Ele foi sucedido por alguém bem de perto, do seu próprio staff, que seguirá provavelmente com a mesma política de segurança, que é o até então Delegado Chefe da Polícia Civil, Eliú Jurubeba.
Há meses que a situação de Coelho era instável, por mais próximo que fosse do governador, e nomeação de sua cota pessoal.
O estopim da crise, ou a “gota d’água” que surgiu como pretexto da mudança do cabeça da Segurança Pública, foi a mais recente onda de violência em Araguaína.
A cidade, capital econômica do Estado, tem um histórico de crimes violentos. Sua proximidade com outros estados do Norte, onde as polícias são menos estruturadas que a nossa, é um fator determinante.
De lá, veio a decisão, a meu ver, acertada do prefeito Ronaldo Dimas, de limitar o horário de funcionamento dos bares. Os acontecimentos recentes, em especial assassinatos, lhe cobrem de motivos para a ação que alguns podem considerar extrema.
Mas fechar bares é um paliativo. A questão da segurança em Araguaína, e por extensão nos municípios mais populosos do Estado, vai além.
O que o Tocantins está vivendo nos últimos anos é um avanço desenfreado da criminalidade. Nos tornamos alvos de assaltos, sequestros de gerente de banco, explosão de caixas eletrônicos.
No varejo, é uma rotina de pequenos furtos, motoqueiros em ação no comércio, em especial supermercados.
O esquema da droga aumentando a criminalidade
É a onda do crime, arrisco dizer, que acompanha o crescimento do uso de drogas em todo Estado, da capital a menor cidade tocantinense. E não se trata só de maconha e cocaína, males que a polícia sempre enfrentou.
Trata-se de uma teia muito mais perigosa: a do crack, que por ser lucrativa envolve do traficante que coloca a cara na boca de fumo e se expõe na ponta da organização criminosa, até servidores públicos e autoridades que deveriam coibir a prática, mas acabam participando dela, direta ou indiretamente.
A criação do Conselho de Segurança é uma boa medida, mas o governo do Estado precisará ser menos tímido e mais enfático se quiser fazer de fato o enfrentamento ao crescimento do crime organizado no Tocantins.
O Sindicato dos Delegados de Polícia comemoram a indicação de Eliú, por se tratar de um dos seus. A nomeação melhora o clima entre o governo e a classe de delegados. Mas na prática, o mesmo comando que respondia a Coelho, responderá ao novo secretario. Há anos que o staff da Segurança é o mesmo, muda pouco.
Ontem ouvimos novamente falar em concurso público para a Polícia Civil. Algo extremamente necessário. O que não se escuta falar é em investir em inteligência, em profissionalização, em modernidade no enfrentamento do crime.
Se o Tocantins quiser mudar rapidamente o rumo para o qual caminha sua história na segurança terá que fazer mais, bem mais que fechar bares e trocar o secretário.
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