Revirando túmulos e coisas mal feitas

A verdade pode não estar morta, mas apenas adormecida quando o assunto são licitações, contratos, aditamentos de contratos e pagamentos feitos por obras nunca concluídas no Tocantins.

 

Algumas pessoas sim. Ex-secretários, ordenadores de despesa, presidentes de comissões de licitações, gente que trafegou nos corredores do poder ao longo dos últimos não oito, mas 12, 16 anos de poder.

 

Mortas não textualmente, mas afastadas da vida pública, algumas morando em outros estados, em endereços desconhecidos, e que numa investigação, não serão muito fáceis de encontrar.

 

O fato é que o Ministério Público decidiu mexer em algumas tumbas, e buscar de longe, do princípio irregularidades em contratos que começaram tortos do princípio: desde o dia em que foram licitados.

 

Correndo em segredo de justiça, estão dezenas de ações protocoladas pelo MPE, em busca do que já se chama nos bastidores de “o mapa da corrupção e superfaturamento em obras públicas no Tocantins”.

 

Ouvindo sobre o assunto nas últimas semanas, temos esbarrado justamente no segredo de justiça para decifrar o que está embasando as ações. Mas alguns alvos são óbvios. O contrato com a Rívole, por exemplo, que movimentou milhões em pagamentos está na lista. A retomada de obras que – a seguir o desejo do MPE – o governo não teria retomado para concluir.

 

No Brasil -  e por extensão, no Tocantins – obras bi faturadas, tri faturadas, hiper faturadas, são uma infeliz realidade com a qual vamos convivendo, raramente descobrindo os culpados.

 

O que o MPE quer pode ser difícil de conseguir. Concluir uma obra em que milhões de recursos já foram gastos, utilizando outros milhões sob o argumento de que é melhor entrega-la do que perder o que já foi investido de recurso público, é uma ação pela qual o atual governo pode ter que responder judicialmente.

 

Vamos acompanhar na medida do alcance das nossas ferramentas e possibilidades. Quem viu parte desses processos garante: se vierem à tona não ficará pedra sobre pedra de muitas reputações construídas ao longo de décadas na política e no serviço público por personagens conhecidos da nossa história.

 

Saber o que foi feito de errado, por quem, e quanto escoou para a vala comum da corrupção pode ser libertador. Ainda que aqui, como lá, seja de uma vã ingenuidade imaginar que estes recursos possa um dia, virem a ser recuperados.

 

 

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