Uma sombra sobre a praça: assaltantes e estupradores já não temem a luz do dia

Estupro e violência sexual começam a fazer parte do dia a dia no noticiário em Palmas. Máquina de segurança precisa ser mais ágil para que bandidos não tomem gosto pelo crime, por falta de reação...

Palmas é assolada por violência contra a mulher
Descrição: Palmas é assolada por violência contra a mulher Crédito: Foto: Da Web

Desde ontem à noite a Polícia Militar, juntamente com a Civil procuram dois homens -  um deles excessivamente tatuado - por roubo de automóvel e estupro, cometido contra uma mulher que saia do trabalho às 13 horas e foi rendida no estacionamento de uma das secretarias do Estado. À luz do dia. Rendida sob a mira de uma arma, levada com eles para local ermo e brutalmente violentada.

 

Não cabe poesia em tanta tragédia. Abandonada por eles, foi socorrida. Muito machucada registrou ocorrência dentro do hospital onde foi atendida. Casada, filha única, uma mulher normal, de família. Longe demais de qualquer estereótipo que possa ser usado contra ela. Qual foi seu crime? Nenhum. Que culpa tem ela? Nasceu mulher.

 

Por estranho que pareça, está bastando apenas este pré-requisito para ser alvo de uma violência doentia. Em Palmas ou no Rio de Janeiro. Nas Arnos, no Taquari, ou no cruzamento mais rico da avenida JK. Basta ser mulher para ser abusada.

 

Não interessa se elas têm 12, ou 32. Pelo menos três mulheres foram alvo de violência sexual -  estupro - nos últimos dez dias em Palmas. Estas que a gente sabe, tem notícia. Uma menina, que matou aula para ir nadar na Lagoa do Taquari com duas colegas. Como enfrentou a pé os quilômetros que separam sua escola da tal lagoa? Difícil. Provavelmente foi levada, de carro. Um desses que estacionam nas esquinas de escolas públicas de Palmas, escondendo homens mais velhos que gostam de meninas novas. E as seduzem com presentes e promessas. E usam e abusam de seus corpos. Esta menina morreu por decorrência de um afogamento. A família está destruída, o pai mal consegue articular pensamento e fala. No IML descobriram: hímen rompido, marcas pelo corpo. Foi abusada e deixada para afogar-se? O que de fato aconteceu? Perguntas que - espera-se -  a polícia encontre as respostas.

 

Semana passada nas Arnos, outro caso, que foi denunciado pela ativista do movimento feminista em Palmas, Bernadete Aparecida Ferreira, da Casa 8 de março em sua página do Facebook. Apelidado de “Caso Aninha”. Uma menina pobre, 17 anos, grávida de 5 meses, foi estuprada e morta. Com requintes de violência…

 

E agora a servidora pública, alvo de bandidos que desafiaram a luz do dia em um dos pontos que é referência turística, institucional da Capital. Em pleno coração da cidade, Praça dos Girassóis, cravaram uma marca impossível de ser apagada na vida de uma família. Feriram não uma mulher, mas a confiança das mulheres em caminhar livremente nessa Palmas quente, onde a praça é um local de prática de esporte e convivência.

 

E aí, até quando?

 

Para onde vamos? Estupro é um crime de natureza mais complexa. Envolve poder, domínio sobre o outro... a necessidade de subjulgar e tirar a força o que deveria ser entregue apenas por amor. Um crime de gênero. Questão proibida de ser discutida em escolas como a que a adolescente que morreu semana passada estudava. 

 

A brutalidade do caso, o local onde ocorreu, as circunstâncias -  momento em que o Brasil inteiro se volta contra o caso de estupro coletivo no Rio de Janeiro  e o Senado se mobiliza em torno do crime - fizeram com que a vice-governadora, Cláudia Lélis, que estava no Palácio e recebeu a notícia da ocorrência logo em seguida ao fato se manifestasse nas redes sociais.

 

No Twitter e no Facebook, Cláudia expôs sua opinião, para receber em seguida além do apoio pela indignação e cobrança de reação imediata da cúpula de segurança, as críticas pelo fato de o Estado estar passando por uma onda crescente de violência.

 

São necessárias providências urgentes.

 

Dia destes o prefeito Carlos Amastha cobrou do Estado a segurança que população quer, merece e precisa ter.

 

É um assunto que não pode nem deve ser partidarizado. Segurança é sim obrigação do Estado, mas todos nós precisamos fazer a nossa parte.

 

Segurança envolve ações preventivas, programas sociais. Envolve iluminação pública, áreas públicas desmatadas.

 

Envolve efetivo, chamada de concursados, treinamento e equipamento.

 

No momento, em que nada disso está disponível em maiores quantidades, envolve inteligência, reação.

 

Bandidos cada vez mais ousados precisam ser intimidados. Esta é a verdade.

 

E o que intimida bandido é a força da lei.

 

Está na hora do governo reposicionar-se. Assumir sua responsabilidade.

 

Este papel é do Chefe do Executivo. É do secretário de Segurança Pública. É do comandante da PM.

 

Mulheres estupradas e outras mortas à luz do dia, depois de serem violentadas.

 

Basta!!!

 

Não dá para conviver com isso.

 

Ou o governo e sua máquina reagem, ou todos vamos pagar um alto preço por isso.

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