Hoje, uma semana depois, vencedores e vencidos estão por aí, cada um onde pode, descansando, recompondo forças, saboreando o doce sabor da vitória, ou remoendo as razões e os por quês da derrota.
Já se pode ver – com também aconteceu nas últimas semanas da campanha – muita gente mudando de posição, tentando desdizer o que disse: apagando posts no Facebook e no Twitter. Literalmente, tentando mudar de lado. Depois da partida jogada e do resultado anunciado.
Isso é para os fracos.
Admiro – não os que se encastelam em posições imutáveis – mas os que sabem manter a coluna ereta depois de um embate. Seja eleitoral ou não.
É preciso compreender os motivos que nos levam a estar deste ou daquele lado, nesta ou em outra posição, a favor ou contra.
E é por isto que é bom acreditar em pessoas pelo que elas defendem, pelo que elas são, e pelo que no âmago continuarão a ser, mesmo passando por transformações que as melhorem.
Digo isto por que acho lastimável o show de hipocrisia dos que se travestem “ao gosto do freguês” na tentativa de agradar, ou de não ser “prejudicado” pela preferência do vencedor, pelos que o apoiaram.
O que vale, depois de qualquer disputa, é a avaliação dos erros e acertos. Nem sempre do ponto de vista do outro, mas preferencialmente na análise crítica que cada um faz de si mesmo, conhecendo seu ponto de partida e onde quer chegar.
Uma semana depois, fazemos nós também, profissionalmente, o balanço desta cobertura eleitoral. Onde poderíamos ter atuado melhor, onde acertamos e precisamos manter. E um assunto que tem despertado muitas controvérsias é a publicação de pesquisas eleitorais.
Pesquisas: erro e acertos
No nosso caso, Portal e Jornal T1 Notícias, foram duas opções adotadas. A primeira, de não publicar toda e qualquer pesquisa. Outros fizeram esta escolha, mas pararam por aí. Nós fizemos mais uma escolha: a de fazer, por nossa conta e risco as nossas próprias pesquisas através do instituto que abraçamos para acompanhar de perto: O Ipeto. O nome disso é coragem. Coisa que quem quer ser lider tem que ter: coragem para correr riscos, para perder e ganhar, para acertar e errar. E para corrigir seus erros.
Finalizado o processo, fizemos um balanço. No Instituto, que já se chama IpeT1, o nível de acertos foi muito alto. De 17 resultados, incluídos aí os empates técnicos, acertamos em cheio ou indicamos o vencedor empatado, em 16 casos.
Erramos em Gurupi. Há uma semana procuro as respostas para este erro. Não para justificá-lo, pois não há justificativa suficiente para mudar o fato: a pesquisa errou. Mas para compreendê-lo, evitando assim, que o fato se repita.
O diretor do Ipet1, Thiago Dourado, administrador de empresas, com MBA, e experiência já razoável na área, faz sua análise no espaço de debates do Portal neste domingo sobre a coragem, o atrevimento que é buscar ferramentas para prever o futuro. No caso da pesquisa, usando a matemática, a estatística, o campo das probabilidades.
De minha parte, faço outra análise sobre Gurupi, com relação à última pesquisa que fizemos lá. Do ponto de vista jornalístico percebo que Laurez Moreira representou o grupo que estava fora do poder há décadas no município. Em que pesem as críticas sobre sua atuação parlamentar específica para Gurupi, conseguiu vender a expectativa de resgate da cidade melhor do que seu adversário, pouco conhecido, Mauro Carlesse.
Este último, embora representasse algo completamente diferente, sob o ponto de vista individual, carregou o apoio do "velho", representado por Alexandre Abdalla e seu grupo. Um prefeito com baixo índice de aprovação.
Na reta final, a campanha de Carlesse cresceu inegavelmente. Contou para isso com o apoio dos senadores Kátia Abreu e João Ribeiro, cujo PR indicou a vice, Dona Goiaciara, muito querida na cidade.
Nada disto funcionou. O resultado na minha opinião, além do desenrolar da campanha, teve forte influência da ausência de Carlesse no debate da OJC. Gurupi é uma cidade universitária. Tem um público bastante crítico. Às vezes tão excessivamente crítico que chega a ser ofensivo, como os últimos posts do grupo Eleições/Gurupi no Facebook demonstram.
Esta resposta é para os que acreditaram no nosso trabalho e esperam por ela. Voltando à pesquisa, revimos cada questionário. Não houve erro de tabulação. Nem inversão de resultados. Não houve direcionamento de bairros. Houve um retrato, de um momento naquelas terça e quarta-feiras que antecederam a eleição. Um retrato distorcido? Com certeza. E a resposta para isto, no meu entendimento, só pode estar no plano amostral. Ele foi traçado com as informações que o instituto dispunha, mas que não foram suficientes para um trabalho acertado.
Foi só isso? É evidente que não. O Serpes também errou. Não no resultado, mas na diferença. E um dos fatores que ajudam a compreender isto é que as pessoas mudam de opinião. Em Gurupi os indecisos (mais de 9% na última semana) se decidiram em favor de Laurez Moreira. Provavelmente, outros, que eram Carlesse, também foram influenciados pela ausência dele no debate.
O resto é história e bastidores que desconhecemos.
De nossa parte, assumimos o erro, passamos a limpo a nossa parte nesta história e seguimos em frente. Como tem que ser. Só não erra quem não faz. No nosso caso, os acertos falam mais alto que o erro. E nos credenciam a permanecer buscando decifrar o que vai na mente e no coração das pessoas.
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