Um dia para ficar marcado na história do Tocantins

Marcelo Miranda no comando do Palácio Araguaia, e Kátia Abreu no Ministério da Agricultura podem fazer de fato a mudança que o Tocantins tanto necessita e que o povo espera: se houver maturidade

Miranda: cinco anos depois, o retorno
Descrição: Miranda: cinco anos depois, o retorno Crédito: Lourenço Bonifácio

O Tocantins virou a página, nesta quinta-feira, 1o de Janeiro de 2015, de um dos capítulos mais sofridos da sua história. Especialmente para a população que mais precisa dos serviços públicos do Estado. Abandonada, maltratada, mal gerida nos últimos anos.

 

Marcelo Miranda tomou posse pouco depois das nove e meia da manhã, na Assembléia Legislativa, acompanhado pela esposa, Dulce Miranda e pelo casal Marcelo e Cláudia Lélis. Ela, primeira vice-governadora da história do Estado.

 

Emocionado, o Marcelo que se viu na tribuna num discurso rápido, teve dificuldades em falar do período que viveu nos últimos pouco mais de cinco anos, quando naquele setembro de 2009, desceu a rampa do Palácio Araguaia, cercado por uma multidão que foi se despedir do casal mais bem quisto da política do Estado.

 

Ao revê-lo hoje na mesma rampa, entrando cercado de amigos, correligionários e populares o mesmo Palácio Araguaia de onde uma decisão judicial o tirou antes do término do segundo mandato tive noção do tamanho de sua importância histórica. Embora todas as contestações e processos na justiça – muitos com o mesmo objeto – o povo absolveu no voto, Marcelo Miranda, da sentença que lhe foi imposta pelo STF. E devolveu-lhe o mandato e a oportunidade de retomar o crescimento do Estado.

 

Não será tarefa fácil. O Tocantins mudou. Cresceu. Agigantou-se nas necessidades e nos problemas. Aumentou sua dívida. A folha triplicou, movida pelas progressões que se tornarão impagáveis muito em breve e que necessitarão ser rediscutidas com sindicatos. Uma árdua luta pela frente.

 

Muito do efeito cascata que o governador encontrará, foi criado pelo estudo da Fundação Getúlio Vargas que incorporou ao Plano de Cargos e Salários do servidor público ascensões a cada 3 anos. O cenário que encontra hoje exigirá de Marcelo Miranda habilidade para negociar.

 

Por outro lado, tudo que foi concedido no apagar das luzes em atos que beiram o cinismo tamanha a irresponsabilidade do ex-governador que desceu a rampa sem pagar o salario de dezembro do funcionalismo, pode e deve ser revisto. Sob pena da ingovernabilidade.

 

Consciente de suas limitações – como admitiu em discurso hoje mais cedo -  Miranda já pediu ajuda aos parlamentares eleitos com ele no 2014 que findou. Precisará e muito, de toda ajuda que possa conseguir na esfera federal. Sob pena de assim como Siqueira Campos nos últimos anos, ficar limitado ao papel de gestor da folha de pagamento.

 

O secretariado que sobe a rampa com Marcelo tem poucos nomes novos em posições estratégicas. Muitos ex-auxiliares estão de volta. É uma velha equipe para novos desafios. O tempo dirá se está adequada ou não ao que o Tocantins precisa.

 

O Marcelo que vi descer aclamado pelo povo em setembro de 2009, no entanto, não é o mesmo que sobe rampa neste janeiro de 2015, embora conserve muito da personalidade e do modo de fazer política, inalterado.

 

De cabelos grisalhos e marcado pelo sofrimento da planície, tende a ser um gestor mais duro, ao mesmo tempo em que demonstra querer chamar para si a responsabilidade e tentar evitar interferências de terceiros em seu governo. Autonomia administrativa no entanto não significa dispensar a experiência e sabedoria dos mais velhos, como o Velho Brito, a quem homenageou mais cedo em seu discurso na praça. Se souber ouvir seu conselho político, reservando para si a última palavra, livre de pressões, Marcelo será o governador que o Tocantins espera.

 

Kátia e a ajuda que pode vir de Brasília

 

No mesmo dia em que Miranda retoma o mandato pela força do voto, o Tocantins ganha projeção nacional com a posse da senadora Kátia Abreu no Ministério da Agricultura em Brasília.

 

Escolha pessoal da presidente Dilma Roussef, Kátia Abreu é mais uma vez protagonista da história política do Estado e escreve seu nome na história do Brasil de maneira ímpar e particular.

 

Pode vir dela o respaldo de que o Tocantins precisa na articulação nacional. Proporcional ao tamanho do Estado e seu eleitorado, a bancada federal em Brasília tem seu poder de fogo reduzido quando se trata de alavancar recursos além da esfera das emendas parlamentares. Estas objeto de muita mendicância para serem liberadas nos ministérios.

 

O Tocantins precisa e muito, de uma gestão severa aqui e de muita articulação lá, para virar a página dos últimos dois anos vividos no Estado.

 

Ainda que possam ter suas divergências – trazidas a público de forma bastante distorcida no último dia do ano – Marcelo aqui e Kátia lá têm responsabilidades enormes assumidas com o povo tocantinense. Intransferíveis.

 

Sofrido e necessitado de deixar de figurar nas piores estatísticas, da falta da educação de qualidade à violência que mata nossos jovens nas ruas o povo anseia para que a mudança aconteça. Na Saúde, na Educação, na qualificação e na geração de empregos. Na Segurança, de forma urgente.

 

Este dia 1o de Janeiro, histórico pelas duas posses e pelo momento político de resgate da esperança em dias melhores no Tocantins, pode representar ou não a mudança de fato. Vai depender da maturidade da nossa classe política e em especial da capacidade dos dois maiores líderes que as urnas elegeram no ano que terminou em encontrar o caminho.

 

Que Deus ilumine suas cabeças e corações. O Tocantins precisa. O nosso povo merece.

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