a notícia não tira férias.
Mando este texto antes de pegar a estrada para fazer o resumo da semana que passou e contar a mais bombástica notícia de bastidores, que não vi repercutida em nenhum lugar: o primeiro entrevero entre o prefeito Raul Filho, e o eleito Carlos Amastha.
É notório que o eleito é contrário à expansão urbana. Foi esse seu primeiro “movimento popular” nas redes sociais. Pois bem. De público, vimos que Amastha foi à Raul pedir o veto. No twitter usou palavras pesadas contra os vereadores que aprovaram o projeto. Problema: entre estes está o núcleo do prefeito que ficará na Câmara. E são eles quem definem para onde vai o barco: eleição de presidência, governabilidade.
Se a relação é delicada, não vale a pena piorar não é? Pois aí está uma das nuances do encontro entre Raul e Amastha fora dos holofotes e que terminou com um Raul exaltado batendo na mesa e dando o recado: “até 31 de dezembro, o prefeito sou eu”.
Amastha, segundo uma fonte muito próxima ao prefeito, foi reclamar dos vereadores. Já criou clima com Raul. São os vereadores do prefeito, que votaram o projeto que o prefeito mandou para a Câmara. Ou não? Se Raul quisesse tirar, já teria tirado o projeto. Ou não? Até aí, no entanto, o clima ruim estava suportável.
Mas na sequência o prefeito eleito foi cobrar que Raul pague o INSS ao invés de ficar pagando “outras coisinhas”, que no entendimento do eleito, são menos importantes. E que seriam pagamentos para atender os interesses do próprio grupo de Raul. Foi aí que o caldo entornou.
O prefeito não abre mão de decidir o que paga. Certidão do INSS a prefeitura tinha até um dia destes. Venceu mês passado. Os débitos como se sabe, tem que ser negociados, parcelados. Mas a falta dela inviabiliza contratos federais. Daí a preocupação do eleito. Que até poderia ser colocada. Talvez em outro tom.
Fecha cortinas. Abre capítulo.
Existem na Câmara atual, e ficarão para a próxima, um trio que conhece bem todos os trâmites do legislativo, e o funcionamento da Casa: Lúcio Campelo, José do Lago Folha Filho e Milton Néris (que pode ser vereador caso aquela pendência judicial se resolva em instância superior, já que teve mais votos que Damaso).
A eles se juntam dois outros vereadores reeleitos: Jucelino e Valdemar Jr. São cinco. Com Waldson da Agesp, que é PT do comando da capital, tornam-se seis.
São eles que estão entre os quatro que Amastha elegeu (incluindo Marilon que já foi para as urnas no grupo do eleito) e os seis ficarão na oposição ao prefeito.
Na coluna do meio ficam três: os dois do PSL Cleiton Cardoso e Gérson da Mil Coisas, e o professor Junior Geo, que segundo me disse por telefone esta semana, o Major Negreiros, já está afinado com o grupo do prefeito eleito.
Até aqui, os vereadores reeleitos estão também, pelo menos em tese, com o discurso de compor pela governabilidade. Mas isso vai depender, segundo ouvi de um deles, da capacidade do prefeito eleito calçar as “sandálias da humildade”.
Se for para subir o tom e chamar de “vagabundo”, vereador que votou o projeto da expansão, e tentar governar no lugar de Raul antes de 1o de janeiro, pode complicar o meio de campo.
“Ele até tem razão em estar cheio de si. Afinal, ganhou praticamente sozinho. Mas para governar ele precisa de todos”, me confidenciou um parlamentar. Se não de todos, pelo menos da maioria.Verdade absoluta.
P.S: Volto para as minhas lendárias férias. Rs. Hasta la vista.
Comentários (0)