Uma mulher no governo e a mal explicada nomeação do padre

A presidente do Tribunal de Justiça, Jacqueline Adorno assume hoje no final da tarde o governo do Estado.

 

Foi preciso que dois na ordem sucessória oportunamente declinassem para que a desembargadora fosse içada ao cargo. Uma evidente decisão do governador Siqueira Campos em prestigiar a amiga e companheira de longas datas.

 

Ter no currículo o título de governador ou governadora de um Estado, ainda que seja por 20 dias, em período de orçamento fechado, e sem grandes decisões a tomar, não é para qualquer um.

 

Para que o Tocantins seja de fato e de direito governado por uma mulher, ainda teremos que ver uma delas enfrentar as urnas. Mas vale o simbolismo do gesto, como bem registrou a deputada Solange Duailibe em seu Twitter esta semana, após questionar o “declínio” do vice, João Oliveira e do presidente da Assembléia Legislativa, Raimundo Moreira, a assumirem o posto.

 

Enquanto a presidente do TJ despachar do Palácio Araguaia, Luiz Gadotti comandará o Palácio da Justiça.

 

Pano rápido.

 

Jacqueline Adorno assume no período de 20 dias de férias do governador, mas dificilmente exonerará o padre Fábio Gleiser. Este, içado às manchetes pelo que tem de esdrúxula sua nomeação no Diário Oficial do dia 26 de dezembro, retroativa ao dia 1o de abril de 2011.

 

Questionada, a Secom confirmou que não foi um erro. Nem era piada de 1o de Abril.

 

O padre estaria sendo nomeado na Setas, para cumprir expediente numa associação sem fins lucrativos, dando aulas de francês, violão e canto.

 

Um padre remunerado para dar aulas a pessoas carentes, por conta do erário público, numa nomeação retroativa, nada transparente. E com 20 salários a receber, provavelmente,  conforme uma fonte palaciana, em 24 parcelas à frente.

 

Uma história que não fecha. Afinal, se tinha direito a salário, e isto estava acordado num convênio do Estado com a Cúria Diocesana de Palmas (que ainda não apareceu), por que o padre nunca o reclamou?

 

São estas e outras que fazem o nosso Tocantins deste começo de janeiro. Uma época em que, quem pode, vai veranear. E quem não pode, trabalha diuturnamente para garantir seu sustento. Sem direito à salários e nomeações retroativas.

 

Morro algum dia (queira Deus, não tão cedo), mas com certeza não verei tudo neste acalorado Tocantins.

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