Sirenes, fumaça, ação… o show já começou!

Amigos, o governo literalmente parou o trânsito na avenida JK na manhã desta quarta-feira, 18 de junho, para fazer a entrega de novos carros ao Corpo de Bombeiros...

Viatura equipada com escada Magirus de 60 metros
Descrição: Viatura equipada com escada Magirus de 60 metros Crédito: T1 Notícias

Aproveitaram também para exibir uma escada magirus de 60 metros de altura, simulando um salvamento de vítima de incêndio de cima do prédio do Free Shopping. Aquele em que um elevador despencou anos atrás, deixando vítimas e enormes sequelas...

 

Para quem passava, sem entender nada, parecia uma grande brincadeira de mau gosto. Com direito a locutor anunciando o salvamento, com a presença do governador Sandoval Cardoso(SD) e do prefeito Carlos Amastha.

 

O trânsito, impedido numa das vias pelos veículos do Corpo de Bombeiros, engarrafou a segunda e fluía lento pela terceira, enquanto o show tomava conta da avenida.

 

Nos bolsões de estacionamento próximos ao local da entrega e demonstração, o desfile de camionetas, com deputados e funcionários do alto escalão do governo desembarcado era outro show a parte.

 

Se alguém ainda tinha alguma dúvida, não há mais espaço para elas: de fato, a campanha começou!

 

O governo que encenou o show na JK é a cara da riqueza. Desfila camionetes novíssimas, ternos bem cortados e exala perfume francês. Um luxo!

 

Uma cena de fato bem diferente da que se vê bem perto dali noutro ponto da cidade: o HGP superlotado, cujos corredores só ficam vazios em dia de domingo, para visita do mesmo governador.

 

O Sandoval do novo governo que 15 elegeram, o Sandoval que estréia a campanha que vai no Facebook apresentando o mais novo governador do Brasil, o Sandoval que anima gregos e troianos com o “novo” projeto de virar 25 anos de história no Estado, deu entrevista garantindo que outro problema – o da PM sem viaturas e com viaturas depauperadas - foi resolvido.

 

“Já resolvemos a dívida com um parcelamento, e a do nosso período está em dias”, disse ele à repórter do T1 Notícias. Lembra outro governador de mandato tampão: Carlos Gaguim. Ele também entrou renegociando dívidas do governo Marcelo Miranda e pagando as suas em dia.

 

Mas as semelhanças param por aí. Só os tempos de entusiasmo de hoje com “sangue novo” no Palácio, lembram aqueles dias acelerados de 2010. Quatro anos atrás no túnel do tempo.

 

“Bora, chefe!”

 

Se Gaguim queria distância de Marcelo, à época cassado por abuso de poder político (por ter entregado escrituras de lotes no Taquari, entre outras coisas), Sandoval abraça Eduardo Siqueira, que foi nos últimos três anos a face mais exposta do governo do pai, Siqueira Campos.

 

Por mais que nos bastidores se ouçam histórias de que o Velho Siqueira não será de fato candidato ao Senado e que o próprio Sandoval já teria dito um “ou ele ou eu”, na chapa...

 

O fato é que, com Eduardo Siqueira -  que recuou da pré-candidatura ao governo, para uma disputa por uma cadeira na Assembleia Legislativa – o tratamento é o mesmo da fase pré-renúncia. Ou pré-"golpe”, como querem os oposicionistas.

 

No meio de centenas de bombeiros, assessores, imprensa e alguns populares, Sandoval exibiu o mesmo jeito simples de sempre, junto a Eduardo: “Bora, chefe?” 

 

Parêntese.

 

Já fui criticada uma vez por narrar aqui uma conversa telefônica de que tive notícia entre Palito e Sandoval, quando o primeiro tentava voltar à vaga que é sua por direito na Assembleia e ligou para Sandoval. Soube até das vírgulas do papo, ouvido por uma fonte bem próxima de Palito. Sandoval teria apenas perguntado: “já conversou com o chefe?” Mas Eduardo negou o telefonema e a vida seguiu.

 

Fecha parêntese.

 

O que se vê na TV nas inserções do PR que foram ao ar ontem, terça-feira, 17 e o que se vê na mídia que o governo continua colocando no ar (enquanto acumula dívidas antigas com veículos de Norte a Sul do Estado) é a propaganda de um novo governo.

 

Um novo governo, com um novo governador, com uma nova linguagem, “nada a ver” com o que se via até o final de março deste ano.

 

O que pretende-se na comunicação do governo é uma ruptura total com o passado, que bem se vê nas pesquisas de opinião: é a imagem para a população de um governo que não deu certo. Deixou muito, mas muito a desejar.

 

Quem liga a TV pode ter a impressão de que caiu de paraquedas num outro Tocantins, num outro tempo.

 

E aí? O que aconteceu com o governo eleito em 2010? O governo das promessas que não se concretizaram e das obras que não foram erguidas, especialmente na Saúde? Renunciou para ser sucedido num passe de mágica pelo novo, moderno e competente Sandoval. Até o slogan mudou: “trabalhando com vontade”.

 

É de rir. Quer dizer que faltou vontade a Siqueira e Eduardo nos três anos e quase meio que se passaram?

 

Pretende-se, com muito apoio político e muita mídia, que caia no esquecimento.

 

Só que não dá. As manchetes que estão em toda parte contam que o Tocantins vive uma crise na Saúde, sem precedentes. De criança morrendo engasgada por falta de UTI, a cidadão esfaqueado rolando no chão da porta do maior hospital do Estado, de tudo se vê um pouco.

 

Mas, bobagem. Para o governo isso é detalhe!

 

O que está na cara, nas ruas, nos releases e na agenda do governo é que o show começou.

 

E a data prevista para o fim do espetáculo é 5 de outubro.

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