Sandoval governador: o "cara" disposto a enfrentar o ônus do grupo que abraçou

Amigos, atravessei caminhando a Praça dos Girassóis na manhã desta quarta-feira, 19, para atender o convite do governador em exercício...

Sandoval em café da manhã com a imprensa
Descrição: Sandoval em café da manhã com a imprensa Crédito: T1 Noticias

O deputado Sandoval Cardoso promoveu um café da manhã com a imprensa, no dia seguinte ao almoço que promoveu com os deputados ontem no Palácio Araguaia.

 

Há muito tempo sem atravessar o frontispício de entrada do Palácio, não pude deixar de fazer algumas reflexões sobre o governo que – com o voto -  ajudei a eleger.

 

É um governo de erros e acertos. Na minha opinião, mais de erros. Não em números - estes podem ser maquiados à vontade, apresentados do avesso e como se queira nas peças publicitárias -  mas no sentimento que vai nas ruas. E mais: no peso e na importância do maior dos compromissos descumpridos: o de cuidar da gente, ou o de botar as coisas todas no lugar, como dizia o belo jingle que tocou até a exaustão em 2010.

 

Tem jornalista que é, por natureza, governista. Eu tenho sido ao longo do tempo, quase que por instinto, oposicionista. Talvez por essa insatisfação constante, excesso de espírito crítico ou tendência a apoiar o mais fraco, sei lá.

 

Mas faço aqui esse “mea culpa” por que o leitor dessa página de opinião, consolidada neste Portal de notícias que construí do zero, começando com 70 acessos diários, sabe que o compromisso maior aqui é a franqueza, a sinceridade, a verdade. Doa a quem doa.

 

Escrevo opinião e análise no Tocantins para provocar que as pessoas pensem sobre temas importantes. E não para convencer quem quer que seja de nada.

 

Escrevo sobre bastidores por que sempre notei a curiosidade que o leitor simples tem por saber o que está por trás do fato. O contexto do texto. O que o meio político sabe mas não diz claramente. É isto.

 

Mas voltando ao que interessa: Sandoval Cardoso assumiu o governo por 20 dias e está fazendo o dever de casa ao construir e fortalecer sua rede de relacionamentos. Afinal, o sucesso na política depende metade isso.

 

Conheci Sandoval lá atrás no seu primeiro mandato de deputado. No fim de 2010 ele era um dos mais abatidos companheiros de Carlos Gaguim. De longe, foi o que eu mais vi sentir e sofrer com o resultado da eleição.

 

E agora vejam, as voltas que a vida dá. Venho reencontrá-lo na sala de reuniões do Araguaia. Governador.

 

O Sandoval que recebeu os jornalistas no Palácio tem o mesmo jeitão simples e simpático de sempre. Me disse que quer interferir o mínimo possível no andamento do governo. Não quer protagonizar grandes atos. Sabe que o papel que assumiu é de representação.

 

Disposto a assumir o ônus

 

O que chama a atenção  no perfil do presidente da Assembléia -  além do caminho que ele fez em deixar o PMDB e a oposição para se aliar ao grupo que comanda o Palácio Araguaia – é sua capacidade de assumir o ônus de ser governo, com a mesma naturalidade com que vive o bônus. Nem todos conseguem. Mesmo os que tiveram o nascimento na vida pública ligados a Siqueira vêm se afastando dele à medida que os problemas se avolumam e a rejeição ganha as ruas.

 

A capacidade de Sandoval em assumir o ônus é impressionante. Já vimos isso nos embates mais duros que aconteceram naquela Casa de Leis. Com destaque para o dia de votação das contas de Marcelo Miranda e Carlos Gaguim. Sandoval foi rédea curta e pulso firme. Não permitiu recontagem de votos. Foi frio no meio do turbilhão. E sentado de frente para a galeria onde Marcelo e Gaguim se sentaram, cercados do seu secretariado do tempo de governo. Um olho no olho difícil para quase todos os deputados. E aí assistimos aquele teatro do "eu não votei contra, senhor presidente"....

 

Depois disto houveram outras votações que provocaram revolta da oposição. Como o caso da Região Metropolitana de Palmas, aprovada a toque de caixa no fim do ano. “É um trator”, resumiu um oposicionista ao definir o presidente.

 

Analisando friamente, Sandoval é o "cara"do momento. É quem articula adesões ao governo. É quem intermedia situações difíceis para o governo e para o projeto de Eduardo. É o "cara" que soube aproveitar a oportunidade e fazer a guinada na sua carreira política. Por isso hoje está sentado na cadeira para a qual a maioria elegeu Siqueira em 2010.

 

No meio do cenário de incertezas que o próprio governo ajudou a construir na oposição tradicional que o enfrenta, há algumas coisas sobre as quais não há dúvidas. Especialmente no governo, que também enfrenta seus dilemas para as eleições deste ano.

 

Uma delas é de que Sandoval Cardoso é hoje o terceiro homem mais poderoso na hierarquia informal do governo do Tocantins. Logo atrás dos dois Siqueiras, pai e filho.

 

Do jeito que vai indo, sem medo de arriscar demais, ouso dizer que ele pode se consolidar como a melhor opção do grupo ao governo. Dadas as limitações de um e de outro dos dois candidatos preferenciais. Por mais que nos bastidores há quem diga que Siqueira tem medo de criar em Sandoval outro Marcelo Miranda.

 

Nesta quarta-feira, 19, dos meandros do poder, o que posso dizer é que é nítido o crescimento do presidente da Assembléia. Para além das aparências e formalidades.

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