Uma agenda difícil de requentar

Amigos, há dias tento ser mais otimista e menos ácida nas críticas ao que se vê neste apagar das luzes do governo Siqueirista que nós, maioria dos tocantinenses elegemos em 2010. Mas não está fácil.

CPI do Igeprev agoniza na Assembléia
Descrição: CPI do Igeprev agoniza na Assembléia Crédito: T1 Notícias

O novo governador, Sandoval Cardoso, mostra que tenta, pelo menos dar o tal jeito novo de caminhar ao governo. Mas não é o suficiente.

 

Sua maioria, exibida na eleição indireta na Assembléia Legislativa, caminha para consolidar maioria no governo. E está aí a CPI do Igeprev, às vésperas de morrer na praia com a ameaça de retirada de mais um nome da lista de assinaturas que a fizeram nascer. Vamos esperar para ver.

 

O que já se desenha no entanto, é uma tática do governo, e aí não é de um, mas do grupo governista, de tingir com cores novas um governo em branco e preto.

 

Transformar PAM e Pró-Municípios  - a lama asfáltica que vai durar quatro anos e será paga em 10, como citou Paulo Mourão em entrevista ao T1 – em bandeira de campanha é subestimar a inteligência do eleitor tocantinense. Ou não?

 

O fato é que o governo está fazendo um super-hiper-esforço para colorir esta gestão final – em que mudou o governador para dar ares de modernidade ao governo  - aquecendo sua agenda.

 

Como explicar um release (e seu esforço de divulgação em todos os veículos) vendendo como benevolência governista, o pagamento da progressão -  que não foi paga ano passado -  somada à progressão DEVIDA deste ano? Tentativa de aquecimento da agenda. A qual o Sisepe reagiu, explicando que não é favor, é pagamento da dívida...

 

Ou a visita ao Hospital Dona Regina ontem, como um gesto de “tomar conta” do problema, sabidamente conhecido e que tem sido objeto de promessas desde o primeiro ano do governo Siqueira?

 

É fato que falta remédios nos hospitais. É fato que falta vagas nas UTI`s, todas não só a neo natal. É fato que o governo pouco fez de concreto para mudar esta realidade.

 

Vai terminar o governo por onde deveria ter começado: iniciando as obras de hospitais cujos recursos foram garantidos lá atrás (Palmas, Gurupi, Araguaína, Porto Nacional).

 

Não tenho dúvidas da boa vontade de Sandoval. Mas é um atentado à inteligência das pessoas querer vender as ações midiáticas como solução para os problemas.

 

Um governo que empenha em restos a pagar despesas com pessoal, e que desde o primeiro ano critica as leis que concederam benefícios aos servidores – pelos efeitos de comprometimento que gerou na folha – acaba de aprovar mecanismos que vão dobrar salários em três anos na Polícia, só para ficar num exemplo.

 

Não que os policiais não mereçam. Longe disto. Merecem mais do que muitos que ganham mais para dirigir do que os que estão na linha de tiro.

 

O problema é a conta que não fecha.

 

Como não fecha a conta do déficit atuarial do Igeprev em R$ 13 bilhões. Um rombo que é o resultado de anos de má gestão da previdência estadual, somado a ação fraudulenta da quadrilha que agiu no Tocantins como um braço do doleiro Fayed.

 

Não dá para esquecer tudo isso, varrendo para debaixo do tapete todos estes fatos num ano que mistura o ufanismo da Copa com a euforia dinheirística eleitoral.

 

Menos, não é?

 

O jeito de caminhar pode ser novo, mas a agenda é velha. Está eivada de erros. E não adianta tentar retocar. 

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