Se não votar, não muda

Uma campanha circula na internet, especialmente no Facebook, pregando que eleitores não se recadastrem e não votem, pagando a multa de R$ 3 reais.

Juiz Marcelo Faccione: 37 mil sem recadastrar
Descrição: Juiz Marcelo Faccione: 37 mil sem recadastrar Crédito: Charlinne Sueste

Esta campanha, dos revoltados e "do contra", cresce num momento em que a Justiça Eleitoral envida todos os seus esforços no recadastramento de eleitores, que vai impedir -  no caso das cidades onde o recadastramento biométrico é oferecido – a fraude de substituir um eleitor por outro usando seus documentos pessoais.

 

No sábado, conforme apurou a reportagem do T1 Notícias, restavam 37 mil eleitores na capital para recadastrarem-se.

 

A despeito de toda decepção que a classe política -  em sua maioria – provoca no eleitorado brasileiro com atitudes que já se tornaram um lugar comum, é preocupante a campanha que cresce as redes sociais com o objetivo de estimular uma resposta através da negativa do direito e obrigação de votar.

 

Com poucas variações, as mensagens compartilhadas incitam que o eleitor não se recadastre. “Desempregue um político, não vote”, ou “Não dependo de políticos, prefiro pagar R$ 3,00 a recadastrar meu título, faça o mesmo”. Não é uma iniciativa local, diga-se, mas uma tendência nacional essa de abrir mão do direito ao voto, em protesto.

 

É um caminho arriscado, onde as pessoas que tomam esta decisão abrem mão do direito de mudar a realidade – ou pelo menos tentar mudá-la – pelo voto.

 

No ato de abrir mão de decidir, o eleitor indignado, revoltado e cansado da realidade que nós vivemos apenas delega aos outros o direito de fazê-lo por si.

 

Além da multa, ficam as pendências que vez ou outra vão dificultar o acesso do cidadão a oportunidades, como por exemplo, a de tomar posse em concurso público. Não votar, justificar ou pagar multa, na realidade é um ato próximo do “lavar as mãos”, diante da tarefa de fazer uma escolha.

 

Escolhas, na verdade, não são fáceis, mas é preciso enfrenta-las.

 

Como é que vamos mudar a realidade, abrindo mão de fazê-lo?

 

Votar é um desafio ao qual não se deve fugir.

 

Reclamar é direito nosso, mas a omissão, defendo, não é o melhor caminho.

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