Sem espaço, Carlos Amastha deixa PP e pode enfrentar Carlos Gaguim ano que vem

Amastha vai mesmo para o PSB? Esta é a dúvida que ainda resta para esta semana. O prefeito deixa o PP onde ficou sem espaço, aproxima-se dos Abreus e traça seu caminho que pode ter Gaguim pela frente

Amastha, Gaguim e Irajá
Descrição: Amastha, Gaguim e Irajá Crédito: Lourenço Bonifácio

No Tribunal de Justiça ontem, quarta-feira, 13, lançamento do Matopiba, uma cena chamava atenção (entre tantas que mereceram reparos). Carlos Amastha, sentado na ponta da mesa, ao lado de Carlos Gaguim, que estava ao lado de Irajá Abreu.

 

Não é segredo nos bastidores da política palmense a recente aproximação e conversações entre Abreus (Irajá no comando do PSD e Iratã, afastado de sua cadeira na Câmara de Palmas), com o Staff do prefeito. O namoro já vem de longe para uma possível união administrativa, com o PSD indicando a Secretaria de Habitação, maior nó da gestão do colombiano, naturalizado brasileiro. O próprio ministro Kassab - que liberou recentemente R$ 35 milhões em obras para a capital, que estavam suspensos na contenção que o governo federal faz do Orçamento - já teria entrado no circuito para fechar o acordo.

 

Com a notícia dada pelo presidente do PSB, Laurez Moreira, prefeito de Gurupi, de que Amastha vai se filiar ao partido do saudoso Miguel Arraes, a conversa que rolava solta eram os motivos da saída do PP e os motivos da ida ao PSB. 

 

Cauteloso, Amastha só confirmou a primeira parte: foi à Brasília agradecer aos amigos que tem na Executiva Nacional do PP pela acolhida e pelo espaço que teve quando disputou a prefeitura. Levou suas explicações também: não tem espaço para ficar no PP e viabilizar sua busca pela reeleição.

 

Na verdade o que se escuta é que a relação entre o prefeito e o deputado Lázaro Botelho deteriorou-se após a disputa eleitoral do ano passado. Amastha não teria abraçado como esperado a candidatura de Roberto Pires, num primeiro momento, flertando com um possível apoio a Ataídes Oliveira e depois fechando com Sandoval Cardoso (neste momento, já com o PP inteiro junto).  Outro complicador, desta vez, para o prefeito, é que seu candidato a deputado federal, Tiago Andrino, teria sido limitado em sua campanha, a não entrar nos municípios em que o deputado tinha apoio. O que, afirmam fontes ligadas a Amastha, atrapalhou demais a campanha e tornou a relação mais difícil.

 

Assim, se permanecesse no PP, Amastha poderia nem ter a garantia da legenda pra disputar sua reeleição.

 

Detalhes a acertar no PSB: o comando em jogo

 

Se na hora de confirmar sua filiação ao PSB - partido em que fez sua primeira incursão na política, no Sul, onde chegou - Amastha é reticente, os motivos soam óbvios. Sair de um partido onde não tem o controle de seu destino para ir a outro em que será também comandado não combina com o estilo do prefeito.

 

O que parece estar em jogo é justamente o comando da legenda no Estado. Afinal, os planos de Amastha na política tocantinense indicam candidatura majoritária daqui há três anos e meio. Seu sonho, não esconde de ninguém, é ir ao Senado. E o caminho estará mais fácil com duas vagas em 2018.

 

Na oposição à presidente?

 

Nos bastidores do evento, antes da coletiva da ministra Kátia Abreu -  que agradeceu calorosamente a acolhida do prefeito e foi por ele lançada à presidência da República - uma conversa entre Irajá e Amastha dava o tom do que a mudança pode significar também em Brasília.

 

“Vai para a oposição à presidente, prefeito?”, questionou o deputado federal. Amastha respondeu: “Non, non. O que estamos ouvindo do presidente Roberto Freire é que não estamos obrigados a nada disto”. Ao que Irajá retrucou: “Mas lá o partido vota contra a presidente”. e Amastha respondeu sorrindo: “mas eu voto a favor”. E Irajá: “Mas o senhor não vota lá…rs”.

 

Conclusão: tudo isso pesa na hora da liberação de recursos. Ser da base, não ser da base. Uma complicação a mais para o prefeito administrar…

 

Carlos Gaguim, no páreo

 

Se Amashta se ajeita para disputar a prefeitura com maior tranquilidade, uma cena também chamava a atenção: sete vereadores presentes na solenidade, depois de terem ido ao Aeroporto fazer sua recepção especial à Ministra. A base do prefeito estuda migrar para o PL com a janela que se abre. Milton Néris, Émerson Coimbra, Rogério de Freitas, no comando do processo. 

 

A questão é que o grupo que se aglutina em torno de Kátia Abreu tem um nome forte para a disputa em Palmas: o ex-governador, deputado federal e aliado mais recente da Ministra dentro e fora do PMDB, Carlos Gaguim.

 

Os dois, Carlos Amastha e Carlos Gaguim, sentados lado a lado na ponta da mesa, chamavam a atenção por que podem estar brevemente em campos opostos,  ou melhor: em palanque opostos.

 

Como todo este jogo de forças vai se desenhar ainda é uma incógnita. Mas sem dúvida poderemos ter dois Carlos na disputa por Palmas ano que vem. Uma campanha que comece assim, tem tudo para ser a mais movimentada dos últimos tempos…

 

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