Semana começa com a leitura dos símbolos nas mudanças que o governo faz

A semana começa com mudanças na equipe de governo, com a posse amanhã, terça-feira, 23, de Irajá Abreu(PSD) na secretaria recém criada do Desenvolvimento Agrário e Regularização Fundiária

 

A nomeação surpreendeu até aliados próximos do governo, que não a esperavam. No Twitter logo depois do anúncio começaram postagens de comentários do tipo: “a raposa vai tomar conta do galinheiro”. Uma referência pejorativa ao fato de que o deputado Irajá Abreu é representante da bancada ruralista do Estado na Câmara Federal, e que tem por objetivo lançar sobre ele a dúvida quanto à finalidade e intenções da mudanças.

 

Mas o fato é -  pré-conceitos a parte -  que o Tocantins tem mesmo muito o que regularizar na área fundiária. Sabe-se que boa parte dos problemas de documentação de terras é que atrapalham produtores rurais na obtenção, por exemplo, de dinheiro no banco para seus projetos , Ainda que boa parte delas seja de responsabilidade federal. Titulações e regularizações que dependem, em sua grande maioria, do Incra e não do governo do Estado.

 

Irajá Abreu de fato enfrentará o desafio de fazer um diagnóstico do setor e propor soluções factíveis. Dedicado, estudioso e entendedor dos problemas que assolam o setor, caberá a ele quebrar o preconceito e mostrara a que veio. Mas seu retorno ao Estado e a nomeação no governo, vem também revestida de forte simbologia política.

 

Para o entendedor mediano quer dizer que a senadora Kátia Abreu continua aliada forte do Palácio Araguaia. Afinal, por que seu filho assumiria pasta no primeiro escalão se ela estivesse em rota de colisão e rompimento? É o que fica no ar.

 

Rodízio na Câmara Federal

 

O afastamento de Irajá para assumir pasta no governo, por outro lado, traz de volta à cena política dona Goiaciara, viúva de João Cruz, que sagrou-se suplente pelo PR. Ganho para Gurupi, que terá uma representante de volta à Câmara depois que Laurez Moreira deixou o Congresso Nacional para ser prefeito da cidade.

 

Em cada mexida que faz, o governo de fato varre para dentro, e alinhava aliados, onde poderia no futuro, encontrar adversários. Não foi diferente com o convite a Eduardo Gomes, que além de se aproximar de sua base, para viabilizar qualquer novo projeto em 2014, deu fôlego novo à Nilmar Ruiz, que retomou seu trabalho na Câmara Federal.

 

A regra das mudanças estratégicas serve também para a Assembléia Legislativa, onde não é segredo para ninguém que o clima já foi melhor. O tom crítico dos deputados da base não melhora. E a máxima vale de Marcelo Lélis a Freire Jr. passando por José Bonifácio.

 

A exoneração da secretaria Kátia Rocha, contornou em parte o que poderia ser facilmente chamado de uma crise de relacionamento. Esta semana, com os deputados na região do Bico do Papagaio para o Parlamento Itinerante, o clima esfria e o Palácio Araguaia ganha fôlego para retomar a relação.

 

Para dar mais ânimo ao discurso pró governo, estaria faltando a voz e a argumentação de um Ricardo Ayres(PMDB) . Soldado fiel no grupo que se forma em torno de Eduardo Siqueira para 2014, Ricardo Ayres articula noite e dia para retornar à Casa. Confidenciou à gente próxima que tem ouvido de seus pares no governo que sua presença lá é necessária.

 

Assim, ajeitando no administrativo, soluções cercadas de simbolismo político, o governo Siqueira já ultrapassa a metade do seu mandato. Qual será a sua herança? O que deixará de legado? Até que ponto a população entende o que se passa e está ou não satisfeita?

 

Ao que parece só saberemos o ano que vem. Quando outra campanha estiver para começar.

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