Um Réquiem para Poliana

Iku, a morte, passou ao meu lado esta madrugada. E levou o sorriso, a alegria e a energia contagiante de quem era toda tomada pela vida, embora...

 

Poliana Reis, 36 anos, perdeu a vida num acidente de carro esta madrugada. Nenhum obituário, nenhum registro jornalístico vai ser capaz de capturar a dor, a surpresa e a sensação de inconformismo dos que a amavam.

 

Sozinha no Corolla que dirigia, voltava para casa depois de comemorar com os amigos a nomeação, publicada ontem, que formalizava a vaga conquistada na assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça alguns dias atrás.

 

No meio do caminho havia uma árvore e aos pés dela ficaram os estilhaços de vidro quebrado.

 

Cercada pela alegria das irmãs, Kézia, Andréia e pelas amigas Vanusa, Elisângela, Glês e de outros, como o deputado Raimundo Palito, que passou por lá, Poliana viveu suas últimas horas em intensa alegria. Trocou mensagens com os amigos até alta madrugada, agradeceu a força de quem a ajudou nos últimos dias e voltava para casa perto das duas da manhã.

 

Uma volta interrompida aqui, para se tornar uma volta para a grande casa. No retorno entre o Posto RTW e a rotatória do HGP, uma árvore interrompeu o caminho. Ninguém sabe ainda direito porque. Um pneu estourado? A perda momentânea do controle do carro? A falta do cinto de segurança? O golpe forte do air bag que abriu? Perguntas ao vento. Nenhuma trará de volta o sorriso e a alegria de Poly Reis.

 

Como sua família e amigos, outras famílias e amigos perderam seus entes queridos nos recentes acidentes de automóvel que marcaram a véspera do período carnavalesco e a entrada nesta quaresma, um período sempre difícil e que inspira recolhimento.

 

Fatos como o desta madrugada chocam por que soam como uma pancada, a nos lembrar o quanto a vida é frágil. É preciso vive-la intensamente e sem hipocrisia. É preciso viver com coragem e com alegria. Duas características de Poliana que ficarão na lembrança dos amigos que iniciaram na rede mais cedo a corrente no Twitter com a tag #Polyvaideixarsaudades...

 

Sim, vai deixar.

 

Para ela e para os outros que partiram abruptamente numa curva da estrada, fica este Réquiem.

 

A cidade amanheceu chuvosa. O tempo, até parece que de propósito, nublou. Iku, a morte, passou ao meu lado esta noite e levou um pouco da alegria que brilhava ao nosso redor.

 

Vou me lembrar dela sempre com um sorriso no rosto, como o que ela desfilava na praça Maracaípe, acompanhada das irmãs e da pequena sobrinha, no final de semana de carnaval.

 

Que Deus receba e guarde Poliana! A lembrança da alegria ficará.

 

 

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