O governo do Tocantins emitiu uma nota dia destes, via Secretaria de Comunicação, negando que esteja prestes a fazer parcelamento de salários, conforme circulou na “rádio peão”. Nos bastidores, a informação foi considerada um viral, feito com fins eleitorais de prejudicar candidatos ligados ao governo, ou com apoio explícito deste.
A semana do pagamento da folha chegou, e a expectativa não é das melhores na Secretaria da Fazenda. Por enquanto, prevalece a versão oficial de que salários serão pagos integralmente. Nos bastidores no entanto a luta é dura para reunir os recursos suficientes para quitá-la. Cada mês é um drama que se repete, enquanto os demais compromissos são “empurrados” para a frente. Leia-se: plano de saúde, fornecedores, consignados e tudo que vem fazendo do dia a dia do governo um inferno de Dante.
Encontrei casualmente há alguns dias, os secretários de Comunicação, Rogério Silva e de Articulação Política, Lyvio Luciano, almoçando num restaurante da cidade. Lamentava com eles que o governo tivesse perdido o secretário Edson do Nascimento que tinha conferido polidez e confiabilidade nos compromissos de parcelamentos que o governo vinha fazendo nas diversas negociações com bancos, fornecedores, enquanto reprogramava prioridades e ajustava receita. No meu entendimento, uma perda para o governo Marcelo Miranda.
Ouvi que o sub-secretário, Paulo Antenor de Oliveira, que foi efetivado no cargo, tem um perfil mais arrecadador do que pagador, o que estaria auxiliando o governo a ajustar mecanismos de aumento de receita.
Não sei, mas o que parece é que a crise piorou sobremaneira nos dois últimos meses - agosto e setembro - e que o funcionalismo que insiste na negociação para recebimento da data-base poderá sim, ter prejuízo maior do que não receber os salários no 5º dia útil do mês com a correção da data base.
O problema que o governo enfrenta, real, e inadiável, é que as contas não fecham. O caixa não tem fluxo suficiente para pagar os compromissos básicos.
“Se a gente não tivesse quitado aquela folha extra que ficou do governo Sandoval, nem a data-base de 2015, não estaríamos assim”, me disse um secretário da alta cúpula Marcelista.
A questão parece ir além desta. O governo parece ter dificuldades de tomar medidas práticas de corte de gastos que correspondam ao estado que as coisas realmente tomaram, e que a situação exige.
Os cortes, de fato, no pessoal, nunca vieram. Até outro dia o Diário Oficial era pródigo em nomeações.
Tornou-se necessário de fato tomar medidas à altura do momento. A redução de receitas, em geral, não comporta que se viva como no passado.
E aí, salta aos olhos na resposta que o governo deu semana passada à senadora Kátia Abreu - ao negar que apoia a medida do governo Michel Temer de extinguir o órgão responsável pela implantação do Matopiba - a ausência de resposta à crítica mais dura feita pelo deputado Irajá Abreu no último dia. O presidente do PSD, que ajudou a eleger Miranda, lhe desqualificou como gestor, ao afirmar que o governador conseguia gerenciar o Estado na época das “vacas gordas”, mas que deixa a desejar agora como gestor, na época das vacas magras.
A resposta que o governo precisa dar extrapola o âmbito dos ressentimentos e mágoas da política. A hora do ajuste está chegando, porque o Estado demonstra estar literalmente quebrado. Não na margem de crédito que ainda tem para endividar-se, mas na capacidade de fazer frente às suas obrigações básicas.
O difícil momento pelo qual passa o Estado projeta dias ainda mais sombrios para a tímida economia tocantinense que, a princípio, está bastante ligada ao girar da máquina pública com um mínimo de eficiência.
A saída é torná-la urgentemente mais leve. E fazer apenas os compromissos que se pode pagar.
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