O governo do Estado deve entrar no sexto mês da gestão do governador Marcelo Miranda, com a mesma pauta que o aflige desde os primeiros dias de janeiro: fechar a conta do que deve ao servidor público. Só que agora complicada pelo impasse nas negociações com os sindicatos.
Presidentes do Sisepe, Sintet, Sintras e diversos outros sindicatos saíram da reunião com a Secad mais do que indignados. Embora a palavra já esteja desgastada nos debates que servidores travam por aí nas redes sociais…
Admitindo pagar as progressões - que afetam um universo menor de servidores - o governo colocou os dois temas num pacote só: progressões e data-base. As primeiras não afetam todas as categorias, a segunda atinge todos os servidores.
Ao propor pagar 1% este ano e parcelar o restante em duas vezes para 2016, sendo 3,34% a primeira e 4% a última, para maio, quando já estará vencendo a próxima data-base, o governo na verdade está admitindo que não tem caixa para pagar o direito que é devido ao servidor.
A consequência tem sido praça cheia de faixas ao redor das secretarias e uma insatisfação geral pelos corredores.
Na verdade, para a imprensa, já por diversas vezes, os interlocutores do governo conseguiram deixar claro que a conta não fecha. Que não é possível aumentar o custo com pessoal, já no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas por algum motivo não consegue demonstrar isto claramente para servidores e por consequência, para a população.
Neste aspecto, algo está errado. Falta clareza ao apresentar a dura realidade que o Tocantins está vivendo: caixa baixo, conta alta.
Abre parêntese.
Recebi outro dia um servidor público que trabalha na região de fronteira do Estado e vive as duas realidades: a do Tocantins e a do irmão rico, Goiás. Ele contava da dificuldade que já vive o governo goiano com servidores.
Aposentados receberam salário em duas vezes mês passado e o enxugamento da máquina este ano, na nova gestão de Marconi Perillo começou pelo número de secretarias: 14 apenas.
Este servidor se mostrava preocupado com o futuro do seu próprio emprego. Bem informado, ele questionava até onde a máquina pública conseguirá bancar aumentos, promoções, progressões, no patamar em que estão.
É preocupante sim. Por que a conta só aumenta e não há milagre de arrecadação a curto prazo para fazer frente a elas.
Fecha parêntese.
O que vai acabar acontecendo no Tocantins, mais cedo ou mais tarde, é que o governo terá que enfrentar a dolorosa missão de cortar na carne. Implementar medidas que estimulem aposentadoria, terceirizar o que é possível para desonerar a folha e fazer todos os cortes necessários para ajustar a máquina ao mínimo.
Sem isto, não conseguirá garantir o que é direito legal dos servidores.
A missão é dura, mas o desgaste de uma agenda que não sai de uma nota só, é pior.
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