Toinho usa tribuna para se posicionar contra incorporação do distrito de Luzimangues a Palmas

O deputado Toinho Andrade (PSD) usou a tribuna na manhã desta terça-feira, 24, e em seu discurso falou em defesa de povo Tocantins, lembrou as lutas e as dificuldades enfrentadas na criação do Estado e aproveitou para se posicionar contra a proposta ...

Na manhã desta terça-feira, 24, o deputado Toinho Andrade usou a tribuna na Assembleia Legislativa e em seu discurso destacou luta do povo tocantinense.

Segundo o deputado, que falou da proposta do deputado Marcelo Lélis (PV) em incorporar o distrito de Luzimangues a Palmas “a comunidade de Porto Nacional reagiu e reagiu unida, perguntando por que o deputado Marcelo Lelis, quer anexar, na marra, o Distrito de Luzimangues á Palmas? São várias as respostas, mas todas convergem para conveniência eleitoreira”.

Confira o discurso na íntegra

No dia 6 de agosto de 1987, o então deputado federal José Wilson Siqueira Campos, expôs em brado singular, da tribuna do Congresso Constituinte, a geografia política e social do tão sonhado Estado do Tocantins. Ele então disse: “...Venho das margens do Rio Araguaia, onde os pescadores, nas formulações dos seus sonhos, no renascer de suas esperanças, tostam a pele ao sol e olvidam as injustiças; venho das desenvolvidas mas desarrumadas regiões, das áreas planas do grande caminho integrador do País que o gigante Juscelino Kubitschek implantou; venho das regiões centrais, do Oeste, de planícies imensas entrecortadas de lagos e de cursos perenes de água e da beleza selvagem do Javaés e da Ilha do Bananal; mas venho, também e sobretudo, das áreas Lestes e Sudestes, do ambicionado Estado do Tocantins, isto é, venho das terras habitadas pelas gente isoladas e sofrida da margem direita do Rio Tocantins...”

Também do pedestal da historia desta gente guerreira, no dia 13 de julho de 1961, no aniversario de 100 anos de Emancipação Política de Porto Nacional, se fez ouvir a voz da professora Generosa Pinto, uma das mais emblemáticas e respeitadas figuras humanas nascidas nas terras de Felix Camoa, que ciente da importância do pujante município, no contexto separatista dos grilhões de Goiás e na solidificação de uma sociedade balizada no pilares da cidadania e da civilidade, pontuou: “... Somos arco e flecha, cruz e espada; somos guerreiros, e ao mesmo tempo pássaros da paz, comunhão fraternal da soberania. Somos irmãos, unidos e separados, e se não houver a opção da oração, somos sangue dos que nos agridem. Somos portuenses, aliados da fé em Deus e prontos para desmantelar as pretensões dos que nos oprimem e desconhece a nossa índole de liberdade...”

Estes dois momentos distintos, que marcam o raiar do sol tocantinio em pleno brilhar de liberdade, ilustra o processo histórico deste povo, moldado em aço e fogo, nas tribunas de Brasília e nas ruelas e becos de Porto Nacional, a desenhar um sonho secular, que sempre habitou os ideais de nossos antepassados. Tem também a serventia para mostrar ao nobre deputado Marcelo Lelis, que os labirintos do tempo, com as mãos hábeis dos séculos, processou, de modos distintos, a construção dos pilares que alicerçaram as lutas desta gente para emoldurar o município de Porto Nacional e o Estado do Tocantins, cada um dentro da observância de seus líderes.

É certo então que a propositura, apresentada ao crivo desta Casa de Leis, pelo nobre parlamentar, requerendo que a presidência deste Legislativo Estadual determine, em regime de urgência, a Comissão de Administração, Trabalho, Defesa do Consumidor, Transportes e Desenvolvimento Urbano e Serviços Públicos, realize um levantamento dos limites territoriais da área definitiva de Palmas, com a firme e desnorteada pretensão de anexação do Distrito portuense Luzimangues à capital tocantinense, afronta a história, seus agentes e desconhece o processo civilizado do dialogo, da urbanidade e principalmente do respeito ao Direito, fio condutor da legalidade.

Na justificativa do nobre deputado Marcelo Lelis, há um traçar de muitas linhas, amparadas pela literatura amplificada, pela reengenharia da gramática, pelo academicismo límpido e ortodoxo, buscando com isso jogar um véu de fumaça sobre os trilhos da história de um povo que moldou sua soberania no percorrer de anos a fio. Evoca-se ali o Decreto Legislativo número 03/89, mas desmerece os 278 anos da comunidade portuense, que sob os fios das navalhadas da vida esculpiu todas estas gerações, cortando na carne, ferindo na alma, inundando os corações de esperanças e desesperanças.

Tenho orgulho de ser um destes, tenho amor incontido e imorredor por minha Porto Nacional, e é por isso e em nome de minha gente, que faço valer a condição de representante deste povo para dizer ao deputado Marcelo Lelis, que nós, homens públicos, temos que nos pautar pelos princípios da responsabilidade, da respeitabilidade e do conhecimento histórico, quando entram em jogo os interesses econômicos, sociais e políticos de uma comunidade, principalmente quando esta comunidade é a portuense, que livre das amarras da intransigência, abriu os braços de seu território e fez nascer municípios como Silvanópolis, Ponte Alta do Tocantins, Ipueiras, Brejinho de Nazaré, Fátima, e mais recentemente Palmas, a capital de todos os tocantinenses, que vê-se agora no olho do furação, criado por interesses dissimulados, que visam tão somente abocanhar o que há de melhor na crescente economia deste centenário município. Ali, em Luzimangues, o trem da história permitirá a consolidação da riqueza, da excelência. É este futuro que o citado parlamentar quer tirar do povo portuense.

A comunidade de Porto Nacional reagiu e reagiu unida, perguntando por que o deputado Marcelo Lelis, quer anexar, na marra, o Distrito de Luzimangues á Palmas? São várias as respostas, mas todas convergem para conveniência eleitoreira. Ele, que recebeu 681 votos do eleitorado portuense, vira as costas para quem o apoiou e abre discurso enviesado, apontando labirintos improváveis, encobertando assim uma traição redesenhada. Certamente o parlamentar quer desviar o foco ao apresentar este tema aos seus pares, pois nos parece, que enquanto postulante à Prefeitura de Palmas, ainda não apresentou propostas maduras e convincentes que possam sustentar sua campanha frente aos desafios que se avizinham, quando terá, que direta e indiretamente, enfrentar o debate que promoverá visibilidade aos projetos para a saúde, educação, lazer, segurança pública, infraestrutura dentre outros temas que a sociedade palmense quer discutir.

A sua intransigência em focar a anexação do Distrito de Luzimangues a Palmas, exigindo urgência em um requerimento, atropela o bom senso, marginaliza a civilidade, desconhece a existência de interessados na questão. Como parlamentar, filho de Porto Nacional, e conhecedor das necessidades desta comunidade, tenho a mais nítida convicção de que o processo de Emancipação Política de Luzimangues será natural, vai correr pelos trilhos da normalidade, respeitando vontades, direitos e deveres, e coadunando com as normas pré estabelecidas, ainda em poder do Congresso Nacional. Com certeza não ocorrerá pelo atropelo do imediatismo, da busca do voto a qualquer preço, nem tão pouco ao toque da caixa da conveniência politiqueira, que nestes períodos que antecedem processos sucessórios, alguns desavisados, ainda teima em trilhar os caminhos contrários ao do povo, senhor soberano de todos os poderes constituídos.

O deputado Marcelo Lelis afirma que o Distrito de Luzimangues sempre esteve abandonado pelas autoridades constituídas de Porto Nacional. Mais uma inverdade proferida pelo nobre parlamentar. Há ali investimentos do Poder Executivo de Porto Nacional, tanto na infraestrutura como na educação, saúde, limpeza urbana e saneamento básico. Logicamente ainda há muito a ser feito, pois a comunidade portuense, que apoiou o citado parlamentar, dando-lhe 681 votos, esperava dele e de outros agentes públicos, ações concretas para a melhoria substancial da qualidade de vida deste povo, em todo o território do município, inclusive no Distrito de Luzimangues. Se o apressado deputado atuasse verdadeiramente na busca de recursos para os municípios que lhe garantiram milhares de votos, uma outra página da história tocantinense seria escrita, sem atropelos e sem as tortuosas linhas da conveniência momentânea, às vésperas de um processo sucessório.

Finalizando, conclamo a todos os pares desta Casa de Leis, que de forma direta e indiretamente, beberam na fonte eleitoral de Porto Nacional, que se junte àquela comunidade e repudie com veemência esta iniciativa antidemocrática do deputado Marcelo Lelis, fruto da intransigência, do desconhecimento histórico e acima de tudo do desrespeito para com um povo que sempre esteve de braços abertos para receber novas idéias, novas propostas, novos filhos. Esta centenária comunidade é assim, e sempre será assim. Mas de uma coisa fiquem certos, não vamos, de forma nenhuma, permitir que iniciativas como esta atropelem a nossa história, a nossa temperança enquanto comunidade praticante da cidadania e da civilidade. Como bem disse a professora Generosa Pinto, nestes momentos, somos arco e flecha, guerreiros unidos em um só elo de lutas e de esperanças.

Muito Obrigado!!!

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